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Reinaldo Azevedo

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Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura

“Daqui pra frente, tudo vai ser diferente…”

Aqui e ali, na imprensa amiga, já se lê e se ouve gente cantando esse refrãozinho para se referir ao governo Dilma Rousseff. Seria um recomeço, uma largada para valer, fora da tutela de Lula, que estaria a lhe fazer sombra e de cuja “proteção” frondosa ela tentaria fugir. A criatura, enfim, a exemplo do […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 11h39 - Publicado em 12 jun 2011, 08h23

Aqui e ali, na imprensa amiga, já se lê e se ouve gente cantando esse refrãozinho para se referir ao governo Dilma Rousseff. Seria um recomeço, uma largada para valer, fora da tutela de Lula, que estaria a lhe fazer sombra e de cuja “proteção” frondosa ela tentaria fugir. A criatura, enfim, a exemplo do que ocorre na literatura, teria decidido se libertar de seu criador — ou , no caso, ao menos emular com ele. Bem, ninguém sensato aposta 10 centavos que a iniciativa possa ser bem-sucedida.

Dilma, de fato, deu um chega pra lá no PT. As alas do Marco Maia (PT-RS), presidente da Câmara, e de Candidato Vaccarezza (PT-SP), líder do governo na Casa, tinham chegado a uma espécie de acordo: o deputado Arlindo Chinaglia (SP) assumiria a liderança, e Vaccarezza iria para o lugar de Luiz Sérgio, nas Relações Institucionais. Antes mesmo que dissesse “não” aos petistas, Dilma garantiu à cúpula do PMDB — Michel Temer, o vice-presidente, e José Sarney, presidente do Senado — que não seria daquela maneira. Dilma entendeu que era uma imposição.

E foi aí que ela resolveu escolher Ideli Salvatti para cuidar da articulação política.  Dilma, que vivia sob uma espécie de tutela de Antonio Palocci — todos sabem que o homem forte do governo era ele —, resolveu que não seria tutelada pelo partido. Muito bem! Há quem veja nisso um ato de coragem, ousadia e destemor. Ela estaria, enfim,  em busca de uma identidade política, e o movimento se dá no momento em que seu antecessor está mais buliçoso do que nunca.

Até aí, muito bem! O esforço para ter a sua própria cara e para ganhar autonomia política tem seu aspecto louvável. Mas será mesmo com essas personagens? O principal problema de Gleisi Hoffmann na chefia da Casa Civil é não ter biografia, e o principal problema de Ideli Salvatti na coordenação política é tê-la. Os criadores de mito já inventaram para Gleisi o figurino da dama de ferro, o “trator”, aquela que faz acontecer, repetindo mistificação criada sobre Dilma Rousseff. A infraestrutura que temos, que ficou a cargo da então ministra, não deixa a menor dúvida sobre a competência de Dilma, não é? Perguntem aos portos, aeroportos e estradas. Gleisi disse que será “a Dilma da Dilma”. O problema não é esse, não! A questão é saber quem será o “Lula da Gleisi” — e, já está dado, não será… Dilma!

Não há um só motivo, por pálido que seja, para que algo que vinha bastante claudicante e sem novidades com Palocci ganhe dinamismo com uma ministra inexperiente e com outra experiente demais… em criar dissensos. De uma se diz ser um “trator”; a outra costumava se comportar como “tanque de guerra”. Governos requerem certa engenharia de precisão, não é?, máquinas um pouco mais sutis, de manejo mais sofisticado. Ademais, o espírito que dá vida a essa arquitetura, já comentei aqui, é uma fantasia do marketing.

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O sexo dos ministros de estado é, ou deveria ser, irrelevante. A frase é a seguinte: se Dilma quer operar no regime de cotas, ainda há poucas mulheres no seu governo; se esse critério se antepõe à competência, então há mulheres e homens demais. Para quem não entendeu o que escrevi, uma última chance: se competentes, os 33 ministros (ou pessoas com esse status) podem ser mulheres ou homens, e o número será justo. Em suma, essa questão é uma besteira, mas, de algum modo, ajuda a pautar escolhas.

A confiança é importante num governo. Ontem à noite, políticos de todos os lugares do Brasil, da oposição e da situação, reuniram-se em Brasília, na festa de casamento de Mariana Brennand Fortes e Flávio Marques da Silva. Até José Dirceu estava lá. Mariana é filha do ex-senador Heráclito Fortes (DEM-PI) — que mantinha, diga-se, embates memoráveis com Ideli Salvatti no Senado. O assunto do casamento era um só: o “novo” ministério de Dilma, com destaque para a escolha da “musa” de Heráclito para a coordenação política. Os mais perplexos eram os governistas.

“Daqui pra frente tudo vai ser diferente”?

Olhem, meus caros, eu não consigo ver virtudes numa “solução” cujo grande mérito está em fazer um monte de derrotados na suposição de que, assim, quem ganha é a presidente. E um dos trunfos de sua vitória é Ideli Salvatti. No terreno puramente especulativo, a gente pode dizer que é tão exótico que pode até ser que dê certo. O problema é que os petistas são os primeiros a apostar que vai dar errado.

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