Gabeira mudou, não fez conversão oportunista
Quem disse que não se pode aprender sinceramente? Tenho uma ou outra divergência com o deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), mas ele integra hoje, sem dúvida, o grupo de elite intelectual e moral dos políticos brasileiros. A entrevista concedida a Carlos Marchi, do Estado (íntegra aqui), o demonstra. Leiam. Suas opiniões sobre a CPMF, o governo […]
O sr. participou de um seqüestro. O que separa aquele ato dos seqüestros das Farc é o tempo decorrido. De lá para cá, o que mudou?
Mudou a minha compreensão dos fatos. Hoje eu considero o seqüestro uma forma de luta abominável, um desrespeito à lei e aos direitos humanos da pessoa seqüestrada, da sua família, seus amigos. Hoje eu vejo o seqüestro com os olhos da Ingrid Bettancourt. Eu participei de um seqüestro na década dos 60 e hoje integro um comitê que tenta libertar Ingrid.
Seqüestros já eram abomináveis em 1968 ou alguma situação política pode explicá-los?
Eu concluí que não há situação política que justifique um seqüestro. A explicação política do seqüestro é que os fins justificam os meios. Essa justificativa é a mesma que conduziu os partidos de esquerda a seus erros mais profundos.
Comento
Não Gabeira. Ele mudou porque aprendeu. Não é metamorfose ambulante, sempre disposto a justificar o presente e a fazer tábula rasa do passado.