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Reinaldo Azevedo

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Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura

IGNORANTES E FASCISTÓIDES

O fascismo foi o regime do “vulgo”. Embora, em latim, a palavra “vulgus” também signifique povo, eu a tomo aqui no sentido de “multidão” — a massa amorfa que adota como definitivas as falsas verdades, pautadas pela ignorância e pelo preconceito. Alguém poderá objetar, com alguma razão, que o sistema não difere muito do socialismo. […]

Por Reinaldo Azevedo 16 dez 2008, 17h18 • Atualizado em 31 jul 2020, 18h25
  • O fascismo foi o regime do “vulgo”. Embora, em latim, a palavra “vulgus” também signifique povo, eu a tomo aqui no sentido de “multidão” — a massa amorfa que adota como definitivas as falsas verdades, pautadas pela ignorância e pelo preconceito. Alguém poderá objetar, com alguma razão, que o sistema não difere muito do socialismo. Na vocação totalitária, sim. Mas o fascismo tem particularidades: à diferença de seu congênere de esquerda, ele teve o apoio das massas. Os socialistas só se mantiveram – ou se mantêm, onde subsistem – no poder em razão do aparato repressivo. Os vários fascismos foram inequivocamente populares, contavam com a adesão entusiasmada do chamado “HOMEM COMUM”, em nome do qual alguns “jornalistas” anunciam falar hoje em dia.

    Raramente ou nunca o “homem comum” da Alemanha, da Itália, da Espanha ou de Portugal se sentiram tão representados como nos governos, respectivamente, de Hitler, Mussolini, Franco ou Salazar. No Brasil, o período de adoração a Getúlio Vargas coincide com o auge do Estado Novo — o fascismo caboclo. Em todos os casos, e também no brasileiro, o autoritarismo, ou a tirania mesmo, como expressão de uma dita “vontade” nacional, seduziu fatias do pensamento. Todos esses modelos deram à luz os “intelectuais do regime”, que se dedicaram, então, à tarefa de demonstrar a identidade de propósitos entre o “líder” e o açougueiro da esquina. Para o fascismo e os fascistas, os detalhes não interessam, mas as idéias gerais — os “detalhes” pertencem à esfera dos regimes burgueses.

    É evidente que vou chegar ao Brasil. Lula não é um líder fascista porque, por ora ao menos, as condições institucionais brasileiras não permitem. Mas seus homens de propaganda talham a figura do líder fascistóide, sempre pronto a dar um conforto intelectual aos açougueiros, a dizer aquelas “verdades” genéricas que tornam sábia a estupidez. E seus mistificadores cantam, então, as glórias de sua sabedoria, de seu vocabulário desassombrado, de sua camaradagem sempre hostil aos matizes e aos detalhes. Se o fascismo podia criar a sua máquina de imprensa e propaganda, censurando o jornalismo livre, os fascistóides, por ora, se contentam em criar a “imprensa do regime”.

    Essa imprensa oficial tem duas faces — ou, melhor, se manifesta em duas frentes: há os jornalistas da grande imprensa que cedem à patrulha e passam, então, a fazer o jogo do poder, falando, eles também, como os açougueiros do regime, e há a canalha comprada mesmo, minoridades morais que se colocam a serviço do poder porque pagas para isso. Quem é mais desprezível?

    É difícil saber. Corromper-se por dinheiro é pior do que corromper-se por alinhamento ideológico ou covardia? Não tenho resposta. O regime dos açougueiros é instituído com a conivência dos dois grupos. Talvez o corrompido ideológico seja ligeiramente inferior porque, se os tontons-maCUTs realmente triunfarem, ele também acaba indo em cana — ao passo que o jornalista venal estará sempre dizendo as verdades eternas do poder. Assim, o que adere ao regime por “convicção” talvez consiga ser um tantinho mais asqueroso do que o outro: porque, além de tudo, é burro.

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    Não sou porta-voz de açougueiros, do tal “homem comum” – uma categoria que só existe na cabeça de gente do miolo mole. Porto a voz apenas das minhas convicções, esperanças e angústias. Mas considero que é uma questão de respeito com o telespectador saber ao menos o que diz a Constituição antes de entrevistar um presidente do Supremo Tribunal Federal.

    Não vale alegar a condição de “pessoa comum” para dizer ignorâncias e irrelevâncias indignadas.

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