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Reinaldo Azevedo

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FHC cobra, sim, o “mea-culpa” do PT, mas não para fazer conchavo

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso não é padre. Não consta que tenha exercido a Presidência, ao longo de oito anos, com dons sacerdotais. Tem apreço demais pela ironia informada para se fazer de pregador ou de confessor. Assim, a hipótese de que esteja a exigir de Lula ou do PT um “mea-culpa” para, então, perdoá-los […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 00h48 - Publicado em 3 ago 2015, 05h57

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso não é padre. Não consta que tenha exercido a Presidência, ao longo de oito anos, com dons sacerdotais. Tem apreço demais pela ironia informada para se fazer de pregador ou de confessor. Assim, a hipótese de que esteja a exigir de Lula ou do PT um “mea-culpa” para, então, perdoá-los e dar início ao conchavo me parece um tanto ridícula.

Não é o que está escrito em seu artigo no Estadão neste domingo. Ao contrário. Prestem atenção ao que FHC conta em seu texto:

“Na ocasião da viagem que a presidente Dilma e os ex-presidentes fizemos juntos à África do Sul, em dezembro de 2013, para assistir ao funeral de Mandela, disse a todos que a descrença da sociedade no sistema político havia atingido limites perigosos. Ainda não era possível antecipar o tamanho da crise em gestação, mas não restava dúvida de que o País enfrentaria dificuldades econômicas e que essas seriam ainda maiores se as suas lideranças políticas não dessem resposta ao problema da legitimidade do sistema político. Disse também que todos nós ali presentes, independentemente do grau maior ou menor de responsabilidade de cada um, deveríamos nos entender e propor ao País um conjunto de reformas para fortalecer as instituições políticas. A sugestão caiu no esquecimento.”

O ex-presidente vai adiante e escreve sobre Lula:
“Naquela ocasião, como em outras, a resposta do dirigente máximo do PT foi ora de descaso, ora de reiteração do confronto, pela repetição do refrão autorreferente de que antes dele tudo era pior. Para embasar tal despautério, o mesmo senhor, no afã de iludir, usou e abusou de comparações indevidas. Mais uma vez agora, sem dizer palavra sobre a crise moral, voltará à cantilena de que a inflação e o desemprego de hoje são menores do que em 2002, omitindo que, naquele ano, a economia sofreu com o medo do que poderia vir a ser o seu governo, um sentimento generalizado que, em benefício do País, meu governo tratou de atenuar com uma transição administrativa que permitiu ao PT assumir o poder em melhores condições para governar. Sobre a crise de hoje nenhuma palavra…”

Sim, FHC cobra de Lula e de seu partido o mea-culpa, deste modo:

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“É hora de reconhecerem de público que a política democrática é incompatível com a divisão do País entre ‘nós’ e ‘eles’. Para dialogar, não adianta se vestir em pele de cordeiro. Fica a impressão de que o lobo quer apenas salvar a própria pele. (…) Em suma, cabe aos donos do poder o mea-culpa de haver suposto sempre serem a única voz legítima a defender o interesse do povo.”

O ex-presidente lembra a condição que ele impôs para uma eventual conversa com Lula e com o PT:
“ (…) desde que seja para uma discussão de agenda de interesse nacional e pública. Por que isso? Porque não terá legitimidade qualquer conversa que cheire a conchavo ou, pior, que permita a suspeita de que se deseja evitar a continuidade nas investigações em marcha, ou que seja percebida como uma manobra para desviar a atenção do País do foco principal, a apuração de responsabilidades.”

Portanto, meus caros, fim de papo. Não haverá conchavo. Mas todos fiquem adicionalmente tranquilos: porque também não haverá mea-culpa. Não é nem da natureza do PT nem da natureza de Lula.

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