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Reinaldo Azevedo

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Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura

Fascistas de skate

Ah, mas era batata! Escrevi ontem um texto sobre o quiproquó havido no dia 4, na Praça Roosevelt, em São Paulo, entre membros da Guarda Civil Metropolitana e skatistas, e um bando de analfabetos éticos e morais, incapazes de ler o que está escrito, resolveu atacar. Já enfrentei em passado nem tão distante ciclistas que […]

Por Reinaldo Azevedo 8 jan 2013, 06h33 • Atualizado em 31 jul 2020, 07h07
  • Ah, mas era batata! Escrevi ontem um texto sobre o quiproquó havido no dia 4, na Praça Roosevelt, em São Paulo, entre membros da Guarda Civil Metropolitana e skatistas, e um bando de analfabetos éticos e morais, incapazes de ler o que está escrito, resolveu atacar. Já enfrentei em passado nem tão distante ciclistas que decidiram parar a Avenida Paulista e, em nome da sua “democracia”, impedir, por exemplo, o acesso de doentes aos 14 hospitais do entorno… O que mais me fascina nesses casos é a horda de cretinos que nem mesmo se ocupa de ler o texto. Não! nem todo mundo que discorda de mim é cretino. Há os que se manifestaram de forma educada e razoável.

    Dizem que chamei os skatistas de “vagabundos”. É mentira! Vi aquele monte de indivíduos que deveriam integrar a chamada PEA (População Economicamente Ativa) sem ocupação numa sexta-feira gorda e invejei a sua condição. E, claro!, sugeri que, sem arrecadar dinheiro ao Estado, eles poderiam ao menos se abster de depredar os bancos que foram feitos para toda a população.

    Acusam-me de ter justificado a violência dos guardas municipais. Mentira também! O texto é público. Ao contrário: eu os censurei pelos excessos e disse que eram visivelmente despreparados. Escrevi que não vi razão — não naquele filme ao menos — para o uso do spray de pimenta e para a imobilização de um dos rapazes. E até tirei um sarrinho: a indignação só não foi maior porque a gestão municipal é petista.

    Reclamam porque pus aspas na palavra “esporte” para me referir ao skate. Eu reproduzia palavras de terceiros, que assim denominam essa atividade de lazer. Não recorri às aspas para tentar mudar ou inverter o sentido da palavra. Não gosto desse expediente. Mas, se querem saber, acho que se trata disto: uma atividade de lazer.

    As ofensas são as mais despropositadas e grosseiras, evidenciando o entendimento prejudicado que essa gente tem da democracia. Há também os pensadores… Um rapaz chamado Bernardo Franco resolveu fazer especulações sobre a minha vida privada e enveredou pela sociologia barata:
    “Ora,me parece que esse Reinaldo Azevedo não teve filhos e/ou não têm filhos que praticam esporte (Sim,esporte sem o uso de aspas pois o skate é um esporte). Partidarismo e falso moralismo estão ficando para trás, colunista. Hoje a verdade é escancarada na internet. Só resta as pessoas adquirirem e melhorarem seu senso crítico, e nunca mais teremos que aturar colunas e colunistas malas como você. Assimilar o skate ao vandalismo é o mesmo que assimilar a política com a corrupção. Vamos parar de generalizar as coisas e criticar mais aquilo que lemos, pessoal. Errado ou não, aquele “guarda” (guarda com aspas, pois nem uniformizado estava no momento) nao está bem preparado e talvez nao estaria exercendo a função adequada. Em momento algum nota-se violência na reação dos garotos. Vá viver a vida,Reinaldo. Talvez seja um pouco tarde, mas ao menos tente entendê-la. São garotos praticando esporte, não são bandidos com arma na mão ou de paletó roubando milhões como se sabe.”

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    Aprenda a ler, rapaz! Eu não associei o skate ao vandalismo porcaria nenhuma! Apontei um fato óbvio: os skatistas privatizaram a praça, que é de todos, e estão usando de modo inadequado um equipamento urbano. Sim, estão depredando os bancos, que não foram planejados para tal atividade. Sim, estão pondo em risco a segurança dos não skatistas. Sim, estão impondo aos outros a sua vontade. O YouTube está coalhado de vídeos com os “esportistas” no melhor da sua forma. Dá para constatar o respeito (ou “respeito”?) que têm pelos outros… Resolveram que a Praça Roosevelt, que pertence à comunidade, é propriedade de sua tribo.

