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Reinaldo Azevedo

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INJUSTIFICÁVEL E INDECOROSA

Estão confundindo pragmatismo com amoralidade. Essa história de que devemos nos fixar nas oportunidades de negócios com o Irã, não nas suas opções políticas, é coisa de vigaristas. E de vigaristas ideológicos: ou seja, o presidente do Irã estará no Brasil, depois de amanhã, justamente em razão do motivo oficialmente negado: POLÍTICA. O governo brasileiro […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 17h42 - Publicado em 4 Maio 2009, 16h58
INJUSTIFICÁVEL E INDECOROSAEstão confundindo pragmatismo com amoralidade. Essa história de que devemos nos fixar nas oportunidades de negócios com o Irã, não nas suas opções políticas, é coisa de vigaristas. E de vigaristas ideológicos: ou seja, o presidente do Irã estará no Brasil, depois de amanhã, justamente em razão do motivo oficialmente negado: POLÍTICA. O governo brasileiro quer demonstrar sua independência. E agora tem ainda um falso pretexto para justificar sua simpatia pelos delinqüentes: “Obama também está querendo conversar com o Irã”. Na América Latina, fazemos parte de um fantástico grupo de amigos do Irã, que aceitam receber Ahmadinejad: Venezuela, Nicarágua, Bolívia, Equador…

Se a conversa com Irã atende a interesses estratégicos do Brasil — seria preciso dizer quais —, importantes para o futuro, que se espere então o futuro… Ahmadinejad não vem liderando um grupo de empresários iranianos. Conversa mole! Ele vem falar em nome de um governo que persegue a bomba atômica, nega o holocausto e defende que Israel seja destruído — “varrido do mapa”, na sua simpática expressão. Nem o empresariado brasileiro, como lembrou Diogo Mainardi ontem no Manhattan Connection, quer papo com o financiador do terrorismo em Gaza, no Líbano, no Iraque e mundo afora. Não fosse por tudo o que Irã representa hoje, haveria uma questão continental importante: receber Ahmadinejad é tingir as mãos com o sangue das 85 vítimas do atentado terrorista de 1994, na Argentina, conta a sede da Associação Mutual Israelense Argentina (AMIA).

Mais: as palavras de Ahmadinejad prescindem de interpretação. Elas são muito claras. Foram pronunciadas recentemente na ONU de forma inequívoca — ironicamente, numa reunião que discutia formas de combater o racismo; aquela, vocês sabem, para a qual o Brasil levou um grande trem da alegria. A propósito: quando a imprensa vai se interessar pelas passagens aéreas e estadias do Executivo, hein?

O mantra do nosso tempo, em nome de uma nova política externa, é ignorar o que cada delinqüente faz em seu próprio país. É? Curiosamente, o Brasil vota sistematicamente contra Israel, mas é sensível ao discurso de humanistas como Ahmadinejad ou Omar el-Béchir, o genocida que governa o Sudão.

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Finalmente, o argumento de que não se deve levar a sério a retórica extremista de Ahmadinejad tem um fundo essencialmente imoral. Quer dizer que ele realmente precisaria cumprir as suas ameaças e realmente destruir Israel para que o Brasil o repudiasse? Ele que está tentando, não é? Quando financia os terroristas do Hamas e do Hezbollah e os que atuam na Tríplice Fronteira, está se dedicando a essa nobre tarefa. E também quando se empenha em ter a bomba atômica. Não é para se defender que ele a quer. Defender-se de quem?

A visita é injustificável e indecorosa. Observem que o terrorismo começa a ser aceito como um modo legítimo de fazer política e como um fato consumado.

PS: Ah, sim: o governo iraniano chegou a anunciar o cancelamento da visita de Ahmadinejad e depois cancelou o cancelamento… Tudo com a seriedade e o rigor habituais de quem visita e de quem é visitado.

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