Abril Day: Assine Digital Completo por 1,99
Imagem Blog

Reinaldo Azevedo

Por Blog Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura

LEMBRAM-SE DA TELEBRAS? NÃO FALEI QUE CHEIRAVA A CARNIÇA?

Existe o modelo tucano de vender empresas estatais, que Elio Gaspari prefere chamar de “privataria”. Fazem-se os leilões em Bolsa, e leva quem paga mais. E existe o modelo petista de promover a estatização, que Gaspari ainda não apelidou, que é este que vocês verão abaixo. No modelo tucano, as empresas privadas investem alguns bilhões e, poucos […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 5 jun 2024, 16h44 - Publicado em 23 fev 2010, 06h51

Existe o modelo tucano de vender empresas estatais, que Elio Gaspari prefere chamar de “privataria”. Fazem-se os leilões em Bolsa, e leva quem paga mais. E existe o modelo petista de promover a estatização, que Gaspari ainda não apelidou, que é este que vocês verão abaixo. No modelo tucano, as empresas privadas investem alguns bilhões e, poucos anos depois, o telefone, que era um luxo, chega a todos os brasileiros. No modelo petista de promover a estatização, não se acrescenta um único celular aos telefones existentes, não se investe um miserável tostão, mas alguns saem da operação com as burras cheias de dinheiro. Um sujeito que investiu R$ 1 pode levar a bolada de R$$ 200 milhões.

No dia 18, quando Márcio Aith e Julio Wiziack publicaram a primeira reportagem a respeito, escrevi aqui o texto ESTÁ PINTANDO UM ESCÂNDALO GIGANTESCO NA TELEBRÁS! OU: A TELEFONIA À MODA PETISTA. Lia-se lá:
A história cheira muito mal. Márcio Aith e Julio Wiziack começaram a mexer num grande escândalo. NÃO SEI NADA A MAIS DO QUE A MATÉRIA REVELA;  SEI, COMO SEMPRE, O QUE INDICA A LÓGICA DO PROCESSO. E a lógica do processo me diz que não se fabrica uma valorização de ações dessa dimensão sem que homens muito, vamos dizer assim, “influentes” atuem nos bastidores e nas franjas do poder.”

Pois bem! Agora leiam trecho da reportagem de hoje de Aith e Wiziack. Volto em seguida:

O ex-ministro José Dirceu recebeu pelo menos R$ 620 mil do principal grupo empresarial privado que será beneficiado caso a Telebrás seja reativada, como promete o governo.

O dinheiro foi pago entre 2007 e 2009 por Nelson dos Santos, dono da Star Overseas Ventures, companhia sediada nas Ilhas Virgens Britânicas, paraíso fiscal no Caribe. Dirceu não quis comentar, e Santos declarou que o dinheiro pago não foi para “lobby”.

Tanto a trajetória da Star Overseas quanto a decisão de Santos de contratar Dirceu, deputado cassado e réu no processo que investiga o mensalão, expõem a atuação de uma rede de interesses privados junto ao governo paralelamente ao discurso oficial do fortalecimento estatal do setor.

Continua após a publicidade

De sucata a ouro
Em 2005, a “offshore” de Santos comprou, por R$ 1, participação em uma empresa brasileira praticamente falida chamada Eletronet. Com a reativação da Telebrás, Santos poderá sair do negócio com cerca de R$ 200 milhões.

Constituída como estatal, no início da decada de 90, a Eletronet ganhou sócio privado em março de 1999, quando 51% de seu capital passou para a americana AES. Os 49% restantes ficaram nas mãos do governo. Em 2003, a Eletronet pediu autofalência porque seu modelo de negócio não resistiu à competição das teles privatizadas.

Resultado: o valor de seu principal ativo, uma rede de 16 mil quilômetros de cabos de fibra óptica interligando 18 Estados, não cobria as dívidas, estimadas em R$ 800 milhões.

Diante da falência, a AES vendeu sua participação para uma empresa canadense, a Contem Canada, que, por sua vez, revendeu metade desse ativo para Nelson dos Santos, da Star Overseas, transformando-o em sócio do Estado dentro da empresa falida.

Continua após a publicidade

A princípio, o negócio de Santos não fez sentido aos integrantes do setor. Afinal, ele pagou R$ 1 para supostamente assumir, ao lado do Estado, R$ 800 milhões em dívidas.

Em novembro de 2007, oito meses depois da contratação de Dirceu por Santos, o governo passou a fazer anúncios e a tomar decisões que transformaram a sucata falimentar da Eletronet em ouro. Isso porque, pelo plano do governo, a reativação da Telebrás deverá ser feita justamente por meio da estrutura de fibras ópticas da Eletronet.

Outro ponto que espanta os observadores desse processo é que o governo decidiu arcar sozinho, sem nenhuma contrapartida de Santos, com a caução judicial necessária para resgatar a rede de fibras ópticas, hoje em poder dos credores.

Até o momento, Santos entrou com R$ 1 na companhia e pretende sair dela com a parte boa, sem as dívidas. Advogados envolvidos nesse processo estimam que, com a recuperação da Telebrás, ele ganhe cerca de R$ 200 milhões.

Continua após a publicidade

Um sinal disso aparece no blog de José Dirceu: “Do ponto de vista econômico, faz sentido o governo defender a reincorporação, pela Eletrobrás, dos ativos da Eletronet, uma rede de 16 mil quilômetros de fibras ópticas, joint venture entre a norte-americana AES e a Lightpar, uma associação de empresas elétricas da Eletrobrás”.

O ex-ministro não mencionou o nome de seu cliente nem sua ligação comercial com o caso. O primeiro post de Dirceu no blog se deu no mês de sua contratação por Santos, março de 2007. O texto mais recente do ex-ministro sobre o assunto saiu no jornal “Brasil Econômico”, do qual é colunista, em 4 de fevereiro passado.

Voltei
Deu para entender? Eis o jeito petista de incentivar o “estatismo”. Na entrevista que concedeu ao Estadão, Lula tratou do assunto:

A banda larga precisa de uma Telebrás?
Se as empresas privadas que estão no mercado puderem oferecer banda larga de qualidade nos lugares mais longínquos, a preço acessível, por que não?
Mas precisa de uma Telebrás?
Depende. O governo só vai conseguir fazer uma proposta para a sociedade se tiver um instrumento. Não quero uma nova Telebrás com 3 ou 4 mil funcionários. Quero uma empresa enxuta, que possa propor projetos para o governo. Nosso programa está quase fechado, mais uns 15 dias e posso dizer que tenho um programa de banda larga. Vou chamar todos e quero saber quem vai colocar a última milha ao preço mais baixo. Quem fizer, ganha; quem não fizer, tá fora. Para isso o Estado tem de ter capacidade de barganhar.

Continua após a publicidade

Encerro
Ele falou em “barganha”? É mesmo uma boa palavra. Como se lembram, afirmei que a coisa cheirava a carniça. E cheira! Há dias, lembrei aqui como era o “socialismo” à moda petista. Do velho regime, só sobrou aos petistas o amor pela ditadura. Seu “estatismo” faz milionários privados.

Posso citar uma frase “Máximas de Um País Mínimo”, que vocês há conhecem?
“São as empresas privadas que atendem ao interesse público; as empresas públicas existem para atender aos interesses privados”.

Bingo!!!

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

ABRILDAY

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas 1,99/mês*

Revista em Casa + Digital Completo

Receba 4 revistas de Veja no mês, além de todos os benefícios do plano Digital Completo (cada edição sai por menos de R$ 9)
A partir de 35,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$23,88, equivalente a 1,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.