Datafolha: números ruins para Dilma
No dia 1º de janeiro, na posse, Dilma Rousseff deveria fazer um discurso informando aos brasileiros que nada será como antes. Porque não será. A Folha divulga nesta quarta uma pesquisa Datafolha que demonstra ser grande a expectativa da população em relação a seu desempenho. Leiam trecho: Governo Dilma será melhor ou igual ao de […]
No dia 1º de janeiro, na posse, Dilma Rousseff deveria fazer um discurso informando aos brasileiros que nada será como antes. Porque não será. A Folha divulga nesta quarta uma pesquisa Datafolha que demonstra ser grande a expectativa da população em relação a seu desempenho. Leiam trecho:
Governo Dilma será melhor ou igual ao de Lula para 83%
A presidente eleita, Dilma Rousseff (PT), fará um governo igual ou melhor que o do presidente Lula para 83% dos brasileiros, revela pesquisa Datafolha. De acordo com o instituto, a expectativa de 53% dos entrevistados é que a gestão da petista seja similar à do antecessor. Outros 30% avaliam que ela se sairá melhor. A estratificação do levantamento mostra que Dilma obtém seus melhores índices na fatia da população menos escolarizada, mais jovem e que declara renda mensal de até cinco salários mínimos. Foram ouvidas em todo o país 11.281 pessoas, de 17 a 19 do mês passado. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
Para 73%, o futuro governo de Dilma será ótimo ou bom. É o segundo percentual mais alto de expectativa sobre o mandato de um presidente eleito desde a redemocratização do país. Em dezembro de 2002, a expectativa positiva sobre Lula era de 76%. Os números de Dilma superam os do tucano Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) tanto no primeiro mandato (70%) como no segundo (41%). Fernando Collor (1990-92) obteve 71%. Não foi feita pesquisa em 2006. Os picos positivos foram demonstrados no Nordeste do país, especialmente em Pernambuco (78%), no Ceará (79%) e em Minas Gerais (80%). No Sul, o índice de otimismo cai para 68%. Aqui
Comento
As condições em que Lula governou entre 2003 e 2008 não se repetirão. Embora o Brasil tenha crescido menos do que os emergentes, cresceu mais do que a média mundial. Veio a crise de 2009 e a recuperação em 2010 — o crescimento robusto deste ano vem de uma base fraca no anterior. Dilma não vai administrar a mesma exuberância e terá de se haver com alguns esqueletos que Lula deixa no armário — entre eles, a imperiosa necessidade de cortar gastos.
Sei que pode fugir a uma leitura convencional, mas, para a presidente eleita, seria muito melhor se a expectativa fosse menor. Essa confiança exagerada será um peso em seus ombros porque traz embutidas expectativas que ela não poderá cumprir. Fazer o quê? Ela chega no embalo da patacoada do “nunca antes na história destepaiz…” Dilma vai ter de pagar parte do custo Lula. E ela sabe disso.