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Reinaldo Azevedo

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Emenda Três e os indecentes

Leiam o que vai no Estadão On Line. Por Denise Chrispim Marin. Volto em seguida: O secretário da Receita Federal, Jorge Rachid, apresentou nesta quinta-feira, 26, em audiência pública na Câmara, as linhas gerais de um projeto com o qual o governo pretende acabar com a “zona cinzenta” das pessoas jurídicas personalíssimas, para tentar um […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 22h30 - Publicado em 26 abr 2007, 19h30
Leiam o que vai no Estadão On Line. Por Denise Chrispim Marin. Volto em seguida:

O secretário da Receita Federal, Jorge Rachid, apresentou nesta quinta-feira, 26, em audiência pública na Câmara, as linhas gerais de um projeto com o qual o governo pretende acabar com a “zona cinzenta” das pessoas jurídicas personalíssimas, para tentar um consenso no Congresso Nacional sobre esse tema.Rachid indicou que no caso da prestação de serviços artísticos, as pessoas jurídicas deverão recolher o equivalente a 10% do faturamento em contribuição para o INSS. Esse valor poderá ser abatido posteriormente, se essa pessoa jurídica tiver desembolsado a contribuição com sua folha de pagamento.Para outras categorias profissionais, como a de jornalista e executivos, a Receita ainda não definiu concretamente o conceito de pessoa jurídica personalíssima e vai continuar os debates com entidades de profissionais, sindicatos empresariais e parlamentares.Rachid defendeu que as questões tributárias relativas à Emenda 3, que impedia a autuação pela Receita Federal de pessoas jurídicas que ainda mantém características de trabalho assalariado, não podem levar à precarização do emprego, nem à contaminação da legislação trabalhista.DivisãoDurante audiência pública em sessão conjunta na Câmara, das comissões de Finanças e Tributação, Desenvolvimento Econômico e do Trabalho houve uma clara divisão entre os que defendem a preservação da Emenda 3, que foi vetada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.Nesse grupo estavam os representantes das confederações nacionais da indústria e do comércio e da Associação Brasileira das Emissoras de Rádio e Televisão (Abert). O grupo contrário à Emenda 3 era composto por representantes de associações de auditores fiscais da Receita, da Previdência e do Trabalho e pelos sindicalistas.Durante a sessão, o deputado Paulo Rubem Santiago (PT-PE) afirmou que 90% das pessoas jurídicas do País não serão atingidas por qualquer que seja a definição adotada para pessoas jurídicas personalíssimas. Ele concordou com o deputado Tarcísio Zimmerman (PT-RS) de que a preservação da Emenda 3 significará a preservação de uma malandragem. Para Santiago, a transferência da atribuição dos fiscais da Receita de autuar essas pessoas jurídicas é “temeroso”, porque na Justiça o processo demoraria demais para ser concluído.GolpeO deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força Sindical, disse que a Emenda 3 foi uma tentativa de golpe no Congresso Nacional e causou “um rolo” dentro do governo. “Tem uma guerra dos trabalhadores contra o Congresso Nacional. Que isso sirva de lição: ninguém pode passar o chapéu em ninguém”, afirmou.Paulinho insistiu que o governo deveria encaminhar um projeto alternativo até a próxima segunda-feira e anunciou que para terça-feira, dia 1º, a Força Sindical convocou 10 milhões pessoas para uma manifestação, na qual deverá ser decidido o agendamento de uma greve nacional contra o Congresso.Para ele, a apresentação dessa proposta alternativa poderia desarmar os ânimos dos trabalhadores para a convocação da greve. Ao iniciar sua explanação, Paulinho afirmou que o secretário da Receita Federal só pensa em arrecadar mais e “vai aprontar alguma coisa”, em uma clara indicação da desconfiança em relação ao projeto alternativo do governo.Dirigindo-se para o ex-secretário da Receita, Everardo Maciel, o deputado foi impiedoso. “Você aumentou a carga tributária do País de 23% para 36%.O advogado Antonio Carlos Rodrigues do Amaral, da OAB de São Paulo, falou em nome da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), na audiência pública. Para Amaral, a aprovação pelo Congresso Nacional do veto do presidente Lula à Emenda 3 significará o aumento da competência do Executivo, em detrimento do Poder Judiciário do País.Amaral disse que discorda da afirmação da Receita Federal de que há uma zona cinzenta na definição de pessoa jurídica personalíssima. Segundo ele, na Constituição está clara a defesa da livre iniciativa e da livre concorrência e que portanto isso significa que o fiscal da Receita não pode ter atribuição de juiz. Nesse sentido, afirmou, a Emenda 3 teve a função de definir o nível de competência do auditor fiscal.

Voltei
Retomo o ponto expresso no começo desta madrugada. Está claro que a única intenção do governo, desde sempre, era tributar mais. Eles querem é grana. As centrais sindicais, por sua vez, pretendem encabrestar uma parte da mão-de-obra que não está subordinada a seu tacão. O quer quer dizer o tal “Paulinho da Força Sindical”? Golpe no Congresso? Mas não foi o Congresso que aprovou a Emenda Três, com votação convincente nas duas Casas? Ou será que ele quis dizer que o Parlamento tentou dar um “golpe” nos trabalhadores? O Poder, por excelência, da democracia não tem legitimidade para votar sem antes pedir permissão para Paulinho e sua turma?

Essa história é acintosa. Quem vive na “zona cinzenta”, sr. Rachid, são os milhões de trabalhadores brasileiros — estimados em 54% da mão-de-obra — que estão na informalidade, sem CLT e sem contrato de trabalho de nenhuma natureza. Um governo decente cuidaria antes de ter uma regra de inclusão dessa gente toda na formalidade. Fazendo como faz, apenas sai à caça de casos exemplares. É a lógica do capitão-do-mato.

No debate, como viram acima, o deputado Tarcísio Zimmerman (PT-RS) chegou a classificar de “malandragem” a preservação da Emenda Três. O que dizer a ele? Que malandragem é receber reembolso por mais gasolina do que o tanque pode carregar? Ainda que ele não faça isso, está cercado de gente que certamente faz. Chegamos agora a este ponto: gente que paga impostos vai ser chamada de “malandra” por um deputado petista?

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É indecoroso, indecente mesmo, defender o veto à Emenda Três fora de um plano geral de formalização da mão-de-obra.

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