ELIANE CANTANHÊDE DOBRA A DOSE DO REMÉDIO ERRADO PARA VER SE DÁ CERTO
Eliane Cantanhêde, Eliane, como indagaria um pastor de Virgilio, “quae te dementia cepit”, mulher? A colunista da Folha resolveu agir como um desses médicos aloprados que, ao perceber que o remédio está errado, dobra a dose só pra provar que está certo. Ela abraçou as teses de Marco Aurélio Garcia, teve os argumentos desmoralizados pelos […]
Alfredo Stroessner foi ditador do Paraguai de 1954 a 1989 e não era flor que se cheirasse -que o digam suas vítimas e descendentes. Mas, ao ser chutado do poder, veio parar no Brasil, instalado cômoda e tranqüilamente na capital da República como exilado político, até morrer em 2006 de morte morrida, aos 93 anos de idade.
Isso não significa que o governo brasileiro financiasse o terror paraguaio, nem articulasse um golpe no país vizinho, nem… nem coisa nenhuma. Apenas concedeu-lhe um direito internacionalmente reconhecido: o asilo político.
Xiii… Eliane não conhece a história das Farc e acaba de obscurecer também a do Paraguai. Stroessner, de fato, ficou no Brasil: sob o compromisso de que não se envolveria em questões políticas brasileiras ou paraguaias. E não se envolveu. Olivério Medina, ao contrário, é DIRIGENTE DAS FARC, Eliane Cantanhêde. Tenha você a opinião que tiver, pare de ficar desinformando os leitores, criatura. O “Cura Camilo” é um dos membros da Coordinadora Continental Bolivariana (CCB), que é o braço internacional do terrorismo. E os e-mails provam que ele desrespeita a legislação brasileira. Ademais, Stroessner não poderia mesmo financiar o terror paraguaio pela simples e óbvia razão de que não havia terror paraguaio… O único terror paraguaio conhecido, de efeitos devastadores, é o uísque.
Agora, há um deus-nos-acuda porque o Brasil acolhe o cidadão colombiano Olivério Medina, ex-padre que se apresenta como “embaixador” das Farc e cuja mulher, uma brasileira, trabalha no Ministério da Pesca. Entonces, pergunta-se: 1) o país que acolheu Stroessner por 17 anos não pode fazê-lo com Medina por quê? 2) nem ele nem sua mulher podem trabalhar e devem morrer de fome?
Como Eliane é singela! Despertou em mim a vontade de levar uma marmita para Angela Slongo, a mulher do terrorista. Olivério Medina não é um “cidadão colombiano”: é um homem processado por terrorismo em seu país e que, no Brasil, como provam os e-mails, continua vinculado ao terror. Não! O país que acolheu Stroessner há 17 anos não pode acolher Medina se ele vier, como veio, na condição de emissário de um grupo armado. Eliane quer enganar-se ou quer enganar os leitores? O ex-ditador paraguaio aqui chegou porque, como ela disse muito bem, foi chutado do Paraguai. Não estava no Brasil para conspirar contra o seu país de origem, com o qual mantemos relações diplomáticas. Medina aqui está, como ele próprio revelou, para conseguir o passaporte brasileiro e ganhar mobilidade. Para quê? Para fazer o que as Farc fazem: traficar, seqüestrar, matar.
Quanto ao casal morrer de fome… Confesso-me comovido. De fato, se a mulher de um terrorista não trabalhar no governo, vai trabalhar onde, não é mesmo? Coitada! Morre de fome! E o detalhe que torna tudo mais encantador: ela defende a pesca brasileira em… Brasília!!! Os únicos peixes fartos em Brasília são tubarão — no Congresso — e piranha ali nos arredores da rodoviária.
Essa discussão está fora de controle.
Não. Há algo fora de controle, mas não é a discussão…
Huuummm… Calma, Eliane. Respire.Quem deu a Medina o status de refugiado nem foi o governo, mas o STF — com o apoio do Planalto. De resto, todos aqueles que agora censuram as folias dos petistas com as Farc também criticaram Tarso Genro por ter entregado os boxeadores ao facinoroso cubano — aqui, então, nem se diga. Fui o primeiro, o que uma pesquisa na Internet pode comprovar. Mas o que uma coisa tem a ver com outra? Alguém, por acaso, elogiou o comportamento do governo naquele caso?
