Relâmpago: Digital Completo a partir R$ 5,99
Imagem Blog

Reinaldo Azevedo

Por Blog Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura

FIM DE CASO – Se o PT grita “Fora Cunha!”, Cunha grita “Fora PT!”. Ou: A noiva-cadáver de 2018

O deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara, concedeu uma entrevista ao Estadão neste domingo. Fez algumas afirmações que dão o que pensar, a saber: 1: “O PMDB dificilmente repetirá a aliança com o PT. Este modelo está esgotado”; 2: “Vejo nitidamente que há uma tentativa de sabotagem do PT ao Michel [Temer] dentro da articulação”; […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 5 jun 2024, 01h30 - Publicado em 15 jun 2015, 05h04

A-noiva-cadaver_Columbia

O deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara, concedeu uma entrevista ao Estadão neste domingo. Fez algumas afirmações que dão o que pensar, a saber:

1: “O PMDB dificilmente repetirá a aliança com o PT. Este modelo está esgotado”;
2: “Vejo nitidamente que há uma tentativa de sabotagem do PT ao Michel [Temer] dentro da articulação”;
3: “Qualquer tentativa de sabotagem do Michel acabará em ruptura”;
4: “Michel não é candidato a presidente da República. Se o fosse, poderia ter o apoio de todo mundo do partido, mas não é”;
5: “Até acho que vão sentir saudades de mim depois que eu sair.”

Então vamos ver. Até onde a vista alcança, também não vejo o PMDB repetindo a aliança de agora. Em 2018, o casamento com o PT não deve mais ser atraente. O partido dos companheiros estará mais para noiva-cadáver. Parece-me bastante possível que o PMDB tente um voo próprio — ou, hipótese que considero superior à repetição da aliança de agora, pode integrar uma frente anti-PT. Os próprios petistas deixam claro que esse casamento não terá um terceiro tempo.

O partido decidiu manter o aceno ao PMDB em seu congresso encerrado neste domingo, conservando a sua atual política de alianças, mas dirigentes petistas gritavam “Fora Cunha!” enquanto o tema era debatido. À sua maneira, Cunha grita “Fora PT!”.

Continua após a publicidade

O presidente da Câmara aponta algo que Temer, dado o seu estilo, negaria de pés juntos, mas que é fato: há movimentos claros no PT para sabotar o seu trabalho, embora, e isto parece piada, ele seja obrigado a atuar para unir até as respectivas bancadas petistas na Câmara e no Senado. É fato que a petezada não se conforma com o protagonismo do vice na área política e se sente menos dona do governo do que gostaria.

Temer não repetiria certamente as palavras de Cunha, mas duvido que este tenha falado sem o aval, nem que seja pelo silêncio, daquele: uma ação explícita para desestabilizar o trabalho do coordenador político poderia ser respondida com o rompimento do PMDB com o governo. Parece improvável? Até parece. Mas aí também é preciso ver o tamanho do agravo.

O vice-presidente, de fato, não reivindicou a função; ela lhe foi mais ou menos imposta por Dilma na expectativa de que isso tornaria Cunha e Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado, reféns do Planalto. Temer explicou à interlocutora, à época, que as coisas não funcionam bem assim no partido, mas ela também estava sem escolha, e ele conferiu alguma ordem a uma área que era a casa da mãe joana.

Continua após a publicidade

Cunha afirma que Temer não é candidato à Presidência. Bem, acho que é. Não porque eu saiba o que o presidente da Câmara ainda não sabe, mas porque tal afirmação é incompatível com a realidade dos fatos: o vice ainda é o homem que concilia as várias correntes do partido, e o coordenador político do governo consegue ao menos amainar crises. Se o PMDB decidir mesmo ter candidatura própria, é evidente que haverão de perguntar a Temer se quer ou não — então é, sim, pré-candidato ao menos.

Com alguma ironia, Cunha diz que vão sentir a sua falta quando deixar a presidência da Câmara. E fez tal afirmação depois de negar que pretenda a reeleição. Não sei os outros. Eu vou. Nem tanto por causa do que ele pensa, mas em razão da sua operosidade. Há muito não se via uma Casa tão ativa, o que, como se nota, enche as esquerdas de ódio. Estavam acostumadas a um país que, havia 12 anos, amarrava-se à sua pauta imobilista.

Goste-se ou não das posições de Cunha, ele fez pelo debate democrático no Congresso o que há muitos anos não se fazia. Não por acaso, tornou-se o alvo principal dos dinossauros vermelhos. O que, parece-me, evidencia que, de fato, o PMDB não tem mais como andar junto com o PT. Esse casamento entrou, tudo indica, na sua etapa final. Melhor para o país.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas 5,99/mês
DIA DAS MÃES

Revista em Casa + Digital Completo

Receba 4 revistas de Veja no mês, além de todos os benefícios do plano Digital Completo (cada revista sai por menos de R$ 9)
A partir de 35,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a R$ 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.