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Reinaldo Azevedo

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História da Bancoop tem réus acusados de desviar grana para o PT e três cadáveres

Luís Eduardo Saeger Malheiro, dirigente da cooperativa morto em acidente considerado suspeito, teria confidenciado a irmão que “tinha de ceder às pressões políticas e, muitas vezes, se via obrigado a entregar valores de grande monta para as campanhas eleitorais do Partido dos Trabalhadores, desviando os recursos que eram destinados à construção das unidades habitacionais”

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 30 jul 2020, 23h38 - Publicado em 29 jan 2016, 06h49

A Bancoop é a cloaca do petismo. A cooperativa foi criada pelo Sindicato dos Bancários, já sob o comando do partido, em 1996. Dez anos depois, João Vaccari Neto, guindado à tesouraria do partido, chegou à presidência da entidade. E tem início, então, a crise. Investigação conduzida pelo Ministério Público de São Paulo detectou a transferência ilegal de recursos para a legenda. O nome disso, obviamente, é roubo.

A transferência para o partido, segundo a investigação, era feita por meio da prestação de serviços os mais exóticos, em dinheiro vivo. Havia um caixa eletrônico, dentro da cooperativa, em que se faziam os saques. “Tem pagamento da Bancoop para centro espírita, para pesque-e-pague e empresas de fachada. Não tenho a menor dúvida de que tudo isso é desvio [para o PT)”, afirma à Folha o promotor José Carlos Blat.

Diretores da entidade, Vaccari inclusive, são réus num processo por estelionato, formação de quadrilha, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro. Dos 56 empreendimentos da cooperativa, oito não foram entregues, o que teria lesado 3 mil famílias, com prejuízo que chega a R$ 100 milhões.

Pois é, caros leitores… Eu preciso refrescar a memória de vocês com uma reportagem publicada pelo Estadão no dia 8 de junho de 2008. Leiam com muita atenção. Ela trata de suposto uso de recursos da Bancoop para campanhas eleitorais dos petistas — inclusive de Lula e do atual ministro da Secretaria de Governo, Ricardo Berzoini, e traz ainda três cadáveres, todos dirigentes da Bancoop que, por força do cargo, sabiam demais. Leiam.
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Vamos refrescar um pouco a memória dos leitores. No dia 8 de junho de 2008, o Estadão trazia a reportagem abaixo, sobre a morte de Luís Eduardo Malheiro, ex-presidente do Bancoop. Leiam.
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A morte de Luís Eduardo Saeger Malheiro, ex-presidente da Bancoop (Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo), vai ser investigada pelo Ministério Público de São Paulo. A versão oficial é que Malheiro foi vítima de um acidente de carro, em 12 de novembro de 2004, no município de Petrolina (PE). Mas, segundo seu irmão, Hélio Malheiro, ele havia sido alertado para reforçar sua segurança pessoal.

O alerta, afirmou Hélio, ocorreu no início de fevereiro de 2002. Duas semanas antes, no dia 18 de janeiro daquele ano, Celso Daniel (PT), prefeito de Santo André, fora sequestrado e fuzilado em um atalho de terra em Itapecerica da Serra, na Grande São Paulo.

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Segundo Hélio, o alerta foi dado por José Carlos Espinoza, que depois seria chefe do Gabinete Regional da Presidência da República em São Paulo. Para Hélio, o acidente está mal explicado. Em depoimento à Promotoria de Justiça, ele pediu investigações sobre o caso. Disse que considera “estranhas as circunstâncias” do desastre que vitimou seu irmão e outros dois dirigentes da Bancoop.

Hélio Malheiro depôs terça-feira. Foi o seu segundo relato à promotoria, em menos de uma semana. No primeiro, dia 29 de maio, ele afirmou ter ouvido do irmão que “tinha de ceder às pressões políticas e, muitas vezes, se via obrigado a entregar valores de grande monta para as campanhas eleitorais do Partido dos Trabalhadores, desviando os recursos que eram destinados à construção das unidades habitacionais”.

CAMPANHAS
Hélio denunciou que recursos que teriam sido desviados da Bancoop abasteceram a campanha de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência da República em 2002 e do deputado Ricardo Berzoini (PT-SP). Ele contou que, naquele dia, em 2002, foi à sede da Bancoop, à Rua Líbero Badaró, Centro, chamado por seu irmão “para tratar de assuntos referentes a uma obra”.

Quando chegou à sala de Luís Eduardo, viu que ele conversava com Espinoza. Depois, ouviria do irmão: “Esse cara (Espinoza) é segurança do Lula. Em função da morte do Celso Daniel, ele me orientou a reforçar minha segurança pessoal.”

“Fiquei preocupado porque a morte do prefeito não tinha nenhuma relação com a atividade do Luís Eduardo à frente da presidência de uma cooperativa habitacional”, declarou Hélio ao promotor José Carlos Blat, que conduz investigação sobre supostas irregularidades na Bancoop. “Meu irmão respondeu que se tratava de questões relacionadas ao crescimento da Bancoop e que o cargo dele estava sendo muito visado. Fiquei bastante desconfiado.”

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A versão que recebeu sobre o acidente não o convenceu. A ele, disseram que seu irmão estava no banco traseiro do carro. Na frente iam os outros dois diretores da entidade. O que estava ao volante teria adormecido e o carro bateu de frente com um caminhão. O acidente ocorreu à tarde. “Meu irmão era uma pessoa muito desconfiada. Quando não estava dirigindo, não dormia em hipótese alguma.”

“É muito esquisito”, avalia o promotor Blat, que enviou cópia do relato de Hélio ao promotor Roberto Wider, de Santo André, responsável pela apuração do assassinato de Celso Daniel. Wider jamais aceitou a versão policial de crime comum – o prefeito petista, concluiu o Departamento de Homicídios, foi vítima de sequestradores que agiram sem motivação política.

Para Blat, “são fortes os indícios de crimes e de caixa dois com recursos da Bancoop”. Suspeita que a entidade “tem perfil de organização criminosa” e sustenta: “O caso é muito grave, gravíssimo.”

Blat disse que Hélio decidiu contar o que sabe e o que diz ter ouvido do irmão porque a investigação apontava para ele. Outros depoimentos ao Ministério Público indicam que parte dos recursos que teriam sido desviados circulou por contas correntes de Malheiro, o morto.

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