Irã anuncia que já produz urânio concentrado
Por Jamil Chade, no Estadão: O Irã deu ontem um claro sinal de que não desistirá de seu programa nuclear ao anunciar ter enviado o primeiro lote de urânio produzido no país a uma de suas usinas que pode enriquecê-lo. Teerã se tornaria, pela primeira vez, autossuficiente na produção completa do ciclo do combustível nuclear, […]
Por Jamil Chade, no Estadão:
O Irã deu ontem um claro sinal de que não desistirá de seu programa nuclear ao anunciar ter enviado o primeiro lote de urânio produzido no país a uma de suas usinas que pode enriquecê-lo. Teerã se tornaria, pela primeira vez, autossuficiente na produção completa do ciclo do combustível nuclear, driblando as sanções da ONU, que proibia a importação do material.
Segundo o chefe do programa nuclear iraniano, Ali Akbar Salehi, o país passou a utilizar urânio da mina de Gaichin. O material seria enviado para ser enriquecido na cidade de Isfahan, em um passo significativo de seu programa atômico e uma demonstração de que o país não ficará dependente de fornecimento de urânio do exterior.
A declaração foi feita às vésperas da primeira negociação entre Teerã e os cinco membros do Conselho de Segurança da ONU (França, Rússia, Grã-Bretanha, EUA e China) mais a Alemanha, hoje em Genebra, depois de mais de um ano de impasses. Fontes do governo iraniano revelaram ao Estado que o país chega com a intenção de defender a retomada do acordo negociado entre o Brasil e a Turquia, em maio, que havia sido rejeitado por europeus e americanos.
De acordo com diplomatas iranianos, anunciar que já dominam o ciclo do combustível completo, portanto, ajudaria a pressionar Washington e Bruxelas a considerar o plano assinado por Luiz Inácio Lula da Silva como o mais viável hoje.
“A partir de agora, o Irã já não terá problemas no abastecimento de urânio”, disse Salehi. Para o chefe do programa nuclear do Irã, o assassinato, na semana passada, de um alto cientista nuclear do país e dos inúmeros ferimentos causados a outro em duas explosões não atrasarão o avanço atômico iraniano. “Não importa o quanto eles se esforcem para impor sanções. Nossas atividades nucleares continuarão e eles testemunharão feitos muito importantes no futuro.” Aqui