O Brasil é um hospício. No poema Prece do Brasileiro, feito m 1970, Carlos Drummond de Andrade fala da seca do Nordeste, em especial no Ceará, e de como ela era fruto não do castigo de Deus, mas da falta de ciência e tecnologia. Era um daqueles poemas em prosa — aliás, está no livro […]
Por Reinaldo Azevedo
Atualizado em 31 jul 2020, 23h17 - Publicado em 28 ago 2006, 20h29
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O Brasil é um hospício. No poema Prece do Brasileiro, feito m 1970, Carlos Drummond de Andrade fala da seca do Nordeste, em especial no Ceará, e de como ela era fruto não do castigo de Deus, mas da falta de ciência e tecnologia. Era um daqueles poemas em prosa — aliás, está no livro Versiprosa. Um brasileiro está orando e faz um apóstrofe atrevida: pergunta a Deus por que Ele é tão insensível às dores do povo nordestino. E Deus decide responder. Por que me lembrei disso agora? Por causa da cidade de Iguatu, citada no poema no seguinte trecho:
“E Iguatu, Parambu, Baturité, Tauá. (vogais tão fortes não chegam até vós?)”
Pois é. Os problemas de Iguatu, 36 anos depois, continuam os mesmos. A terra queima, e o clima eleitoral pega fogo. Partidários de Lúcio Alcântara, governador tucano que concorre à reeleição, e do adversário Cid Gomes (PSB) se pegaram a tapas na noite de sexta-feira. Tudo porque o prefeito, Agenor Neto, se desfiliou do PSDB para anunciar seu apoio à candidatura de Lula à Presidência, mantendo, no entanto, a sustentação a Alcântara — que, embora tucano, também fechou com o presidente. Entenderam? Deu briga porque eles divergem na aldeia, mas estão defendendo o mesmo Babalorixá. Os partidários de Cid Gomes partiram pra cima de Agenor porque exigem reserva de mercado no apoio ao Apedeuta. A turma de Cid que bateu na turma do tucano Alcântara está junto com a turma de Tasso, que é tucano. Mais do que isso: é o tucano-chefe.
Na nota seguinte, posto o poema inteiro. Um pouco de descanso na maluquice.
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