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Reinaldo Azevedo

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Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura

Jô Soares sob investigação? Isso é uma piada?

Li o que segue abaixo e custo a acreditar. Mas, acreditem, é verdade: Por Dayanne Mikevis, na Folha Online. Volto depois: O Ministério Público Federal no Rio de Janeiro informou nesta segunda-feira que investiga o Programa do Jô, exibido depois do Jornal da Globo pela TV Globo, por suposta manifestação de preconceito. Segundo a procuradoria, […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 20h09 - Publicado em 26 nov 2007, 22h14
Li o que segue abaixo e custo a acreditar. Mas, acreditem, é verdade:

Por Dayanne Mikevis, na Folha Online. Volto depois:

O Ministério Público Federal no Rio de Janeiro informou nesta segunda-feira que investiga o Programa do Jô, exibido depois do Jornal da Globo pela TV Globo, por suposta manifestação de preconceito. Segundo a procuradoria, houve denúncias sobre uma entrevista que abordava a questão de mulheres submetidas à cirurgia no clitóris na África e que comentários do apresentador podem ter manifestado preconceito em relação a hábitos e costumes culturais daquele continente.

As entidades que levaram a denúncia ao MPF acusam o programa de desrespeito a comunidades negras. A representação está sob os cuidados da procuradora dos direitos do cidadão Márcia Morgado. O programa foi ao ar no dia 18 de junho de 2007. A assessoria de imprensa do programa informou que não recebeu nenhuma notificação sobre o procedimento.

Voltei
Não assisti ao programa de Jô Soares. Mas não é preciso ter visto para saber que a tal manifestação de preconceito, obviamente, não aconteceu. De Jô, no máximo, pode-se suspeitar o contrário: nas vezes em que vi, ele me pareceu politicamente correto até em excesso. Suponho que o artista, como qualquer pessoa razoável, considerou a clitorectomia uma barbaridade, uma estupidez, uma violência.

Ou chegamos ao ponto em que a prática passará a ser vista como uma variante cultural aceitável? Atenção: costuma-se associá-la ao islamismo: trata-se de uma mentira deslavada. É um costume de algumas tribos rejeitado até pelos governos dos países que as abrigam.

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A propósito: o que é “cultura do continente”, “cultura africana”? Por acaso, existe uma “cultura da América do Sul”? O que eu tenho a ver com os indígenas peruanos, por exemplo, ou com o tango argentino? Alguém já avisou os tutsis e hutus que eles comungam de um patrimônio cultural? Afinal, sabem como é, são do mesmo continente… Ou por que não tentar convencer os negros que matam negros em Darfur que aquilo é coisa muito feia? Quando a Iugoslávia se desintegrou, faltou lá o Ministério Público para conciliar: “Pô, pessoal, todo mundo aqui é europeu”… Esse papo de cultura continental é uma estupidez.

Ademais, que história é essa de o Ministério Público “investigar” o Programa do Jô? Isso parece uma ação ligeiramente terrorista, não? Quanto tempo demora para se avaliar um programa? Quanto tempo dura uma entrevista? Quinze minutos? Vinte?

Não sei quem denunciou. Mas é óbvio que a coisa está se caracterizando como uma forma de intimidação. De resto, Jô Soares jamais abre mão de sua condição também de humorista enquanto faz suas entrevistas, por mais que os temas sejam considerados “sérios”. E o humor requer uma compreensão que vai um tanto além do sentido meramente referencial das palavras. Não compreender isso é ser estúpido ou agir de má fé.

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Reitero: não vi o programa. Mas sei que não houve preconceito. Acredito que essa coisa não dê em nada. Mas já é ruim, em si, que a liberdade de expressão esteja se confundindo com agressão a uma “cultura”.

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