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Reinaldo Azevedo

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Detalhes da eleição na Venezuela explicam por que o chavismo não vai sobreviver

Com o câncer de Hugo Chávez transformado em ativo eleitoral, seu partido venceu as eleições, no ano passado, em 20 dos 23 departamentos — ou estados. E muitos previram vida eterna para o regime. Erro. Nem para Chávez nem para o chavismo. Fui ver o resultado das eleições deste domingo nos 23 estados mais o […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 06h28 - Publicado em 15 abr 2013, 18h46

Com o câncer de Hugo Chávez transformado em ativo eleitoral, seu partido venceu as eleições, no ano passado, em 20 dos 23 departamentos — ou estados. E muitos previram vida eterna para o regime. Erro. Nem para Chávez nem para o chavismo.

Fui ver o resultado das eleições deste domingo nos 23 estados mais o Distrito Capital — 24 ao todo (veja mapa eleitoral do jornal (El Universal). Há alguns dados interessantes, que indicam que o chavismo não sobreviverá a Chávez. Vamos ver.
– Nicolás Maduro venceu em 16 departamentos, incluindo o Distrito Capital;
– Henrique Capriles ganhou em apenas 8;
– embora tenha vencido no dobro de departamentos, o candidato bolivariano conseguiu, no país, 1,58 ponto de diferença em relação a seu adversário;
– isso indica o óbvio: Capriles venceu nos estados mais populosos, e Maduro, nos menos;
– há apenas nove estados com mais de um milhão de habitantes na Venezuela; destes, Capriles venceu em seis: Zulia, Táchira, Lara, Miranda, Anzoátegui e Bolívar. Só perdeu no Distrito Capital, Aragua e Carabobo.
– A Venezuela tem perto de 30 milhões de habitantes; pelo menos 5,3 milhões estão do chamado Distrito Capital, que inclui a capital propriamente, Caracas (três milhões).
– Muito bem: nessa massa eleitoral, a diferença em favor de Maduro foi superior à média nacional: 51,32% a 48,19% —3,13 pontos. Está longe de ser uma distância convincente;
– Se a oposição diminuir a diferença no Distrito Capital, chegar mais perto em Aragua (54,05% a 45,6%), com 1,7 milhão de habitantes, e virar o jogo, ainda que por margem estreita, em Carabobo (50,04% a 49,36%), com 2,3 milhões de habitantes, o chavismo já era;
– os programas assistencialistas do governo são mais agressivos na Grande Caracas, que também concentra as milícias bolivarianas armadas. Mesmo assim, a diferença em favor do chavismo é pequena;
– o melhor resultado de Maduro se deu em Portuguesa (65,19% a 34,51%), com 873 mil habitantes;
– o melhor resultado de Capriles está em Táchira (62,95% a 36,91%), com 1,18 milhão de habitantes.

Os dados apontam para uma hipótese: ainda que os números estejam certos e que não tenha havido roubo em sentido clássico (as eleições já são fraudadas em sua própria natureza), o chavismo, já moribundo, vai se sustentar por algum tempo nos grotões mentais do país — incluindo os de miséria e ignorância, controlados por milícias, na Grande Caracas. Mas dificilmente resistirá, para glória do bom senso.

Mesmo com toda a máquina de propaganda, mesmo com as oposições reduzidas ao silêncio, em apenas 3 dos 16 estados em que Maduro venceu, a oposição ficou abaixo dos 40%; em seis deles, ficou acima dos 45%.

A oposição venceu em seis dos nove estados com mais de um milhão de habitantes; neste grupo, é fato, Maduro obteve pouco mais de 47% dos votos em cinco. Mas jamais se pode perder de vista a questão essencial, de base: estamos falando de um povo que tenta vencer uma ditadura pela via eleitoral; estamos falando de um governo que cassa o direito à livre expressão do que, certamente, a esta altura, já é a maioria do país.

Insisto: houvesse igualdade na disputa, o que vai aqui seria, se não descabido, um tanto duvidoso. Mas não há. Os que votaram em Capriles, dado o contexto, escolheram a resistência. De resto, Maduro não é Chávez, e o estoque de feitiçarias populistas do governo chegou ao fim.

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