Março de 2015 não tem nada a ver com Junho de 2013. Ou: Mais fervura na água do estado de direito
É uma tolice rematada comparar a manifestação de domingo, que ainda nem aconteceu, com os protestos de junho de 2013. Nos breves momentos em que a população sem bandeira militante foi para as ruas naquele ano, nada aconteceu de mais grave. Foram extremistas de esquerda e outros vagabundos que optaram pela violência, muito especialmente os […]
É uma tolice rematada comparar a manifestação de domingo, que ainda nem aconteceu, com os protestos de junho de 2013. Nos breves momentos em que a população sem bandeira militante foi para as ruas naquele ano, nada aconteceu de mais grave. Foram extremistas de esquerda e outros vagabundos que optaram pela violência, muito especialmente os black blocs.
Black blocs com os quais, não custa lembrar, Gilberto Carvalho, então secretário-geral da Presidência, confessou que conversava. Um governo que dialoga com bandidos quer bagunça, quebra-quebra, violência.
Exceto em razão da eventual infiltração de agentes provocadores — e isso sempre é possível —, os que ocuparão o espaço público no domingo estarão falando em defesa da lei, em defesa da ordem, em defesa da decência, em defesa do patrimônio público.
No domingo, vão para as ruas pessoas que trabalham, pessoas que estudam, pessoas que trabalham e estudam. Ninguém quer quebrar nada. No domingo, não ouviremos intelectuais de meia-tigela a fazer digressões sobre as virtudes de depredar o patrimônio privado.
Os que se manifestam contra o governo do PT não querem quebrar estações de metrô, não querem incendiar ônibus, não querem invadir a propriedade alheia, não querem nada de mão beijada.
Os que vão às ruas no domingo pedem algo muito singelo: que uma quadrilha de assaltantes tire suas patas do estado brasileiro. Que um partido entenda de uma vez por todas que não tem o monopólio da representação popular. Que o grupo político que está no poder compreenda que suas muito tímidas, até acanhadas, políticas sociais não lhe dão o direito de se assenhorear do futuro do país.
Os que vão às ruas no domingo repudiam, enfim, essa máquina perversa que junta partido, órgãos do estado e sindicatos e que pretende tomar o lugar da sociedade brasileira; execram essa máquina que tem a ambição de que suas dissensões e composições internas sejam mais importantes do que os problemas do país.
Os que vão às ruas no domingo não têm por hábito transgredir a lei. Quem faz isso é o MST. E o MST vai marchar na sexta. Quem faz isso é o MTST. E o MTST vai marchar na sexta. Quem faz isso são partidos de extrema esquerda que agora dizem querer “defender a Petrobras”. E os partidos de extrema esquerda vão marchar na sexta.
Fascistas de esquerda, em suma, estarão longe das ruas no domingo. Elas serão ocupadas por defensores do patrimônio público. Até agora, as únicas agressões de que se tem registro foram protagonizadas por milicianos do PT e da CUT, às portas da Associação Brasileira de Imprensa.
O Junho de 2013, exceção feita a um breve período, era protagonizado por quem queria um estado ainda maior, ainda mais presente, ainda mais perdulário. O Março de 2015 levará às ruas brasileiros que costumam estar ocupados demais para carregar bandeira. Ocorre que eles cansaram de arcar com a conta bilionária dos desmandos.
Precisamos é de mais fervura na água da democracia, do estado de direito, da Constituição. Com alegria, com determinação, com esperança.