HISTÓRIA DE ASSASSINATO DE MEMBRO DO AFROREGGAE NÃO FECHA
Vamos todos ficar fazendo de conta de que não há nada de estranho no assassinato de Evandro João da Silva, que exercia a especiosa função de “mediador de conflitos” na ONG AfroReggae? Vamos todos nos dar por satisfeitos com a versão de que os policiais, meros batedores de carteira de bandido, deram um cata nos […]
Vamos todos ficar fazendo de conta de que não há nada de estranho no assassinato de Evandro João da Silva, que exercia a especiosa função de “mediador de conflitos” na ONG AfroReggae? Vamos todos nos dar por satisfeitos com a versão de que os policiais, meros batedores de carteira de bandido, deram um cata nos assassinos e roubaram os pertences da vítima? Isso tudo justo com um “mediador de conflitos” de uma ONG, seja lá o que isso signifique?
Não estou fazendo ilação nenhuma. Mas que a história não fecha, ah, isso não fecha! Uma certeza, evidentemente, dá para ter: os policiais agiram como bandidos. E, se agiram como bandidos, é o que são: bandidos. Mas terei de ser o primeiro a levantar a hipótese de que aquilo não foi assalto? De que se está, tudo indica, diante de uma execução, de um eventual acerto de contas, de uma crime de encomenda? E, sendo assim, a possibilidade de que o cabo Marcos de Oliveira Sales e o capitão Dennys Leonard Nogueira Bizarro saibam muito mais do que estão dizendo parece grande.
Será que passaram por ali por mero acaso? Em coisa de minutos, já se entenderam com os assassinos e, por um par de tênis, deixaram que seguissem livres, leves e soltos, arriscando-se, é óbvio, a se tornar reféns do matador ou matadores? Não fecha nem com reza brava, como se diz lá em Dois Córregos.
A chance de alguém ligado a alguma ONG ser vítima de violência no Rio deve ser maior do que em qualquer outra cidade. Tem-se ali um verdadeiro ninhal de ONGs — talvez a cidade só perca para a Amazônia. Mas justamente um “mediador de conflitos” do AfroReggae?
Se vão descobrir, isso não sei. Mas que esse angu está cheio de caroço, disso não tenho a menor dúvida.
E aqui uma palavrinha a José Júnior, o chefe do AfroReggae: os policiais que se comportaram daquela maneira devem mesmo ser alvos das piores reprovações. O lugar deles é a cadeia. Na minha República, policial que optasse pelo crime teria a pena dobrada. Mas Júnior tem de bater também na bandidagem. Júnior tem de atacar também os assassinos. Júnior tem de ser tão duro com o narcotráfico quanto é com os policiais bandidos.