MINHA COLUNA NA FOLHA – O Gato Quântico de Gaspari
Nesta semana, três doutores, cada um em seu ofício, convocaram em mim o apreciador da matemática e da física, as disciplinas das quais fui monitor no ensino médio, que se chamava "colégio"
Leiam trecho:
Aos 54 anos, cheguei à idade em que cobro dos interlocutores a objetividade necessária. Com mais tempo pela frente, talvez eu condescendesse com imprecisões. Mas tenho pressa, não minto. E deixo claro: recomendo aos jovens que não tolerem feitiçarias intelectuais. É perda de tempo.
Nesta semana, três doutores, cada um em seu ofício, convocaram em mim o apreciador da matemática e da física, as disciplinas das quais fui monitor no ensino médio, que se chamava “colégio”. Sempre que alguém começa a passear pela metafísica, eu protejo a minha carteira existencial.
Elio Gaspari, uma espécie de decano moral do jornalismo –de tal sorte o é que eu, elogiosamente, o apelidei cá comigo de “aiatoélio”–, escreveu uma coluna (https://goo.gl/x2Iafj) nesta Folha intitulada “Há golpe”. No muito antigamente, uma das disciplinas próximas da matemática era a gramática. Reaproximo-as.
Um tantinho de filosofia da linguagem a partir da análise sintática.
Gaspari não escreveu “impeachment é golpe”, circunstância em que haveria um sujeito (“impeachment”), um verbo de ligação ou cópula, como era chamado (“é”), e um predicativo do sujeito (“golpe”), com um substantivo fazendo as vezes de adjetivo (“derivação imprópria”). Se alguém diz que “impeachment é golpe”, elimina circunstâncias e história e se fixa numa imanência. Nesse caso, o impeachment carrega a sua qualidade ou estado.
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