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Reinaldo Azevedo

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Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura

Estadão corrige o seu editorial, e volto a reconhecer o jornal

Fiz ontem — ainda está na home — uma crítica dura a um editorial do Estadão. Leitores reclamaram, afirmando que eu não havia entendido, sei lá, a ironia do redator. Eu tinha entendido tudo direitinho, sim. Tanto tinha, que, já na edição de hoje, há uma óbvia e necessária correção de rumo. Num novo editorial. […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 20h23 - Publicado em 19 set 2007, 07h01
Fiz ontem — ainda está na home — uma crítica dura a um editorial do Estadão. Leitores reclamaram, afirmando que eu não havia entendido, sei lá, a ironia do redator. Eu tinha entendido tudo direitinho, sim. Tanto tinha, que, já na edição de hoje, há uma óbvia e necessária correção de rumo. Num novo editorial. Este, sim, equilibrado, atribuindo mérito a quem tem, sem fazer a apologia do baixo realismo. Neste novo editorial, felizmente, há mais Estadão — É FUNDAMENTAL O LEITOR RECONHECER UM JORNAL — e nenhum Salazar. Já no título, as coisas começam a entrar nos eixos. Ontem: “Uma pesquisa explica a outra”; hoje: “Melhora contínua”. O Estadão leu a minha crítica e me deu razão? Sei lá eu. Nunca escrevo pensando no que vão achar. Escrevo o que acho que devo. Ao texto:

O Brasil que emerge da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) relativa a 2006 é um país onde as condições de vida vêm melhorando mais acentuadamente desde a criação do real. O dado que sintetiza a melhora registrada nesse ano é a renda real do trabalhador, que cresceu 7,2% de 2005 para 2006, o maior aumento em 11 anos. A economia brasileira – graças ao que Alan Greenspan acaba de definir como o “boom” econômico mais extraordinário que já viu na história – vive um ciclo de crescimento que deve continuar produzindo, nos próximos anos, resultados muito bons – se não for interrompido por uma crise vinda de fora – que o governo continuará apresentando como frutos exclusivos de suas políticas.

É inegável que alguns desses frutos, como o crescimento mais rápido da renda dos mais pobres, decorrem de decisões do governo do PT, entre as quais aumentos reais mais expressivos do salário mínimo nos últimos anos. Mas o que a série histórica dos dados da Pnad deixa evidente é que as melhoras não começaram em 2003, primeiro ano do mandato de Lula, mas bem antes.

Veja-se, por exemplo, o caso da distribuição da renda medida pelo Índice de Gini. Esse índice varia de 1, que representa a concentração total de renda, a 0, que seria o índice registrado numa sociedade com distribuição igualitária da renda. Quanto mais próximo o índice de uma sociedade estiver de um ou de outro se dirá que ela tem renda mais ou menos concentrada.

O Índice de Gini do Brasil não começou a cair no governo do PT. Houve um processo de piora da distribuição de renda, registrado pelo índice, que terminou em 1994, ano de lançamento do Plano Real. Nos três anos seguintes, o índice se manteve estável, mas desde 1998 vem caindo.

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Quanto ao rendimento real médio dos trabalhadores, cujo notável crescimento em 2006 foi bem destacado pela imprensa, deve-se observar que, a despeito desse aumento, seu valor, R$ 888, ainda está muito abaixo do recorde histórico registrado em 1986 (ano do Plano Cruzado), de R$ 1.055 (valor ajustado pela inflação), e inferior também aos R$ 975 de 1996. Um exame do gráfico publicado sábado pelo Estado mostra que a recuperação do rendimento dos trabalhadores em 2006, embora recorde, foi suficiente apenas para equipará-lo ao de 1999.

Nesse mesmo gráfico, é evidente também o efeito das turbulências políticas sobre o desempenho da economia e, conseqüentemente, sobre o rendimento dos trabalhadores. Em termos porcentuais, a queda mais notável (de 7,7%) ocorreu entre 2002 e 2003. Foi o período em que os agentes econômicos, assustados com o crescimento das intenções de voto no candidato Lula e, em seguida, com sua eleição, se retraíram. Apesar do compromisso assumido por Lula na campanha – e rigorosamente cumprido -, de que asseguraria a estabilidade econômica, a recuperação da renda do trabalhador só começou no terceiro ano do governo do PT, em 2005, acentuando-se em 2006.

Há outros avanços econômicos e sociais constatados pela Pnad que merecem ser destacados. O número de vagas abertas no mercado formal de trabalho, com carteira assinada, cresce mais depressa do que o das oferecidas no mercado informal, o que indica empregos melhores. As estatísticas do IBGE mostram também que, apesar da péssima qualidade do ensino público, melhora o nível de educação da população, ao mesmo tempo que cai o índice de analfabetismo – que, aliás, já poderia estar extinto.

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Um dado demográfico importante, pois mostra a consolidação de uma mudança nos padrões da evolução da população brasileira, é a queda da taxa de fecundidade, que em 2005 ficou em 2,1 filhos por mulher. Este é o índice que os demógrafos chamam de “reposição da população”, pois os filhos “substituem” pai e mãe nas estatísticas. Estima-se que, mantido o ritmo de redução da taxa de fecundidade, entre 2005 e 2040, a população brasileira começará a diminuir, como ocorre em alguns países desenvolvidos.

Na essência, a Pnad mostra que o Brasil passa por um processo de transformações pelas quais já passaram outros países que há alguns anos tinham nível de desenvolvimento comparável ao nosso e hoje apresentam indicadores econômicos sociais muito melhores que os nossos. Aqui, o processo está atrasado e seu ritmo continua lento.

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