Ex-ministro Furlan: ”Perdeu mais quem acreditou no Brasil”
Por Evandro Fadel, no Estadão: Há pouco mais de uma semana de volta à presidência do conselho de administração da Sadia, o ex-ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Luiz Fernando Furlan disse ontem, em Toledo, oeste do Paraná, ter retrucado diretamente ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na semana passada, a crítica de que […]
Por Evandro Fadel, no Estadão:
A crítica de Lula foi uma resposta ao anúncio feito pela Sadia, em 25 de setembro, de que tivera um prejuízo de R$ 760 milhões com aplicações em derivativos. Ao participar da inauguração de mais uma unidade da empresa, que recebeu investimentos de R$ 173 milhões, ele citou essa como mais uma prova da crença da empresa no Brasil. Mas acrescentou que os investimentos para o próximo ano, sobre os quais não entrou em detalhes, serão todos reestudados. “Nós e todo mundo”, acrescentou.
Furlan admitiu que a empresa pode, pela primeira vez em 62 anos de história, não apresentar lucro. Ele aposta nos últimos meses do ano. Nos dois primeiros trimestres, a empresa apresentou lucro de R$ 350 milhões. O resultado do terceiro trimestre deve ser apresentado no dia 30. Ontem, Furlan conversou com a imprensa antes e após a solenidade. A seguir, os principais trechos das entrevistas.
Como foi seu retorno ao Conselho de Administração da Sadia?
Foi para trazer um pouco de experiência, serenidade, que, nesta hora, quem já viveu outras turbulências normalmente sabe como lidar melhor. A empresa está perfeita na parte operacional. Hoje fiquei sabendo que só aqui em Toledo tem 9 mil funcionários diretos. Dá para fazer uma guerra com 9 mil soldados. E todos trabalhando, a turma animada.
Há uma tendência de queda nas vendas no fim de ano?
Não, não. Acho que o consumidor vai olhar com mais cuidado o endividamento. Bens duráveis, veículos, mesmo alguma coisa de construção civil vão precisar ter uma acomodação porque o consumidor não pode continuar a se endividar. Mas, na parte de bens de consumo, como alimentos, acredito que não.
Houve uma convocação de assembléia para 3 de novembro para discutir as ações que levaram ao prejuízo de R$ 760 milhões. O conselho de administração já tem uma avaliação sobre o que aconteceu?
Nós já tínhamos no nosso plano a convocação de uma assembléia para dar transparência a todos os acionistas e, nessa assembléia, vamos apresentar todos os resultados das investigações feitas pela empresa e também pela auditoria especial (a consultoria KPMG), contratada para esse fim.