Fausto Polesi
Eu os deixei mais cedo ontem à noite porque fui ao velório do jornalista e advogado Fausto Polesi, um dos fundadores do Diário do Grande ABC, que morreu aos 81 anos. Trabalhamos juntos entre 1987 e 1992. A direção de redação do jornal já estava a cargo de Alexandre Polesi, que a conduzia com mãos […]
Eu os deixei mais cedo ontem à noite porque fui ao velório do jornalista e advogado Fausto Polesi, um dos fundadores do Diário do Grande ABC, que morreu aos 81 anos. Trabalhamos juntos entre 1987 e 1992. A direção de redação do jornal já estava a cargo de Alexandre Polesi, que a conduzia com mãos profissionais e seguras. Fausto era o verdadeiro espírito que nos animava a todos. Tinha, mais do que qualquer um de nós, os jovens, faro para a notícia. Sabia como poucos ver o que havia de geral numa ocorrência particular, de rua, aparentemente banal. Mas também estava atento às mudanças pelas quais passava o país, de que a região do Grande ABC era palco privilegiado naqueles dias.
Eu era redator-chefe do jornal, e nosso contato se fazia freqüente, até porque era ele o nosso principal editorialista. Concluía o seu texto e, às vezes, me chamava à sua sala para debater o artigo, saber o que eu achava, sinceramente interessado na opinião do interlocutor. Fausto sabia ouvir, e isso fazia dele uma figura admirada por todos os jornalistas que com ele conviveram.
O Diário do Grande ABC — a família Polesi não tem mais quaisquer vínculos com a empresa — traz em sua memória um belo exemplo de empreendedorismo, de que “Doutor Fausto” é personagem de destaque. Esse “doutor” agregado ao nome, aliás, foi objeto de nosso primeiro contato profissional. Ele me telefonou justamente para tratar do editorial e, ao entrar em sua sala, fui regulamentar: “Pois não, doutor Fausto”. Ele, então, com um sorriso largo, que tão bem o caracterizava, afirmou: “Vamos começar tirando o ‘doutor’ e o ‘senhor’ porque isso facilita a nossa conversa; se você me tratar por ‘Fausto’ e ‘você’, vai ser mais fácil acreditar se você elogiar um texto meu. E também fica mais fácil criticar”.
Ao longo de cinco anos, Fausto jamais me pediu para deixar de dar uma informação apurada, para “pegar leve” com esse ou com aquele, para tratar a notícia pelo viés da ideologia ou de qualquer outro interesse que não fosse o fato. Era, e queria ser tratado como tal, um jornalista. Jamais ouvi a voz do acionista da empresa.
A região do Grande ABC deve muito a seu espírito cívico, vigilante e trabalhador. Denunciou muitos desmandos. Ajudou a corrigir muitos erros. Evitou que outros tantos fossem cometidos. Deixo o meu abraço a Dona Mathilde, sua mulher, e aos filhos, meus queridos amigos, Alexandre e Cassiano, que herdaram do pai o talento, o caráter e a disposição para a inovação.
Sei que Deus abriga, generoso e um pouco egoísta, a sua alma. E que Ele nos console, os que sabemos a falta que Fausto nos faz.

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