Relâmpago: Digital Completo a partir R$ 5,99
Imagem Blog

Reinaldo Azevedo

Por Blog Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura

Gedimar, Abel, Mercadante…

Os petistas se metem em tanta lambança e criam tal número de versões, que nos vemos, muitas vezes, como um Dante visitando os círculos do inferno, só que sem Virgílio para dar uma mãozinha. Hoje, o senador Aloizio Mercadante (PT-SP) depôs na PF sobre o dossiê, e o empresário Abel Pereira depôs na CPI dos […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 22h58 - Publicado em 23 nov 2006, 21h01
Os petistas se metem em tanta lambança e criam tal número de versões, que nos vemos, muitas vezes, como um Dante visitando os círculos do inferno, só que sem Virgílio para dar uma mãozinha. Hoje, o senador Aloizio Mercadante (PT-SP) depôs na PF sobre o dossiê, e o empresário Abel Pereira depôs na CPI dos Sanguessugas. O senador disse que não sabia de nada, é claro. E Abel afirmou que lhe fora oferecido, pelos Vedoim, um dossiê, sim, mas contra Mercadante. Vamos ver. No dia 22 de setembro, publiquei aqui o post que segue em azul. Leiam:

Uma das mais esclarecedoras reportagens a respeito do assunto foi publicada pelo Globo ainda no dia 19, terça-feira. E tinha como fundamento o depoimento à PF de Gedimar Passos, o petista que é advogado e policial aposentado. Gedimar foi preso em companhia de Valdebran com o dinheiro que pagaria a armação contra Serra e Alckmin. Vale retomar aspectos da reportagem de Alan Gripp e Anselmo Carvalho Pinto.Incriminando o PT – Segundo Gedimar, o pacote negociado com os Vedoin incluía supostas informações que também comprometiam o PT. Esse dado desapareceu dos jornais. Ele é importante porque justifica que petistas se mobilizassem para obter a malandragem. A um só tempo, estariam se preservando e atacando os adversários. Se estava havendo chantagem, os chantageados, provavelmente, eram os petistas. (…) “A família Vedoin se dispôs a vender informações graves que comprometiam não só políticos de outros partidos, como políticos do PT”, disse Gedimar à PF.E o que seria o dossiê contra Serra? – Segundo Gedimar, naquela língua estranha dos depoimentos, “ocorre que a documentação mostrada aos jornalistas e aquela que foi protocolizada na Justiça se resumia em fatos já conhecidos da sociedade em geral, que se tornaram de pouca importância ao PT e ao órgão de imprensa [leia-se: a revista IstoÉ]; que, como os Vedoin estavam interessados em receber o restante do dinheiro, se apressaram e, ainda na cidade de Cuiabá, entregaram um CD-ROM que afirmavam que continha toda a documentação prometida; que os jornalistas, ao chegarem em sua base, verificaram que o CD nada continha” Na seqüência, ele diz que os Vedoin ficaram de entregar novos documentos e que ele os analisaria para liberar ou não outra parcela do dinheiro.Hamilton Lacerda – Agora já sabemos que o órgão de imprensa é a IstoÉ e que foi Hamilton Lacerda, assessor de Mercadante, quem negociou com a revista. Isso significa que ele estava, claro, por dentro do caso, incluindo as ameaças que Vedoin fazia aos petistas. A quais petistas? Bom, o fato é que um assessor de Mercadante estava no rolo. Os outros são homens de Lula.Se dossiê havia… – Se havia mesmo um dossiê, parece que não era exatamente contra o candidato tucano. Afinal, o homem encarregado de analisar o material não viu nada além do que todo mundo já sabia: fotos do ex-ministro da Saúde em cerimônia de entrega de ambulâncias.

Pois bem. Dois meses depois, em depoimentos que poderíamos dizer se tratar de uma “concertação” (com a devida licença de Tarso Genrso, uma espécie de “dono” da palavra), Expedito Veloso e Oswaldo Bargas decidiram se sair com uma versão que não haviam relatado à Polícia Federal: eles estariam interessados em supostas provas que ligariam Abel à campanha de José Serra em 2002. Reparem que a versão dos homens que juram jamais ter ouvido falar em dinheiro não combina com a de Gedimar. Já a de Abel Pereira, como vêem, confere com a de Gedimar.

Agora Mercadante
O senador negou, claro, mais uma vez, que soubesse das ações de seu subordinado, Hamilton Lacerda, o homem da mala: é ele quem aparece nas fitas do Hotel Íbis carregando a dinheirama. Mercadante sustenta que só ficou sabendo de tudo depois da prisão dos aloprados.

Quer dizer que ele nunca tinha visto antes esses moralistas? Não é bem assim. Ele confirmou ao delegado Diógenes Curado que se reuniu em seu gabinete no Senado com Expedito Veloso e Oswaldo Bargas no dia 4 de setembro: dez dias antes da prisão de Gedimar e de Valdebran Padilha. Ah, mas a reunião servia para quê? Veloso e Bargas teriam ido pedir que a bancada petista comparecesse em peso ao depoimento de Luiz Antonio Vedoim, marcado para o dia seguinte no Conselho de Ética. A senadora Ideli Salvatti (PT-SC) também estava presente. Cabe a dois estafetas da campanha presidencial ir a senadores da República pedir atenção a uma sessão no Congresso? Segundo Mercadante, isso é muito normal…

Continua após a publicidade

Como observador da cena, escrevo o óbvio: a posição de Mercadante, nessa história, é absolutamente inaceitável. Sua justificativa para alegar que nada tem a ver com o caso é frágil. Diz ele, com toda a carga de ambigüidade que a declaração pode ter, que jamais faria ataques pessoais a Serra. Dossiê é um ataque político, não é pessoal. Da forma como ele fala, até parece que, caso o tucano estivesse envolvido na falcatrua, seria uma questão privada. Não seria. Assim como o caso do dossiê fajuto está longe de ser uma mera questão policial. Era uma tentativa de golpear a democracia.

Mercadante só tem uma saída: tem de indagar, caso não saiba, a Hamilton Lacerda: “Quem lhe deu o dinheiro?”

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas 5,99/mês
DIA DAS MÃES

Revista em Casa + Digital Completo

Receba 4 revistas de Veja no mês, além de todos os benefícios do plano Digital Completo (cada revista sai por menos de R$ 9)
A partir de 35,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a R$ 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.