    Vamos a um argumento que creio compreensível até para os autores das intervenções mais bucéfalas: tiro ao alvo, arco e flecha, aeromodelismo, bocha, malha, bicicleta, futebol, voleibol, handebol, queimada… Tudo isso é esporte. Imaginem se cada tribo decidir tomar a parte que acha lhe caber na praça para o exercício do seu gosto.

    O QUE HÁ COM ESSES IDIOTAS MIMADOS, INCAPAZES DE COMPREENDER QUE O BEM PÚBLICO, POR SER COLETIVO, A TODOS PERTENCE? E se jogadores de vôlei decidirem cercar um pedaço da praça? E se os jogadores de futebol de salão decidirem delimitar as suas próprias quadras?

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    O Bernardo Franco acha que, quando “as pessoas adquirirem e melhorarem seu senso crítico, nunca mais terão de aturar colunas e colunistas malas” como eu. Que alma generosa! Até parece que o meu blog invadiu o seu computador ou a sua casa. Ele, que ESCOLHEU acessar esta página, acredita que é “obrigado a me aturar”. Mas fica indignado com o meu protesto em defesa daqueles que estão tendo violado o seu direito de usar  um bem público.

    O Daniel Frauches, apelando ao melhor da tolerância e do pensamento, escreve (vai como veio):
    “você é gay ou vc é homosexual ?? pra fazer um comentario desses vc deve ser um velho mt escroto por sinal , se vc n intende a praia de skatista , não fala , não critica e fica na sua . Skate n é coisa de vagabundo , até porque oque vc acha que o skate é , custa pelomenos 300 pilas do seu lindo bolso , mas é claro , pra um filho da puta rico que nem vc , 300 reais n é nada.”

    Dizer o quê? Entendi, dado o seu comentário, que a) skate não é para gays (que, segundo ele, é coisa distinta de “homosexual” (com um “s”  só, é claro…); b) que só skatistas podem falar de skatistas, ainda que a gente seja atropelado por um deles; c) que não é coisa de vagabundo (nunca escrevi isso) porque o instrumento custa “pelomenos 300 pilas”; d) que escrevi aquele post porque sou rico, o que me faz supor, segundo seu juízo, que o skate seja coisa de pobre, embora custe “pelomenos 300 pilas”… Não vou perguntar se ele andou batendo a cabeça no cimento numa manobra mais radical porque sou uma pessoa educada. Os demais praticantes do esporte fiquem tranquilos que não tomarei o Daniel como um representante médio da categoria.

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    Todo militante é chato. Vê o mundo com os olhos de sua causa — ou seja, não vê. O meu “esporte”, digamos assim, é escrever. A mim me bastaria que respondessem ao que escrevi. Cometi o crime, ora vejam!, de cobrar que o poder público devolva a Praça Roosevelt ao povo, “como o céu é do condor” (Castro Alves) ou “do avião” (Caetano Veloso).

    Os skatistas que se reúnam lá em frente à Prefeitura e cobrem de Fernando Gugu Haddad uma pista para a prática do seu lazer. É um direito sagrado na democracia encaminhar petições ao poder público. E é um dever sagrado na democracia respeitar o direito dos outros.

    No próximo texto, compro briga com aqueles zés-manés que ficam jogando frescobol na praia ou que ficam contando aos berros as peripécias de sua vida privada. Não me digam que também há a comunidade dos fanáticos por frescobol e das pessoas que falam berrando…

    Não custa encerrar assim: este texto critica os fascistas de skate. Não significa que praticantes de skate sejam fascistas. Se fanáticos por Chicabon obrigassem os outros a consumir o sorvete, o texto se chamaria “Fascistas do Chicabon”, ainda que houvesse milhares de consumidores de Chicabon não fascistas. Escrevo para quem tem os dois pés, mas não as duas mãos, no chão. Os pés podem até estar sobre uma prancha com rodas. Mas a condição é que o vivente seja bípede e não tenha o corpo coberto de pelos ou penas…

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