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Reinaldo Azevedo

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Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura

Ligeirezas, Bolero e camarão com catupiry

Passada esta campanha eleitoral, vou alugar alguns filmes da chamada Estética da Fome. Não agüento mais ver tanto porto, tanta estrada, tanta plataforma de petróleo, tantos hospitais… Pra que tanta obra, meu Deus?!, pergunta o meu coração. É para substituir a falta de idéias, ele me responde, um tanto soturno. Lembram-se daquele “jornal da semana”, […]

Por Reinaldo Azevedo 19 out 2006, 02h52 • Atualizado em 31 jul 2020, 23h05
  • Passada esta campanha eleitoral, vou alugar alguns filmes da chamada Estética da Fome. Não agüento mais ver tanto porto, tanta estrada, tanta plataforma de petróleo, tantos hospitais… Pra que tanta obra, meu Deus?!, pergunta o meu coração. É para substituir a falta de idéias, ele me responde, um tanto soturno. Lembram-se daquele “jornal da semana”, do Carlos Niemeyer, que antecedia os filmes durante a ditadura? “Que bonito ééééééé…” E lá vinham Médici ou Geisel condecorando alguém e depois as geniais — e agora falo sério — tomadas de futebol no Maracanã. Acho que foi a primeira vez que se usou a câmera subjetiva para filmar futebol.

    Esse Brasil de Exaltação, tanto na campanha de Lula como na de Alckmin, já encheu o saco! Exijo pobre desdentado na televisão, com as costelas salientes, o aspecto famélico, o olhar humilde e pidão. Nos filmes de Niemeyer, eles apareciam com o radinho de pilha grudado à orelha, sorriso 1001, felizes da vida. Eram tempos em que as massas não erguiam o braço em assembléias para “fazer uma colocação”…

    Chega de tanto pobre gordo! Repararam? Seria já o efeito do Bolsa Família de Lula ou dos restaurantes Bom Prato, de Alckmin? Se você quiser encontrar um brasileiro abaixo do peso, não adianta procurar entre os humildes. Devem estar todos na Dona Zelite. E também reparei que as “pobras” gordas choram com mais facilidade do que as magras: é falar de um benefício do Geraldo, e elas logo se debulham, agradecendo, comovidas. Por que será? César, em Shakespeare, associava a magreza a excesso de pensamento, a mentes conspiradoras. Precisamos urgentemente de um programa para cortar carboidrato da pobrada.

    O rap, este ano, felizmente, está em baixa. Já é um avanço. Não vejo mais negros conscientes dançando o seu protesto. Agora eles estão cheios de fé no futuro, com cotas, ProUni, ProIsso, ProAquilo. O “jovem” também não quer mais “um país decente”. Lembram daquele petelho fazendo um discurso inflamado? A campanha de Lula deve ter achado que não pegava bem falar de decência numa hora como essa. O “jovem”, desta feita, fala de um Brasil de oportunidades. Já estamos quase entrando no capitalismo. Só falta agora desestatizar o pobre… Faremos leilões públicos?

    Finalmente, vale pensar no refrão “deixa o homem trabalhar”. Estou certo de que foi feito à revelia de Lula. Ele não trabalha nem estuda desde 1975. “Tarde demais para começar, companheiro” (fale isso imitando a voz e a língua presa do Apedeuta; todo mundo consegue). Essa é outra conquista também do lulismo: todo mundo é um bom imitador do presidente, mesmo os que não sabem imitar ninguém. O Apedeuta é uma caricatura ao natural.

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    E, ah…, o melhor de tudo: ninguém ainda tocou o Bolero, de Ravel, uma música que desperta em mim os instintos mais primitivos — assim como o “Zé” em Roberto Jefferson. Há muitos leitores novos neste blog que ainda não conhecem a ERAA — Escala Reinaldo Azevedo das Abominações. Listo dez eventos:
    Bolero, de Ravel;
    – Camarão com catupiry
    – Metade da obra de Saramago;
    – A outra metade da obra de Saramago;
    – Viajar de avião;
    – Danças folclóricas (exceção feita ao folclore búlgaro);
    – Regina Casé na periferia;
    – Petista alfabetizado;
    – Petista analfabeto;
    – Lavadeiras cantando à beira do rio quando chega a TV Globo

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