De casuísmo em casuísmo
Por Dora Kramer, no Estadão:Há dois anos, durante a campanha da reeleição do presidente Luiz Inácio da Silva, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso alertou o PSDB para que parasse de defender o fim da reeleição e a mudança do mandato presidencial de quatro para cinco anos. Ele achava melhor o partido evitar o vexame de […]
Há dois anos, durante a campanha da reeleição do presidente Luiz Inácio da Silva, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso alertou o PSDB para que parasse de defender o fim da reeleição e a mudança do mandato presidencial de quatro para cinco anos.
Mas, FH achava mais. Acreditava que o debate sobre mudanças institucionais poderia ensejar a chance esperada pelo PT para propor o terceiro mandato de Lula.
Era novembro de 2006 e o ex-presidente dizia o seguinte: da mesma forma que o Plano Real demarcou um “ponto zero” na economia, transferindo as regras do real aos negócios regulamentados em cruzeiro, a alteração das condições da eleição de 2010 daria ao PT o argumento de que, zerado o jogo, todos poderiam concorrer em condições de igualdade, inclusive Lula.
Os tucanos – os governadores José Serra e Aécio Neves à frente – não deram atenção ao alerta e foram em frente abrindo no ano passado negociações explícitas com interlocutores do PT (um deles, o prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel) para aprovar o fim da reeleição e os cinco anos de mandato logo após o pleito de 2008.
No afã de levar adiante a proposta, Aécio e Pimentel chegaram a aventar a hipótese de prorrogar em um ano o atual mandato de Lula a fim de facilitar a aprovação da emenda.