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Reinaldo Azevedo

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Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura

Exclusivo 1 – Fala Marcola: ele também acha que a origem da miséria é social, mas entende o Estado hobbesiano

Este blog teve acesso à transcrição do depoimento de Marcola à CPI do Tráfico de Armas, prestado no presídio de Presidente Bernardes, no dia 8 de junho. Estavam presentes os deputados Moroni Torgan (FFL-CE), Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), Raul Jungmann (PPS-PE), João Campos (PSDB-GO), Neucimar Fraga (PL-ES), Jovino Candido (PV-SP) e Paulo Pimenta (PT-RS). […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 23h27 - Publicado em 13 jul 2006, 18h08
Este blog teve acesso à transcrição do depoimento de Marcola à CPI do Tráfico de Armas, prestado no presídio de Presidente Bernardes, no dia 8 de junho. Estavam presentes os deputados Moroni Torgan (FFL-CE), Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), Raul Jungmann (PPS-PE), João Campos (PSDB-GO), Neucimar Fraga (PL-ES), Jovino Candido (PV-SP) e Paulo Pimenta (PT-RS). Publicarei alguns trechos que são reveladores do chamado estado geral das artes. Mais adiante, vocês verão, o depoente se diz um leitor de Nietzsche. Mas, antes que chegue lá, parece que ele concorda com o presidente Lula e com Gilberto Dimenstein sobre as origens sociais da violência. Talvez eles só divirjam quanto à natureza hobbesiana do Estado. Já que o oficial não cumpre a sua parte, o PCC se propõe a ser o Leviatã. Veja abaixo. Ao longo do dia, publicarei outros trechos reveladores do depoimento. Ele até dá uma aula para Márcio Thomaz Bastos sobre as fronteiras brasileiras. Acompanhem:

Marcola: Eu acho que é o seguinte. Nós todos somos praticamente filhos da miséria, todos somos descendentes da violência, desde crianças somos habituados a conviver nela, na miséria, na violência. Isso aí, em qualquer favela o senhor vai ver um cadáver ali todo dia. Quer dizer, a violência é o natural do preso, isso é natural. Agora, essas organizações [refere-se a organizações como o PCC] vêm no sentido de refrear essa natureza violenta, porque o que ela faz? Ela proíbe ele [o preso] de tomar certas atitudes que pra ele seria natural, só que ele estaria invadindo o espaço de outro, o senhor entendeu? De outro preso. E elas vêm no sentido de coibir isso mesmo. É claro que se…
Paulo Pimenta – Certo, mas qual é a contrapartida que a organização exige dele? Ele paga para isso?
Marcola – Não, ninguém paga dentro da prisão pra nada, acabou isso. Houve uma época que parece que pagavam R$ 20, alguns presos que são ligados a uma determinada organização. Eram R$ 20 reais de caixinha, mensalmente, pra que pudessem ter advogados, assistência jurídica, muitas vezes… Só que isso foi abolido. Dentro do sistema penitenciário, ninguém dá um real pra ninguém. Agora, é claro que, por exemplo, pra impor essa política de respeito… Por exemplo, dentro do sistema penitenciário de São Paulo, é proibido o uso de crack, de uma droga chamada crack.
Paulo Pimenta – Isso foram os próprios presos que estabeleceram essa regra.
Marcola – Foi essa organização criminosa, que viu a degradação a que os presos estavam chegando e viu que estava totalmente sob… em falta de controle. Não tinha como controlar o crack dentro da prisão. Então foi simplesmente abolida, pro cara… Como se abole uma droga que faz o cara roubar a mãe, matar a mãe e tudo o mais? É difícil. Então, tem que mostrar a violência e falar: “Ó, cara, se você usar isso, pode te acontecer…”.

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