Lula investe no mito do pobrezinho que triunfou em entrevista à CNN
Por Denise Chrispim Marin, no Estadão:A quatro dias da segunda cúpula do G-20, o canal de TV americano CNN pôs ontem no ar uma entrevista na qual o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se diz um estranho no ninho toda vez que participa desse tipo de encontro. Para ele, o G-20 tornou-se um agrupamento […]
A quatro dias da segunda cúpula do G-20, o canal de TV americano CNN pôs ontem no ar uma entrevista na qual o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se diz um estranho no ninho toda vez que participa desse tipo de encontro. Para ele, o G-20 tornou-se um agrupamento mais representativo que o G-8, as sete economias mais ricas do mundo e a Rússia, para tratar dos grandes desafios mundiais nas áreas de economia, energia e clima. Mas, dentre os líderes que se reunirão em Londres, ele afirmou ser o único que veio da pobreza e da fome e frisou que conhece, na pele, o drama das inundações e do desemprego.
“Eu vivi em casas que eram inundadas, com até um metro e meio de água. De vez em quando, tinha de disputar espaço com ratos e baratas”, disse Lula ao programa GPS, que o apresentou, em uma vinheta, como “o presidente com a maior popularidade do mundo”.
“Eu sei o que o desemprego significa porque fiquei sem trabalho por um ano e meio. Eu conheço o problema que um desempregado enfrenta. Eu conheço o mundo do trabalho mais do que qualquer um”, completou o presidente, comparando-se aos líderes do G-20.
Lula insistiu que, na cúpula, os EUA e os outros países ricos terão de enfrentar a questão da escassez de crédito com muita responsabilidade. Para ele, os pacotes de socorro ao setor financeiro devem ter, como contrapartida, compromissos de maior vínculo das instituições beneficiadas com o setor produtivo, para expandir investimentos e postos de trabalho.
Casos como o da AIG, que pretendia manter bônus milionários para executivos depois de obter o socorro do Tesouro dos EUA, foram classificados de “escandalosos” por Lula.