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Reinaldo Azevedo

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Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura

Dá-lhe Sarko! É a vitória da clareza. Adeus, 1968. Adeus, Mitterrand

Aconteceu o melhor para a França. Juízes com acesso privilegiado aos autos da história me sopraram que Nicolas Sarkozy venceria as eleições, mesmo quando começou uma onda literalmente mundial em favor de Ségolène Royal. Como sabem, apontei aqui a distorção até do noticiário nativo de TV e jornal: ela, a bela que anunciava amanhãs risonhos; […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 6 jun 2024, 07h15 - Publicado em 6 Maio 2007, 18h27
Aconteceu o melhor para a França. Juízes com acesso privilegiado aos autos da história me sopraram que Nicolas Sarkozy venceria as eleições, mesmo quando começou uma onda literalmente mundial em favor de Ségolène Royal. Como sabem, apontei aqui a distorção até do noticiário nativo de TV e jornal: ela, a bela que anunciava amanhãs risonhos; ele, o truculento que enfrenta com a polícia — que escândalo! — os vândalos. Bem, o fato é o seguinte: Sarkozy é o novo presidente da França, apontam todas as pesquisas, com algo em torno de 53% dos votos, numa eleição que teve a participação maciça dos franceses: 85%. A se confirmar esse número, só ficará atrás, mas só um pouquinho, de De Gaulle em 1965 (55,2%) e de Mitterrand na reeleição de 1988 (54%). Em suma: o satanizado Sarkozy é um dos três presidentes mais bem-votados da história da França. Só que há uma diferença aí: não é nem um herói nacional nem um herói da mídia.

Embora não se vá dar destaque ao fato, o desempenho de Ségolène é um dos mais baixos da esquerda francesa num segundo turno, inferior, aponta o Le Monde, aos 47,4% de Lionel Jospin em 1995. Desempenho razoável? Não quando se considera que a esquerda resolveu, desta vez, partir para o tudo ou nada, nas asas da esvoaçante e quase empírea Ségolène. Ela começou evocando a força feminina de Joana D’Arc, o que encantou grande parte da mídia, esquerdista e feminista (feminismo pueril; ele pode ser sério), reciclou o assalto ao céu de Maio de 1968 e terminou praticando terrorismo eleitoral. E perdeu.

A vitória de Sarkozy, por sua vez, é a de quem não fez uma miserável concessão — nem na campanha nem na sua fala depois da posse. Como já ironizei aqui, ele não precisou vestir uma jaqueta ditada pela esquerda, como fez um Geraldo Alckmin no Brasil, para atrair os votos dos adversários. Sua vitória representa o triunfo da fala clara; significa um pé no traseiro da ambigüidade. A vitória de Sarkozy põe um ponto final nos fantasmas de 1968 — fantasmas totalitários disfarçados de poesia libertadora, embora liberticida — e também na era Miterrand. Com Sarko, a França pode começar a deixar de ser uma exceção sem sustentação.

Discurso
“Para mim, há um só França. Serei o presidente de todos os franceses”, afirmou Sarkozy quando ficou clara a sua vitória. Foi ainda mais explícito: “Não é a vitória de uma França contra a outra”. O recado tem destino certo: o terrorismo eleitoral feito por madame Royal, que chegou a prever distúrbios nos subúrbios caso o adversário vencesse. Pouco antes de receber um ligação de George W. Bush felicitando-o pela vitória, Sarkozy já havia declarado que os americanos podem contar “com a amizade da França”.

Eis aí. Sem ambigüidades. Na disputa e na vitória. Para vencer, é preciso correr o risco de perder, também sem ambigüidades. Eis uma lição que os tucanos brasileiros precisam aprender — que já havia sido dada pelo México, diga-se de passagem.

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