É crise “NO”, não “DO”. E a experiência…
Chegaram alguns comentários reproduzindo argumentos que passaram a ser correntes na imprensa européia e o no lobby democrata, nos EUA: quais são as credenciais de John McCain e de Sarah Palin para responder à maior crise do capitalismo desde 1930? Huuummm… Não quero que isso seja um jogo de palavras apenas, mas acho que há […]
Chegaram alguns comentários reproduzindo argumentos que passaram a ser correntes na imprensa européia e o no lobby democrata, nos EUA: quais são as credenciais de John McCain e de Sarah Palin para responder à maior crise do capitalismo desde 1930? Huuummm… Não quero que isso seja um jogo de palavras apenas, mas acho que há uma crise NO capitalismo, não uma crise DO capitalismo.
Sabem por quê? Para que houvesse uma crise DO capitalismo, seria necessário que o sistema estivesse sendo pressionado por uma alternativa — e, então, tendo de responder a essas pressões, suas contradições e fragilidades iriam aparecendo, vislumbrando-se adiante a ameaça do colapso. Mas nada disso é verdade. Não há alternativa nenhuma. Há um problema — enorme! — derivado da explosão da bolha imobiliária e do fornecimento irresponsável de crédito. Culpa do governo americano? De Bush? Está para ser demonstrada.
Assim, em primeiro lugar, convém não exagerar no apocalipse só para justificar a vinda do anjo negro — quero dizer, mestiço — com a sua trombeta anunciando a resposta para todos os males: “Chaaaaaaangeeeeee, chaaaaaangeeeeee”.
Em segundo lugar, argumentos cretinos costumam se voltar contra os argumentadores. Fatalmente! Se a questão é “experiência” para enfrentar a crise NO capitalismo, a dupla McCain-Sarah, na média, é mais experiente do que a dupla Obama-Biden. Ou não? Ademais, a café-com-leite Sarah é vice; na chapa democrata, quem administrou, até agora, no máximo, uma ONG foi Obama. De onde vem a certeza de que ele tem resposta para a crise?
Se os democratas perderem esta eleição, é provável que entrem numa crise profunda. Tudo, mas absolutamente tudo, conspira a favor da sua vitória — com a provável exceção, vejam que coisa!, da dupla que lidera a chapa. E Obama deveria ser o grande fator de atração do eleitorado, não é mesmo? Não dá pra saber porque não se conta a história que não houve, mas Hillary estaria muitos pontos à frente de McCain!
“Barbaridade! Heresia! Como você sabe?” Eu não sei. Penso segundo uma direção. O eleitorado democrata, poroso aos juízos da imprensa politicamente correta e aos movimentos de minoria — as organizações de mulheres já são establishment —, deixou-se seduzir pela figura de Obama, que também ganhou o mundo. E confundiu os EUA com a maioria do partido.
A soma de eventos a favor dos democratas é tão gigantesca, que até eu, que torço por McCain, considero: “É impossível que eles não ganhem”. E, no entanto, hoje, eles perderiam. E perderiam, antes de mais nada, para si mesmos e seu avetureirismo. A reação, por enquanto, não poderia ser pior: “é preconceito”; “é porque Obama é negro”; “é por causa da campanha negativa” (como se os democratas não tivessem se especializado nessa área). Tenho a impressão de que isso piora tudo.
Finalmente, Obama não ajuda ao acusar McCain de ser velho, de ser conservador, de não aprender coisas novas, de não mudar nunca… É uma acusação um tanto tola quando parte de alguém de quem se suspeita mudar demais. Ou os democratas dão rumo novo à campanha, ou ficarão mais quatro anos longe do poder.