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Reinaldo Azevedo

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Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura

Lula é indeciso, deslumbrado e não gosta de governar

O historiador Marco Antonio Villa, professor da Universidade Federal de São Carlos, é um caso raro no Brasil: consegue pensar mesmo estando na universidade. Há uma entrevista sua no Estadão deste sábado, concedida a Angélica Santa Cruz, que vai ao ponto. O governo Lula tem sido identificado com a dificuldade de tomar decisões políticas e […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 6 jun 2024, 07h30 - Publicado em 7 abr 2007, 06h35
O historiador Marco Antonio Villa, professor da Universidade Federal de São Carlos, é um caso raro no Brasil: consegue pensar mesmo estando na universidade. Há uma entrevista sua no Estadão deste sábado, concedida a Angélica Santa Cruz, que vai ao ponto.

O governo Lula tem sido identificado com a dificuldade de tomar decisões políticas e administrativas. O senhor concorda?Lula não sabe tomar decisões, não fica confortável diante delas. É uma característica pessoal. Em 1980, por exemplo, sumiu de vista em dias decisivos da greve em São Bernardo do Campo. “Cadê o Lula?”, perguntavam todos. Estava em um sítio, perto de uma represa. Foram lá dar uma dura nele e ele reapareceu no dia seguinte, na assembléia da Vila Euclides. O jornal local estampou a manchete “Ele voltou!”. Lula tem uma dificuldade de tomar decisões que não começou na Presidência, ficou evidente em todos os momentos-chave de seu primeiro mandato e reapareceu agora, no primeiro trimestre de seu segundo governo. O apagão aéreo é apenas um exemplo de uma lista extensa.(…)Em momentos de crise, quando ânimos estão exaltados, não pode ser prudente do ponto de vista político adiar decisões relevantes?A indecisão do presidente é boa para ele, mas péssima para o País. (…) Quando o caso Waldomiro Diniz estourou, ele adiou a decisão sobre o que fazer com José Dirceu, o homem que naquele governo representava quem de fato tinha pendor para as tarefas executivas. Acabou precisando tomar essa decisão mais adiante, em circunstâncias mais penosas. Demorou a decidir pela saída de Antonio Palocci – quando a quebra do sigilo bancário é um ato gravíssimo – , depois foi esvaziando o prestígio de Luiz Gushiken. Deixou a nação por dias esperando explicações sobre o mensalão e foi falar o que quis, sem contraditório, em uma entrevista em Paris. Politicamente, a indecisão pôde ser boa para ele, que foi reeleito. Mas são escolhas ruins para o Brasil, porque desmoralizam valores republicanos. No sentido mais amplo, é também uma escolha perigosa, porque tributária de uma política conservadora.Como assim?Apostar no esquecimento é uma característica do conservadorismo político. Nos últimos tempos as pessoas têm falado muito da frase do Ivan Lessa, que disse que a cada 15 anos o Brasil esquece de tudo o que aconteceu nos 15 anos anteriores. O governo Lula atua em uma faixa que mistura essa máxima com a lógica de Delúbio Soares, que previu que toda a denúncia do mensalão acabaria em “piada de salão” – e tinha razão.(…)O presidente Fernando Henrique Cardoso chegou a ser definido como um político que não sabia dizer não. Qual é a diferença entre ele e Lula nesse quesito?Fernando Henrique também teve ampla base no Congresso, mas foi testado em outras esferas. Pegou a economia mundial em situação complicada, enfrentou problemas com as reservas. Aí tomou decisões. Lula pegou céu de brigadeiro na economia mundial e nem assim soube aproveitar o momento favorável para dar um salto em relação à situação que encontrou. Manteve a política econômica no ponto em que pegou. As crises econômicas mundiais aparecem em ciclos e os especialistas dizem que há outra em vista. Vai chegar em breve o momento em que vamos precisar de um presidente com perfil executivo, que saiba decidir. E nós não temos. Usando as analogias futebolísticas que agradam a Lula, uma coisa é ser técnico do Santos na década de 60, com aquela equipe de estrelas que se moviam sozinhas; outra é ser técnico do Corinthians hoje.O senhor está dizendo que Lula não governa?O presidente Lula não gosta de ser um executivo, reunir equipes, levar relatórios para casa, pegar retornos técnicos e, com base nisso, tomar decisões. Nesse sentido, ele não preside. O presidente gosta do poder, é encantado pelo cerimonial do Palácio e por tudo o que é externo ao ato de governar. Gosta de fazer discursos com temáticas pessoais, autobiográficas. Gosta do mundo palaciano em que presidentes jamais são vaiados e exerce uma “Presidência do Espetáculo” que até lembra o Absolutismo, em que tudo é revelado. Até no site da Presidência aparece sua história de sacrifícios. Mas Lula precisa se encantar também com o terceiro andar do Planalto, com a mesa de onde precisa administrar o País. Nenhum governante sobreviveu à história apenas com sua cota de carisma. Getúlio Vargas era um administrador dedicado. Criou grupos de trabalho, entendia seu governo. Em seus diários, essa rotina fica clara. Há anotações com lembretes para ler relatórios e livros que poderiam ajudá-lo a governar. Não à toa Lula se cerca de colaboradores com atribuições de primeiros-ministros, como José Dirceu, no primeiro governo, e Dilma Rousseff, agora. Presidentes que não fugiram de decisões não se cercaram de gente forte assim. A dificuldade para decidir, em um presidente, não é só curiosidade. O País precisa de administradores reais.Assinante lê mais aqui

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