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Reinaldo Azevedo

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Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura

Hermeto, arte, uma pequena viagem

Eu não disse que Hermeto Paschoal é petralha. Só escrevi que aquela chatice de bater lata e arrancar “o som das coisas” não me interessa. Acho que ele é uma espécie de Suplicy da música alternativa. Sabe que é uma personagem e alimenta muito bem suas idiossincrasias. Só isso. Mas é uma opinião irresponsável de […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 23h24 - Publicado em 24 jul 2006, 22h04
Eu não disse que Hermeto Paschoal é petralha. Só escrevi que aquela chatice de bater lata e arrancar “o som das coisas” não me interessa. Acho que ele é uma espécie de Suplicy da música alternativa. Sabe que é uma personagem e alimenta muito bem suas idiossincrasias. Só isso. Mas é uma opinião irresponsável de quem nada entende de música. Vai ver aquilo é tão bom quanto Mozart, e eu não percebi. Detesto novidades. Mas, às vezes, elas se impõem. Outro dia eu o vi na TV soprando o bico de um bule. A repórter, que tinha o nariz torto — e eu ficava incomodado com aquilo, me dava vontade de ir lá arrumar —, fazia um ar, assim, meio encantado, basbaque, como se fosse a manifestação sonora do Moisés, de Michelangelo. E ele soprava o bule de novo e dizia: “Agora escute aqui”. Devia haver alguma diferença entre o primeiro e o segundo sons espremido entre perdigotos, mas, embora eu tenha 100% de audição (descobri quando fui tirar os tumores), meu ouvido é relativo, hehe, não absoluto. Não percebia nada. Aí ele deu de bater numas caçarolas, e a moça, embevecida, fazia um sinal afirmativo com a cabeça, como se o divino estivesse fazendo um download. Os fãs do Hermeto não precisam ficar bravos nem me acusar de nada entender de música. É claro que não. Há romances que só têm importância para críticos; há músicas que só interessam aos músicos; há artes plásticas que só interessam à evolução das artes plásticas. A metalinguagem é a morte da arte. A grande arte é sempre gratuita e não tem um propósito. O propósito de falar de si mesma já corresponde a aprisioná-la numa cadeia conceitual, naquilo que Bruno Tolentino chama “O mundo como idéia”. É a outra face da arte política e, entendo, tão pernóstica quanto. Aí ela já não serve para mais nada porque quer servir para alguma coisa. É como sexo solitário. Pode até ser bom. Mas não dá frutos. E eu fumo só Hollywood…
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