Luta de classes na USP – Os filhos de empresários e desembargadores chamam de “reacionária” a estudante de origem pobre. Ou: A saudável reação dos estudantes que… estudam!!!
Eu não tinha lido, daí o destaque dado com atraso. Quantas almas vão se salvar? Eis que um veículo da grande imprensa brasileira publica uma reportagem sobre estudantes universitários que não são de esquerda! E SEM AGREDIR OS MOÇOS. O autor é Cedê Silva. Foi publicada no Estadão Online de ontem. Cedê é um bom […]
Eu não tinha lido, daí o destaque dado com atraso. Quantas almas vão se salvar? Eis que um veículo da grande imprensa brasileira publica uma reportagem sobre estudantes universitários que não são de esquerda! E SEM AGREDIR OS MOÇOS. O autor é Cedê Silva. Foi publicada no Estadão Online de ontem. Cedê é um bom repórter, e o tema certamente renderia muito mais e mereceria mais destaque no jornal liberal de antes. Nas mãos da Musa das Galochas, os jovens não-esquerdistas seriam tratados como bandidos. O repórter do Estadão os tratou como o que são: gente de bem, que procura fazer direito aquilo a que se propõe: ESTUDAR! Leiam trechos da reportagem.
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“Não! Não! Não nos representa!”, repetem estudantes em coro. Registrado em vídeo no Youtube, o grito de guerra começou segundos após a vitória da chapa Aliança pela Liberdade nas eleições para o DCE da UnB, em outubro. A recusa de radicais em aceitar o resultado de eleições definidas pelos estudantes que eles dizem representar ilustra um desafio do universitário brasileiro: enfrentar a esquerda mais estridente.
Irina Cezar, de 22 anos e prestes a concluir o curso de Ciências Sociais na USP, conta que não fala mais nas assembléias estudantis. “Uma vez peguei o microfone e defendi o fim da greve na frente de umas 1.500 pessoas. Os militantes ficaram loucos, vaiaram. Eles se dizem a favor da liberdade de expressão, mas se você pensar diferente eles são os primeiros a jogar pedra”, reclama ela, que também se considera de esquerda.
Certo dia, Irina deixou no saguão um cartaz anunciando um evento da empresa júnior. À noite, flagrou uma menina do grupo radical LER-QI tentando tirar o cartaz. “Eu não deixei, aí ela me xingou e chamou mais dois rapazes. Disseram que eu era reacionária”, conta. “É engraçado, porque vim para a USP por ser bolsista numa escola particular. Eles me xingam mas são filhos de empresários, desembargadores.”
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Mariana Sinício, de 19 anos, conta que já teve sua época de querer salvar o mundo. “Na escola tive um professor de esquerda, que dizia ‘isso é ruim’, ‘isso é bom’. Aí você cresce e vê que as coisas não são bem assim.” Hoje integrante do DCE da UnB, ela acredita que os termos esquerda e direita não se aplicam mais. Gosta de Adam Smith e Keynes: “Todos têm algo a acrescentar.”
Fábio Ostermann, de 27 anos, é diretor do Instituto de Estudos Empresariais (IEE), que organiza em Porto Alegre o Fórum da Liberdade. Mas, segundo ele próprio, fazia a linha “esquerdista ingênuo” no começo do curso de Direito na UFRGS. “Tive a sorte de fazer amigos que começaram a ler Milton Friedman, Frédéric Bastiat (economistas). Aos poucos fui me convencendo que eles faziam mais sentido do que (o linguista Noam) Chomsky, Boaventura (de Sousa Santos, autor português), esses cânones do Fórum Social Mundial”, relata. Foi o evento de 2005, aliás, o divisor de águas para Fábio. “Percebi que não era para mim. Sempre fui cético em relação a ditaduras, e lá havia gente louvando Cuba e a URSS.”
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Marina Gladstone, de 22, apóia a chapa Reação para as eleições do DCE da USP, que serão realizadas de 27 a 29 de março. “Quando entrei na faculdade, não tinha a menor motivação para participar do movimento estudantil”, conta ela, que estuda Ciências Atuariais. Até que perdeu um colega de sala – Felipe Paiva, morto com um tiro no câmpus em 2011. “Era uma tragédia anunciada, havia muitos seqüestros e roubos na época. Eu fazia o mesmo curso, usava o mesmo estacionamento. Pensei: se não fizer nada, posso ser a próxima.”
A Reação é a única chapa a favor da presença da PM na universidade. “Quando você é de direita e vai a uma assembléia, é uma grande vaia, não há respeito pela opinião diferente”, diz. Mesmo assim, Marina persiste. “Se você não cuida do que é seu, quem vai cuidar?”