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Reinaldo Azevedo

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NÃO É POPULAR ESCREVER ISSO? NÃO TEM PROBLEMA. POPULAR É LULA!

Sei que é malhar em ferro frio. Mas e daí? Eu já fazia isso lá atrás, quando alertava, praticamente sozinho, para a politização e partidarização da PF, que geraram tipos como o tal Protógenes, hoje um militante do PC do B… A que me refiro? Ao vazamento de dados da tal Operação Castelo de Areia. […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 16h15 - Publicado em 10 dez 2009, 05h35

Sei que é malhar em ferro frio. Mas e daí? Eu já fazia isso lá atrás, quando alertava, praticamente sozinho, para a politização e partidarização da PF, que geraram tipos como o tal Protógenes, hoje um militante do PC do B… A que me refiro? Ao vazamento de dados da tal Operação Castelo de Areia.

Advogados criminalistas lastimam da Folha de hoje o procedimento:
“Segundo Roberto Soares Garcia, vice-presidente do Instituto de Defesa do Direito de Defesa, os vazamentos são ‘gravíssimos’ e ocorrem muitas vezes antes de a defesa ter acesso aos autos do processo. ‘Interessante que não haja busca de responsáveis’, diz ele. O criminalista Eduardo Muylaert afirma que vazamentos são crimes tão graves quanto corrupção. ‘Ainda há a cultura do vazamento impune no Brasil.’”

Já escrevi, reitero: a imprensa não tem nada com isso. A obrigação do sigilo não é do jornalista. Alguns tontos vão dizer que estou colaborando com a impunidade. Uma ova! É inaceitável a divulgação de nomes em fase inicial de investigação, sem conclusão ou indiciamento de ninguém. E se não se conseguir nada contra as pessoas citadas? Isso nada tem a ver com impunidade. Isso tem a ver com Estado de Direito numa democracia; tem a ver com civilização.

No Estadão, leio:
“O procurador-geral de Justiça de São Paulo, Fernando Grella Vieira, instaurou ontem inquérito civil e investigação criminal para apurar suspeita levantada pelo Ministério Público Federal sobre conduta de “suposto membro do Ministério Público Estadual” na apuração relativa ao desabamento da obra da estação Pinheiros do metrô (linha 4 Amarela). Grella tomou a medida a partir de reportagens publicadas com base em dados divulgados pela Procuradoria da República em São Paulo.
(…)
Em nota distribuída por sua assessoria, o chefe do Ministério Público Estadual assinala que abriu inquérito civil e procedimento de investigação criminal “em razão das notícias veiculadas pela imprensa, nos últimos dias, dando conta de que em desdobramento da Castelo de Areia, deflagrada pela Polícia Federal, o Ministério Público Federal teria encaminhado documentos que indicam eventual conduta ilícita relacionada com a investigação do desabamento da obra da linha 4 do metrô e atribuída a suposto membro desta instituição”.
No ofício ao procurador-geral da República, Fernando Grella solicita “a adoção das providências necessárias junto ao órgão competente do Ministério Público Federal em São Paulo para viabilizar a imediata remessa dos documentos referidos nas reportagens para subsidiar os trabalhos de investigação que o caso requer”.
Segundo Grella, “apenas com base nas informações divulgadas pela imprensa” instaurou procedimentos investigatórios nas esferas penal e cível por improbidade administrativa.

Voltei
Vocês entenderam direito. O procurador-geral de Justiça instaurou “procedimentos investigatórios nas esferas penal e cível por improbidade administrativa” apenas “com base nas informações divulgadas pela imprensa”. Para apurar algo que diz respeito ao órgão que comanda, ele solicita os documentos ao Ministério Público Federal — documentos que chegaram antes à… imprensa!

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Ai de quem imaginar que assim se faz uma boa coisa! Transgredir as leis para fazer justiça só produz mais injustiça. Polícia Federal e Ministério Público estão se comportando como Judiciário. Pouco me importa se é popular ou não escrever essas coisas. Afinal, este é o país em que Lula, ninguém menos, propõe transformar a corrupção em crime hediondo. Lula é aquele senhor que nega que o mensalão do PT tenha existido. Hedionda, pelo visto, é a corrupção alheia.

Não dá! Fora da democracia e do estado de direito, o que se tem é barbárie.

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