Digital Completo: Assine a partir de R$ 9,90
Imagem Blog

Reinaldo Azevedo

Por Blog Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura

Mercosul: Monga, a mulher-gorila, o homem-borracha e o equilibrista da perna de pau

Demorei um pouco para voltar. Mas vejam ali abaixo até que hora trabalhei. Deixem o homem descansar, hehe. A verdade é que tive um almoço de trabalho que se alongou um pouco. E parte da demora se deve ao Blogger. Mas estou de volta. Viram o circo de horrores do Mercosul? Como é que uma […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 22h47 - Publicado em 19 jan 2007, 18h13
Demorei um pouco para voltar. Mas vejam ali abaixo até que hora trabalhei. Deixem o homem descansar, hehe. A verdade é que tive um almoço de trabalho que se alongou um pouco. E parte da demora se deve ao Blogger. Mas estou de volta. Viram o circo de horrores do Mercosul? Como é que uma tolice, que nunca chegou a existir de fato, toma tanto espaço no noticiário? O bloco só está servindo de palco para o desfile de exotismos políticos, e, é claro, nesse contexto, Hugo Chávez monopoliza as atenções. À diferença de Lula, ele não faz nenhuma questão de se equilibrar entre o discurso apocalíptico e o integrado. Já vai direito aos finalmentes. Como ele mesmo disse, ou é socialismo ou é morte. Sempre que os países estiveram diante desse dilema, a morte ganhou de goleada.
Os presidentes, incluindo o anfitrião, Lula, falaram por mais ou menos 10 minutos na reunião de chefes de Estado. Chávez alugou os presentes por nada menos de 30. Quer uma alternativa ao capitalismo americano (fácil, como se sabe…); acusou as empresas transnacionais de impedirem a unidade latino-americana; disse que FMI e Banco Mundial são instrumentos do imperialismo; citou Samuel Pinheiro Guimarães, secretário-geral do Itamaraty, como referência de seu pensamento; defendeu uma televisão regional; atacou os que apontam cerceamento à liberdade de expressão no seu país… Ufa! Chávez disse, ATENÇÃO!, tudo o que é mais ou menos consensual no petismo, mas que os petistas não enunciam ou por certo pudor ou por acomodação estratégica.
Observem o discurso de outro aloprado: Evo Morales, presidente da Bolívia. Sabem o que ele disse no encontro? Que vai acabar a mamata com gás de seu país. Afirmou que a Bolívia vende gás subsidiado para o Brasil — US$ 1,9 [por milhão de BTU] contra US$ 5 para a Argentina. Só se esqueceu de lembrar dos investimentos que a Petrobrás — que foi expropriada — fez no país para que o gás saísse do oco da terra. Mais: aproveitou para atacar o modelo econômico da Colômbia, o que gerou reação de Álvaro Uribe, presidente colombiano — aparteado, vejam só, por Chávez, que saiu em defesa do índio de araque.
O terceiro aloprado, Rafael Correa, presidente do Equador, pediu que seu país seja admitido como membro associado do Mercosul, mas aproveitou, sob as barbas de Lula, para dizer que vai rever os contratos de exploração de petróleo no seu país. É outro jeito de dizer que também ele vai passar a mão no traseiro da Petrobras. Se Morales pode — e ainda tem o apoio o Brasil para tanto — por que ele não?
Aí o presidente do Uruguai, Tabaré Vasquez, reclamou que ninguém liga para os pequenos do Mercosul; o do Paraguai, que vai presidir o bloco — o que o país produz mesmo? —, foi na mesma linha. Nestor Kirchner, da Argentina, segunda economia do grupo, fez-se pequenino e atacou as assimetrias, embora os argentinos já imponham cotas a produtos brasileiros, o que é, na prática, a negação de qualquer coisa parecida com uma união aduaneira — coisa que o Mercosul diz ser.

MongaFaltaram ao espetáculo Monga, a mulher-gorila, o homem borracha e o equilibrista da perna de pau. A cobertura benevolente da pantomima vai asseverar que Lula fez um esforço pela integração, tentando conter seus radicais. Conhecem meu ponto de vista: o presidente da maior economia da região, o Brasil, é o verdadeiro responsável por tudo isso e uma espécie de chefe desse bloco de sujos. Os “pequenos” do Mercosul — e, quando interessa, a Argentina não liga de se confundir com eles — fazem, em relação ao Brasil, o mesmíssimo discurso que o Brasil faz em relação aos EUA. Pretendemos atacar as assimetrias do comércio mundial com um terceiro-mundismo altivo, triunfalista? Ótimo! Os mais pobres do que nós fazem isso em relação a seu parceiro mais rico.Lula alimentou o exotismo, deu seu apoio incondicional a Chávez e, vejam só, na imprensa mundial, quem ganha destaque é o outro. Porque se mostra um ser mais profundamente ligado às trevas. A cascata integracionista do petista foi desprezada pelo New York Times, por exemplo, mas não o chamamento de Chávez em defesa do socialismo e no combate ao imperialismo americano. Ora, foi o Brasil que atraiu a Venezuela para o Mercosul. E Chávez já era quem é. Para o mundo rico, Lula já é um índio de casaca. Perdeu o encanto.Atenção: não se avançou um milímetro na integração. A reunião é uma completa nulidade. Mas Celso Amorim, ministro das Relações Exteriores, ficou exultante: “Não há divergência no essencial, todos estão comprometidos com a integração sul-americana na base da justiça social e desenvolvimento econômico”, afirmou. E foi adiante: “A homogeneidade só existe nos cemitérios, onde há vida há diferença”. Huuummm, desse estrito ponto de vista, a reunião do Mercosul não se distingue de um zoológico.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas 9,90/mês*
OFERTA RELÂMPAGO

Revista em Casa + Digital Completo

Receba 4 revistas de Veja no mês, além de todos os benefícios do plano Digital Completo (cada revista sai por menos de R$ 9)
A partir de 35,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a R$ 9,90/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.