LULA GOSTA É DE DITADURA
Por Gabriela Guerreiro, na Folha. Volto depois: No discurso de abertura da Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas) na semana que vem, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai cobrar o fim do embargo econômico dos Estados Unidos a Cuba, além de defender que países ricos aceitem reformas no FMI (Fundo Monetário […]
Por Gabriela Guerreiro, na Folha. Volto depois:
No discurso de abertura da Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas) na semana que vem, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai cobrar o fim do embargo econômico dos Estados Unidos a Cuba, além de defender que países ricos aceitem reformas no FMI (Fundo Monetário Internacional) e no Banco Mundial.
Segundo o porta-voz da Presidência da República, Marcelo Baumbach, o embargo a Cuba traz preocupação ao presidente Lula. “O assunto do embargo a Cuba é um assunto que preocupa o presidente Lula de maneira muito especial. O presidente, no seu discurso nas Nações Unidas, pretende fazer uma menção explícita à necessidade do fim do bloqueio a Cuba pelos Estados Unidos, um bloqueio que o presidente considera anacrônico e que é condenado pela opinião pública no continente”, disse.
No início da semana, Obama emitiu comunicado informando que foi prorrogada por mais um ano a Lei de Comércio com o Inimigo, que impede intercâmbio comercial com países considerados uma ameaça. A decisão tem efeitos práticos apenas contra Cuba.
Nesta quarta-feira, Lula disse que pretende conversar com o presidente americano sobre o embargo a Cuba na reunião de líderes do G20 –grupo de países desenvolvidos e principais emergentes– na próxima semana, nos EUA.
O porta-voz presidencial disse que em relação à crise financeira internacional, Lula pretende tratar das indefinições que ainda persistem no cenário econômico após 12 meses do período considerado mais delicado.
“O presidente Lula defenderá que é essencial renovar o ímpeto de reforma do sistema financeiro e rejeitar a leniência com o capitalismo financeiro desregulado. O presidente alertará para o fato de que, passados 12 meses, os progressos obtidos no combate à crise contrastam com a persistência de muitas indefinições”, disse Baumbach. “O fato de que foi possível evitar o colapso total do sistema não pode ser razão de comodismo e inércia. O presidente também considera prematuro suspender as medidas anticíclicas.”
A reunião anual com os líderes dos países na Assembleia Geral da ONU é tradicionalmente aberta pelo discurso do representante do Brasil, desde o primeiro encontro, em 1947, quando o primeiro orador foi o chefe da delegação brasileira, Oswaldo Aranha.
Comento
O que vou dizer é óbvio, sim, certamente esperado pelos leitores. Nem por isso deixarei de fazê-lo. Lula não me fará desistir de apontar seus absurdos mais gritantes e as estupefacientes cretinices de sua política externa.
Há poucos dias, o conselho de Direitos Humanos da ONU expulsou da reunião o embaixador de Honduras. Justificativa: houve um golpe naquele país, e isso é inaceitável. Na liderança do levante contra o hondurenho, estava a embaixadora brasileira na ONU, seguindo as ordens de Celso Amorim, o Megalonanico. Pouco depois, na reunião da ridícula Unasul, o mesmo Amorim comandou, junto com Chávez, a pressão contra a Colômbia. Na prática, cobravam que Bogotá abrisse mão da sua soberania e permitisse que seu acordo militar com os EUA fosse monitorado. Chávez queria um pouco mais: que a negociação com as Farc passasse a ser conduzida pela Unasul, não mais pelo governo daquele país. Já o Brasil e a Venezuela consideram que não têm de dar satisfações aos vizinhos sobre seus respectivos acordos com França e Rússia.
Mas voltemos a Honduras. O Brasil ainda acha pouco. Brasília lidera a pressão para que não se reconheça o governo hondurenho que será eleito em novembro e defende que os EUA endureçam as sanções contra Honduras.
Ora, o que diferencia Honduras de Cuba no que respeita à política? No primeiro país, a oposição atua livremente, e não há presos políticos. Cuba é uma tirania, não demonstra a menor disposição de aderir ao regime democrático e tem suas cadeias lotadas de presos de consciência.
Há muitas diferenças entre Roberto Micheletti, o dito “golpista” hondurenho, e Raúl Castro, o tirano de Cuba. Um delas se expressa em 100 mil cadáveres. E é em defesa dos homicidas que Lula vai falar.