“Demissão” de Gleisi de Itaipu leva PSDB à Procuradoria. Ou: A evidência simples e direta da privatização do estado promovida pelo PT
O líder do PSDB na Câmara, Duarte Nogueira (SP), anunciou que o partido vai pedir que a Procuradoria Geral da República apure as circunstâncias da saída da agora ministra Gleisi Hoffmann da direção financeira da Itaipu, ocorrida em 2006. Ela deixou o cargo para se candidatar ao Senado. Em vez de pedir demissão, foi, ao […]
O líder do PSDB na Câmara, Duarte Nogueira (SP), anunciou que o partido vai pedir que a Procuradoria Geral da República apure as circunstâncias da saída da agora ministra Gleisi Hoffmann da direção financeira da Itaipu, ocorrida em 2006. Ela deixou o cargo para se candidatar ao Senado. Em vez de pedir demissão, foi, ao menos oficialmente, demitida, o que lhe permitiu receber a multa do FGTS (R$ 41.829,79.) e sacar o fundo (pouco mais de R$ 100 mil).
Na presidência da empresa estava e está um aliado de Gleisi no partido e no Estado: Jorge Samek é do PT do Paraná. Tanto ela como ele exerciam cargos em razão de suas filiações político-partidárias. Descoberto o pagamento da indenização, Samek se apresentou como o fusível: disse que foi ele quem decidiu demitir Gleisi; ela teria reivindicado o afastamento para voltar caso não fosse eleita. É mesmo? O homem só deixou de explicar por que não recusou e pronto: “Não posso apenas afastá-la para um eventual retorno; se você tem de sair, será preciso demitir-se”.
Não! O severíssimo Samek resolveu obrigar a companheira a sair da empresa levando pra casa uns R$ 145 mil, por aí, dinheiro que ela não teria se houvesse pedido demissão. Quando um petista é duro com seus pares, a coisa sempre termina no banco.
Duarte Nogueira acha que Gleisi se beneficiou de uma vantagem que não lhe era devida, o que poderia caracterizar improbidade administrativa e peculato. “Como diretora financeira, ela pagou a si própria. Isso precisa ser investigado”, diz.
Sinceramente, duvido que a Procuradoria se mexa. Afinal, Samek — então “chefe” da agora ministra (de quem Paulo Bernardo, marido de Gleisi, era e é chefe político) — assumiu a responsabilidade; decidiu ser o fusível. Não importa! A obrigação da oposição é chamar as coisas pelo nome.
O que se viu na relação Itaipu-candidatura de Gleisi, em 2006, é uma empresa estatal servindo aos interesses de um partido e seus representantes. Trata-se de mais uma manifestação de privatização do estado.
Gleisi teria se saído melhor se tivesse pedido desculpas e devolvido a grana na forma de uma doação ao Fome Zero. Em vez da saída patética, mas que muitos achariam simpática e sincera, preferiu a saída ridícula, na qual é impossível acreditar quando se anda com a coluna ereta. É lastimável que a chefe da Casa Civil tenha de se refugiar numa explicação tão primitiva e inverossímil. Nessa toada, ainda acaba candidata ao Ministério da Pesca.