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Reinaldo Azevedo

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Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura

LULA TRANSFORMA EM UFANISMO ATÉ A TORTURA

Toda vez que escrevo que não se deve confundir a falta de cultura de Lula com falta de inteligência, alguns leitores reclamam: “Inteligência? Que inteligência? Até você?” Tomam certamente por burrice as batatadas que ele diz sobre quase todos os assuntos, decorrência da sua falta de paciência para encarar um livro. Lula é o nosso […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 19h08 - Publicado em 13 ago 2008, 07h05
Toda vez que escrevo que não se deve confundir a falta de cultura de Lula com falta de inteligência, alguns leitores reclamam: “Inteligência? Que inteligência? Até você?” Tomam certamente por burrice as batatadas que ele diz sobre quase todos os assuntos, decorrência da sua falta de paciência para encarar um livro. Lula é o nosso índio de casaca: aprende tudo na base da transmissão oral. Mas isso nada tem a ver com a capacidade de perceber os ventos da política. Esse tipo de inteligência, sim, ele tem. Pode ser um tanto macunaímica às vezes, é fato. A sua saída para a questão da punição aos torturadores tem, vá lá, a marca desse gênio político – ainda que seja formidavelmente mentirosa.

É claro que o Babalorixá de Banânia não foi “surpreendido” pelas maluquices de Tarso Genro, com seu discurso que não sustenta dois minutos de debate lógico. Aliás, quem deixou isso claro, com todas as letras, foi o ministro da Defesa, Nelson Jobim, ex-presidente do Supremo. A propósito: um suposto argumento forte em favor da revisão da Lei de Anistia é que os criminosos da esquerda foram punidos, e os torturadores, não. Em primeiro lugar, é falso que todos tenham sido punidos. Em segundo, qual seria mesmo a punição para assassinatos e assalto a bancos? Mas a questão é – e sempre foi outra: a anistia foi, reitero, uma construção política. Não segue um modelo que está guardado em algum monte sagrado. Sim, já passou. Vamos adiante.

Lula estava a par das lambanças de Tarso, mas deixou o debate prosperar para ver se seria engolido, assimilado. Os militares disseram: “Este sapo, não!” Então era hora de deixar Tarso Genro e Paulo Vannuchi falando sozinhos e buscar uma saída. E ela não poderia ser mais luliana: o homem consegue ser ufanista até com a tortura, coisa que nenhum governante imaginou antes. Os mais novos não saberão do que falo – mas, ainda bem!, hoje existe a Internet. Os verdadeiros intelectuais de Lula são Don e Ravel, aquela dupla do “Eu te amo, meu Brasil lá, rá, rá, rá…”.

Como ele percebeu que o bicho ia pegar, tinha de dizer alguma coisa que soasse, a um só tempo, contestadora, de resistência, mas que não provocasse a ira dos chamados “setores castrenses” (tirei essa do baú; pesquisem a palavrinha; sempre é divertido). E lhe veio uma idéia – e, acreditem, é dele mesmo; nenhum outro petista tem tanta agilidade mental: em vez de ficar chorando pelo sangue derramado, Lula pede que se cante a glória dos heróis. É besteira? É. É mentira? É. É mistificação da história? É. Mas e daí? Foi o jeito que ele encontrou de escapar de duas posições realmente antagônicas. Fico imaginando o “herói” Lamarca esmagando o crânio de um policial a coronhadas. Penso no “herói” Franklin Martins seqüestrando um embaixador. Penso em outros que assaltavam bancos… Nada devemos à extrema esquerda, é óbvio. Muito menos a democracia.

Lula também não é do tipo que sai por aí citando Galileu, de Bertolt Brecht – aquela tolice do “triste o país que precisa de heróis”. Isso é só uma de muitas bobagens solenes ditas pelo dramaturgo comunista e que viraram sentença. A idéia estúpida da frase é que os verdadeiros heróis são os anônimos, aqueles que não aparecem, o povo!!! Ai, ai… Heróis são mesmo os que se destacam da mediocridade popular. E o país precisa deles. Assim, vejam só, entre Lula e Brecht, nesse particular, estou com Lula. Mas, evidentemente, meus heróis não morreram de overdose de uma pesada droga ideológica.

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Diogo comentou, certa feita, que Lula sempre escolhia o caminho mais banal e espertalhão. Num psicodrama do sindicato, convidado a mostrar como resolveria uma situação de conflito, ele não teve dúvida. Depois de pensar, pensar, pensar e pensar, sobreveio-lhe uma idéia iluminada: por que as pessoas não faziam um círculo e davam as mãos? Não é genial? Agora, ele faz o mesmo: “Pessoal, pessoal, todo mundo junto! Deixemos de lado os torturadores e vamos falar de nossos heróis”. E pronto!

Falta agora dar o nome de alguns terroristas a praças, ruas e escolas públicas.

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