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Reinaldo Azevedo

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Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura

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Temos um governo que é delinqüente também intelectualmente. O “relaxa e goza” de ontem da ministra turista e turística Marta Suplicy não foi só um escorregão, não. A fala é a manifestação de um mal bem mais profundo. Na sua aparente frivolidade, há muito de pura perversidade. É até penoso lembrar que o “relaxa e […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 22h23 - Publicado em 14 jun 2007, 07h07
Temos um governo que é delinqüente também intelectualmente. O “relaxa e goza” de ontem da ministra turista e turística Marta Suplicy não foi só um escorregão, não. A fala é a manifestação de um mal bem mais profundo. Na sua aparente frivolidade, há muito de pura perversidade. É até penoso lembrar que o “relaxa e goza” da ministra são duas orações principais que têm uma subordinada condicional. O período composto inteiro é assim: “Se o estupro é inevitável, relaxa e goza”. O alcance denotativo do que diz esta senhora é o seguinte: “O caos nos aeroportos é inevitável, então tratem de se conformar”.

Já a lição de política que ela transmite é terrificante: o estupro, em sentido amplo, representado pelo petismo, não pode ser evitado. A psicóloga não se dá conta do peso simbólico de sua fala: ela nos ameaça com a tirania; ela está dizendo aos brasileiros que não adianta lutar, que não adianta espernear. A cada um de nós resta a passividade diante do agressor. Temos de nos entregar aos nossos algozes. Depois, ela divulgou uma nota que acrescenta uma estupidez nova à fala. Diz-se também ela vítima dos problemas aéreos, como se, integrante do governo, não pertencesse à equipe que tem de apresentar soluções. Cínica quando fala o que lhe dá na cabeça; cínica ainda quando tem tempo de refletir.

Marta não é uma exceção no governo Lula. Ela é a regra. Seu chefe participou do lançamento do Plano Nacional de Turismo. E vandalizou, como de hábito: “O que a gente vê de bonito na imprensa brasileira? Quais são as mensagens que nos provocam a viajar no final de semana? Não tem. Se fala de Pernambuco, é morte; se fala do Ceará, é morte, se fala da Bahia, é morte. Aí a pessoa diz: ‘Espera aí, não vou sair daqui não, vou ficar dentro de casa’. E ainda olha, vê se não tem uma fresta, para não vir bala perdida’”. Não há interpretação alternativa para o que ele diz: a violência é uma invenção da imprensa. Sim, senhores: Lula está nos dizendo que os crimes e as balas perdidas são inevitáveis. E manda um recado ao cidadão: “Relaxa e goza”.

Dirigindo-se aos governadores, afirmou: “Não basta ficar falando bem do Acre dentro do Acre, os acreanos já sabem. Agora, se fizer isso, vão dizer: ‘Está gastando dinheiro’. Já vai o Ministério Público abrir um processo, já vai um deputado de oposição criticar, já vai fazer um monte de coisa. Porque, neste país, ainda há um tipo de gente que precisa ter muita desgraça para ele poder existir”. O presidente da República acaba de enxovalhar pilares dos regime democrático. Ministério Público, oposição e imprensa, como a gente vê, enchem a sua paciência, não o deixam governar em paz. Lula não quer dar bola para essa gente. O negócio dele é relaxar e gozar.

Deu ainda exemplos do que seria uma relação conjugal de um casal que não viaja: o homem de “cuecão”; a mulher fazendo limpeza no pé do marido, e este dando “um coice” na patroa. A platéia riu. Lula é o bobo da corte do próprio governo. Sua vida doméstica deve ser um lixo. Eu especulo sobre a dele porque ele especula sobre a nossa.

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Dirceu
Voltarei ainda hoje a este assunto. Mas dou uma palhinha. José Dirceu falou ontem num congresso de metalúrgicos da CUT. Ele também não gosta da imprensa. Como Lula. Segundo disse, “nunca foi tão possível como agora” democratizar os meios de comunicação, usando a “regulação e a concorrência do setor”. Este democrata vê uma “profunda divisão dos formuladores de comunicação no Brasil”. E convida: “Há uma possibilidade real de aproveitarmos esse momento”. A “divisão” a que ele se refere deve ser o jornalismo áulico, que vive às custas da papa fina das estatais.

O governo a que pertence o Lula que não quer violência no jornalismo e o Zé que pretende usar as leis de regulação — como Chávez, na Venezuela, mas com mais suavidade — é o mesmo que pretende criar a TV oficial e reintroduzir a censura prévia no país, com a concordância cúmplice de alguns idiotas da própria mídia. “Aproveitar”, como diz o Zé, as divergências do campo democrático para impor a sua agenda é uma prática clássica da esquerda — mesmo sendo o esquerdismo petista.

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