Deve haver algo de “duron” em Molon, né?
Paulista (mas não paulistano), sempre tive certa inveja do Rio: da paisagem, refiro-me à natural, e da facilidade com que se lançam modas por ali. Sempre há uma palavra, uma expressão, um comportamento novos. Não há bala perdida ou mosquito que intimidem a capacidade do carioca de nos surpreender. Para mim, confesso, a expressão “Alessandro […]
Paulista (mas não paulistano), sempre tive certa inveja do Rio: da paisagem, refiro-me à natural, e da facilidade com que se lançam modas por ali. Sempre há uma palavra, uma expressão, um comportamento novos. Não há bala perdida ou mosquito que intimidem a capacidade do carioca de nos surpreender. Para mim, confesso, a expressão “Alessandro Molon”, nome do candidato de Lula e de Sérgio Cabral à prefeitura, está nesse rol de novidades.
Desculpo-me com os cariocas: nunca tinha ouvido falar do sujeito. Aliás, a maioria da população da cidade também não: o cara tem 1% das intenções de voto segundo o Datafolha. Mas, como se vê, é bom para fazer amigos e influenciar pessoas, né? Parece ser ligado a uma tendência do catolicismo carismático. Não é a minha praia. Sou da turma do rito latino tradicional, se é que me entendem. Se eu fosse obrigado, mas não sou, a optar entre a aeróbica do Senhor e o cilício, escolheria o cilício…
Quando me dei conta da sua existência, fui ler uma coisinha ou outra. Parece que está sendo vendido como a renovação do petismo — uma espécie, assim, de face ética, jovial e de banho tomado do velho PT cascudo do Rio, entre incompetente, enfezado e, digamos, de moral nem tão elevada.
Por que alguém de ar e trajetória tão virginais, de face tão cândida, tão assim, como direi?, aparentemente “molon”, consegue juntar Lula e Cabral tendo, na largada, apenas 1% dos votos? Deve haver algo de “duron” em “molon”. Ou seja: ele pode ser tudo, menos essa figura antiestablishment que o marketing da descolada esquerda da Zona Sul resolveu emplacar.