É como os e-mails das Farc citando brasileiros: isso não prova nada, muito menos participação na guerrilha, em contrabando de armas e cocaína, exportação de revoluções e articulações para derrubar Uribe.Só faltava haver gente no governo brasileiro diretamente envolvida com todos esses crimes — incluindo o que seria uma declaração de guerra: tentar derrubar o presidente de um outro país. Estou um pouco espantado com o texto de Eliane. Só pode ser desespero de quem embarcou numa canoa furada e se pega sem argumentos. ATÉ PORQUE ELA DEVERIA SER MAIS CAUTELOSA. Nem mesmo sabe se os 85 e-mail reúnem tudo o que se tem sobre o Brasil… Intuo que não.Se, no entanto, Eliane estiver se referindo a Medina, a coisa muda de figura. Ele é dirigente das Farc e da CBR — logo, está envolvido, SIM, com o terrorismo, o contrabando de armas, a produção e a venda de cocaína, os campos de concentração e os assassinatos.Estamos carecas de saber das antigas ligações de setores da esquerda brasileira com as Farc, mas as Farc mudaram, o PT mudou, a turma do Planalto está feliz da vida com o poder.Não! Eu, infelizmente, estou careca. Eliane continua loura. Não me consta que ela tenha perdido cabelos escrevendo sobre as vinculações de petistas com as Farc. E que historia é essa de que elas mudaram? Não ao mesmos desde que o PT existe. As ligações do grupo com o narcotráfico já caminham para três décadas. Quando Lula e Marco Aurélio Garcia fundaram o Foro de S. Paulo junto com aqueles bandoleiros, sabiam muito bem a que atividade eles se dedicavam. Há membros no Diretório Nacional do PT que fazem a defesa escancarada dos narcoterroristas — e, por incrível que pareça, o governo brasileiro não aceita o que um dirigente da organização já admitiu em entrevista à própria Folha: sim, eles se dedicam ao tráfico de drogas. Mesmo assim, o Brasil sempre preferiu se declarar “neutro” quanto ao real caráter das Farc.Dizer que o PT mudou, lamento dizer, é não conhecer nem o PT de antes nem o PT de agora. Os petistas nunca foram partidários da luta armada. Suas escolhas para desmoralizar a democracia sempre obedeceram a uma outra receita. Não vou tratar disso aqui porque seria me alongar demais — até porque tenho tratado disso há muito tempo.Ninguém mais fala em reformas, quanto mais em revolução em país alheio!Huuummm… Que revolução em país alheio??? Quando é que alguém acusou o governo brasileiro de estar promovendo revolução na Colômbia? Que tática é esta de negar o que ninguém afirma? Mas esta única linha chega a ser involuntariamente engraçada porque:– nenhum crítico das Farc as considera revolucionárias; são terroristas;– afirmar que “ninguém mais fala em reformas, quanto mais em revolução” trai a idéia estúpida de que a reforma é um degrau inferior da revolução. Há momentos em que a falta de formação política faz… falta!!! A reforma, Eliane, é, acredite, a contradição da revolução. Mais não explico. Aí só em livro.
No máximo, pode-se falar em saídas negociadas entre Uribe e Farc, para evitar um mar de sangue.
Como eu suspeitava, é uma coluna inspirada pelas teses de Marco Aurélio Top Top Garcia. Que saída negociada? Surtou? São cinco mil terroristas contra 45 milhões de colombianos. A cúpula da guerrilha foi liquidada. Seus espaços são cada vez menores. A única “negociação” se dá para libertar os reféns. Não há que se falar em “saída negociada” porque não há impasse. A democracia colombiana venceu: contra a vontade da Venezuela, do Equador e do Brasil, que tentou esmagar diplomaticamente a Colômbia e dá abrigo a um dirigente terrorista. Mais do que isso: dá emprego à sua mulher — ou a coitadinha morre de fome…
E daí? Com tantos problemas reais, é pouco para a gente ficar botando chifre em cabeça de cavalo.
Eliane acha pouco que autoridades brasileiras tenham sido flagradas em negociações com um grupo que mata, que seqüestra e que mantém centenas de pessoas em campos de concentração. Acha que isso é buscar chifre em cabeça de cavalo. O clichê, como todo clichê, só desinforma. Se preciso, chama touro de cavalo só para lhes esconder os chifres…
Eliane, nessa historia, lembra Franklin Martins, ainda fora do governo — mas já bastante dentro —, a negar a existência do mensalão.