Delírio – universidades federais agora adotam “cotas geográficas”
No Globo On Line. Volto depois:Depois das cotas para negros, índios e alunos de escolas públicas, o acesso a universidades federais ganhou um novo critério: o lugar onde o candidato freqüentou ensino médio. É o que mostra reportagem de Demétrio Weber publicada no Globo nesta segunda-feira. Os novos campus da Universidade de Brasília (UnB) e […]
Depois das cotas para negros, índios e alunos de escolas públicas, o acesso a universidades federais ganhou um novo critério: o lugar onde o candidato freqüentou ensino médio. É o que mostra reportagem de Demétrio Weber publicada no Globo nesta segunda-feira. Os novos campus da Universidade de Brasília (UnB) e da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) incluíram em sua fórmula de ingresso o “bônus regional”, pontuação extra no vestibular para quem estudou no interior ou na periferia.
Assim, o que importa é a geografia, ou melhor, o endereço da escola. No bônus regional, não faz diferença se o candidato é rico ou pobre, branco ou negro nem se estudou em colégios públicos ou privados. Pelo critério, quem cursou o ensino médio em cidades-satélites de Brasília, em municípios de Goiás (vizinhos ao Distrito Federal) e no interior de Pernambuco recebe mais pontos no vestibular: 20% na UnB e 10% na UFPE. Leia a íntegra desta notícia no Globo Digital, só para assinantes
O incentivo geográfico surpreendeu o ministro da Educação, Fernando Haddad. Entusiasta da reserva de vagas para alunos de escolas públicas, ele disse desconhecer o mecanismo e expressou dúvidas quanto à sua legalidade: “É a primeira vez que ouço falar de demarcação territorial. A consultoria jurídica do MEC não foi procurada (para opinar sobre a medida)”, afirmou Haddad.
Comento
É isso aí: escolham o chamado “preconceito” que vai ser reparado na universidade. Os petistas abriram as portas do inferno com o “cotismo”, e isso não vai parar mais. Até que… Até nada! Não vai acontecer nada. As universidades vão se tornando sempre mais atrasadas em relação a suas congêneres no mundo, e, em breve, serão apenas o que já começam a ser: meros sorvedouros de dinheiro público, sem qualquer benefício direto para o país.
Quer dizer que uma universidade não pode ter pretos, gente da escola pública, da periferia? Pode, sim. Desde que isso não se transforme num critério de acesso, ou não se estará selecionando o mais apto. Universidade não é lugar de fazer justiça social. A educação ocupa papel central se queremos um futuro virtuoso, mas é óbvio que não se começa pela ponta; é preciso qualificar o ensino fundamental e o médio. Assim se deu nos países que fizeram a mal chamada “revolução na educação”. Trata-se de uma reforma.
Haddad está surpreso? Eu não estou. O país está tomando a representação política, um dos fundamentos da democracia, como critério de acesso a instituições que não devem estar submetidas a esse critério. A seguir nessa trilha, por que não cotas para homossexuais, evangélicos e, quem sabe?, corintianos?
Muitos vão dizer que a “cota geográfica” perverte o sentido original das cotas para as chamadas “minorias sociais” discriminadas. Não! Ela revela a verdadeira natureza das outras.
PS: Ah, sim: como não poderia deixar de ser, a UnB sempre está na vanguarda do retrocesso…