LANTERNA NA POPA
Leiam os dois posts imediatamente anteriores a este. Lembrar aos nefelibatas que a realidade existe passou a ser uma demonstração de, como é mesmo?, “pessimismo sombrio”, não é? Então as coisas não se resolvem assim, como um estalar de dedos? Bem, racionalmente, todos sabíamos que não. Mas a impressão que se tinha era outra: eleito […]
O discurso da representante de Obama em Davos chega a ser engaçado porque, com efeito, não diz coisa nenhuma. Então os problemas são globais e precisam de respostas globais? Muito bem. Mas será mesmo verdade que os EUA decidiam tudo sozinhos, especialmente nos últimos quatro anos de mandato de Bush? Peguemos a crise econômica. Quer dizer que o resto do mundo — Europa inclusive, especialmente as maiores economias — foi só arrastado pelo cassino americano? Mentira grotesca, como sabem os ingleses. Obama está no poder formal há pouco mais de uma semana. É muito cedo para qualquer prognóstico. O que alguns idiotas confundem com torcida contrária nada mais é do que certo espanto com o acacianismo das afirmações de seus porta-vozes. Valerie Jarrett em Davos vale por um Mitchell no Oriente Médio. Ambos estão a dizer que todos têm de cooperar para alcançar o bem comum. Yes, I can, you can, we can, they can… Todo mundo pode e quer. O problema está com quem não quer…
É cedo, é muito cedo. Mas a mensagem, mesmo em tempo tão curto, é aborrecidamente medíocre. E, obviamente, a despeito do que diga a canalha, torço por uma recuperação rápida da economia mundial. Ainda que isso seja tão inútil quanto torcer contra. Para mim, a melhor indicação de que essa gente mais sabia ganhar eleição do que o que fazer com a vitória está no fato de que o Obamocentrismo ainda está vivendo de demonizar o passado. O próprio Obama o fez na entrevista à TV árabe. Valerie, em Davos, também canta o mantra da irresponsabilidade dos que os antecederam.