Abril Day: Assine Digital Completo por 1,99
Imagem Blog

Reinaldo Azevedo

Por Blog Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura

DE TONTOS E VIGARISTAS — HOJE E EM 2005. OU: É GRAMSCI, IDIOTA!

Mais de uma vez já falei sobre o teórico comunista italiano Antônio Gramsci. Seu conceito de “hegemonia” está na raiz de tudo o que se vê na esquerda contemporânea  — notem que não empreguei o adjetivo “moderna” porque a palavra costuma estar associada a uma idéia de valor positivo. Nesse sentido, ou se é moderno […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 16h12 - Publicado em 18 dez 2009, 06h17

Mais de uma vez já falei sobre o teórico comunista italiano Antônio Gramsci. Seu conceito de “hegemonia” está na raiz de tudo o que se vê na esquerda contemporânea  — notem que não empreguei o adjetivo “moderna” porque a palavra costuma estar associada a uma idéia de valor positivo. Nesse sentido, ou se é moderno ou se é de esquerda. Adiante.

Gramsci desenvolveu o conceito de “hegemonia”: um partido — na verdade, “o” partido, que ele chamava de “Moderno Príncipe” — tem de fazer a guerra de valores na sociedade que quer transformar. Mais do que transformar: na sociedade que pretende subjugar e, na prática, substituir. O autor não propõe as coisas nesses termos, é claro, porque ele faz a sua construção totalitária parecer um avanço humanista — como todo totalitário. E essa guerra implica tornar seus valores influentes, de modo que, com o passar do tempo, os indivíduos não consigam mais pensar fora dos seus parâmetros, fora de suas necessidades, fora de suas formulações. O “Moderno Príncipe” torna-se, assim, um  “imperativo categórico”.

E como se opera essa guerra? Como toda guerra: por meio de soldados. Só que, nesse caso, são os soldados da ideologia. Numa primeira fase, o trabalho fica mesmo a cargo da militância. À medida que a hegemonia vai se estabelecendo, mesmo os que não estão a serviço da causa se tornam seus vogais. Porque, como está dito, já não se consegue pensar fora daquela metafísica influente.

Peguem os jornais de hoje: fica-se com a impressão de que aconteceu uma grande tragédia na pré-candidatura de José Serra: afinal, Aécio desistiu! Parece um delírio coletivo. Sim, há os militantes do governismo, que sabem muito bem o nome do que praticam. Mas também há os que são simplesmente tontos. Em alguns casos, chega-se ao acinte — e nem estou muito certo do que seja algo deliberado. QUEM ESTÁ PAUTANDO A REPERCUSSÃO DO FATO, DO COMEÇO AO FIM, É O PT.

Até a tese estúpida de que o Palácio ficou satisfeito porque considerava Aécio um candidato mais difícil foi ressuscitada. ESTA MESMA VERSÃO, POR INCRÍVEL QUE PAREÇA, FOI VENDIDA À IMPRENSA EM 2005, só que Geraldo Alckmin substituía Aécio. E MUITOS BOBOS E BOBAS A COMPRARAM. Não vou citar nomes por gentileza. Mas a Internet está aí. Pesquisem. Havia tanto sentido na plantação do governo, que o resultado foi este (sempre com números do Datafolha):

Continua após a publicidade

Dezembro de 2005 — pela primeira vez, Serra ficava à frente de Lula, com 36% das intenções de voto, contra 29%. Alckmin aparecia com 22%, e Lula com 36%
FATO – Serra era alvo de intenso bombardeio dentro do próprio PSDB.
Fevereiro de 2006 – Serra aparecia com 34%, e Lula com 33%. Alckmin aparecia com 20%, e Lula com 36%
FATO – Alguns tucanos e boa parte da imprensa, pautada pelo PT, os mesmos de agora, diziam que o Planalto temia mais Alckmin do que Serra. O bombardeio continuava. Serra desiste.
Março de 2006 — Alckmin aparecia com 23%, e Lula com 42%.
Maio de 2006 — Lula chegou a 45%, e Alckmin ficou com 22%.

De súbito, os manés do “potencial de crescimento” e do “temer mais quem tem menos votos” desapareceram, sumiram, escafederam-se. Não! Não estou dizendo que Serra teria vencido se tivesse sido o candidato. Estou dizendo que a tese era, como é, furada, mentirosa, vigarista mesmo. Não obstante, é comprada com a desfaçatez dos abduzidos.

A situação é de tal sorte absurda que se deu mais atenção à versão do PT para a desistência de Aécio do que à do próprio governador de Minas. Um trecho essencial de sua carta, que fala sobre a tentativa de dividir o país — publiquei a íntegra ontem, vejam lá — foi ignorada.

PERGUNTA – E que cenário, então, poderia ser positivo para Serra? Existirá algum? O PT, naturalmente, diz que não. Mais: elogiando Aécio Neves, deixa claro esperar, do modo indecoroso que tão bem os caracteriza, que ele traia Serra — e fazem, assim, o que seria, então, o elogio da traição. Escrevi aqui outra dia e reitero: quando a imprensa decide ser ruim, nada é tão ruim no seu próprio gênero como ela no dela.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

ABRIL DAY

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas 1,99/mês*

Revista em Casa + Digital Completo

Receba 4 revistas de Veja no mês, além de todos os benefícios do plano Digital Completo (cada edição sai por menos de R$ 9)
A partir de 35,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$23,88, equivalente a R$ 1,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.