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Reinaldo Azevedo

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Mano Brown e Mano Emir

Mano Brown, o líder do grupo Racionais MCs, é o entrevistado de hoje do programa Roda Vida, na TV Cultura, a “emissora pública” de São Paulo. O bom de uma emissora pública, dizem, é não precisar dar bola para o mercado. Parece haver na afirmação a suposição de que o mercado está de um lado, […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 20h22 - Publicado em 24 set 2007, 05h41

Mano Brown, o líder do grupo Racionais MCs, é o entrevistado de hoje do programa Roda Vida, na TV Cultura, a “emissora pública” de São Paulo. O bom de uma emissora pública, dizem, é não precisar dar bola para o mercado. Parece haver na afirmação a suposição de que o mercado está de um lado, e a verdade, de outro. Será mesmo assim? Mas isso fica para outra hora.

Por que ele estará lá? Não sei. É o que tentarei saber assistindo ao programa. Seria um prêmio por ter iniciado, na madrugada de 6 de maio, um show com uma hora e meia de atraso? Era a chamada Virada Cultural de São Paulo. As letras das, digamos, músicas dos Racionais hostilizam abertamente a Polícia — e não só ela: bem lidas (na eventual impossibilidade de ouvi-las), são um primor de reacionarismo… popular. Atraso e hostilidade, que sempre acaba funcionando como incitamento, resultaram em confronto com a Polícia e quebra-quebra.

E daí? O tal Mano é tratado como um filósofo e uma espécie de produto de todas as maldades do capitalismo, do consumismo, da cultura do shopping center. Aliás, na tal entrevista de Emir Sader, de que falo acima, o iluminado sociólogo afirmou: “Hoy en día yo diría que los shopping center nos desconectan de nuestra ciudad, de nuestro país, no te indican siquiera que calle está del lado de afuera. La idea es que sea una cápsula donde uno se conecte a través de las marcas con California, con Japón, etcétera. Es el contrapeso o el escape del mundo propio, donde tú puedes comprar, comer, dormir, ir al cine, al banco, parquear el coche, llevar una vida artificial, desconectada del mundo, por lo tanto desconectada del país, de la ciudad en la que uno está. Pero eso es un consumo para pocos, por lo tanto no se puede generalizar, entonces no se puede destruir la identidad nacional, la vida de la gente.”

É o rap do Mano Emir. A sociedade de que ele fala seria a da mentira. A da verdade é aquela retratada por Mano Brown. O grupo já está nessa, segundo leio, há mais de 10 anos. Não sei como este misto de cantor de rap e filósofo muda a sua realidade — depois de pensá-la exaustivamente, é claro. Mas parece que a barbárie está ganhando. E não lhe faltarão motivos para versos novos.

E se ele surpreender dizendo coisas razoáveis? Ora, registrarei aqui. Só que o ponto não é o que ele canta pra mim ou para a classe média culpada, e sim o que ele canta para os que o têm como um líder. A que ponto chegou a esquerda, não? Desiludida com Lula, apela aos Racionais…

Ah, sim, sempre ressalvando as exceções para fazer justiça, parece razoável que Mano Brown tenha virado filósofo. Afinal, nossos filósofos viraram Mano Brown faz tempo.

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