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Reinaldo Azevedo

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Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura

Cunha, a maioria conservadora no Brasil, a esquerda, a direita liberal e a salada ideológica

Ranger de dentes em algumas áreas porque o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) afirmou num culto evangélico que a maioria no Brasil é conservadora. Informa a Folha (em azul): No templo da igreja Vitória em Cristo, com capacidade para 6.000 pessoas, o peemedebista usou o termo “minoria” para referir-se a uma manifestação de cem ativistas de direitos […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 5 jun 2024, 10h33 - Publicado em 2 mar 2015, 20h58

Ranger de dentes em algumas áreas porque o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) afirmou num culto evangélico que a maioria no Brasil é conservadora. Informa a Folha (em azul):
No templo da igreja Vitória em Cristo, com capacidade para 6.000 pessoas, o peemedebista usou o termo “minoria” para referir-se a uma manifestação de cem ativistas de direitos gays que protestaram contra ele em São Paulo.
O deputado disse que órgãos de imprensa dão cobertura maior aos ativistas gays, porque “acham que a minha presença lá [como presidente da Câmara] significa a presença do conservadorismo”.
“Mas não sou eu que não vou deixar a pauta progressista andar, não sou eu que sou conservador”, disse. “A maioria da sociedade pensa conforme nós pensamos. É só deixar que a maioria seja exercida, e não a minoria.

Retomo
Bem, as pessoas podem não gostar do que ele disse. É um direito. Mas, como se sabe, está dizendo a verdade. Ao menos no que diz respeito a valores. É o que demonstrou pesquisa Datafolha publicada em 2013.

Como escrevi aqui no dia 14 de outubro de 2013, o Brasil é a única democracia do mundo que não tem um partido conservador — se quiserem, “de direita” — viável. Única quer dizer exatamente isto: é uma experiência que não se repete em nenhum outro lugar. Todos os partidos se dizem de esquerda ou centro-esquerda ou, como tem virado moda, coisa nenhuma. Entrou para o anedotário político o PSD de Gilberto Kassab, que não é “nem de direita, nem de esquerda, nem de centro”. A Rede, de Marina, repete essa mesma ladainha, mas aí naquele plano etéreo em que ela flana com suas metáforas sobre sustentabilidade: “nem de situação nem de oposição, mas posição”. O que isso significa? Nada, ora essa! Mas parece ser uma coisa danada de profunda.

Há, sim, no Brasil políticos conservadores — que seriam classificados como “de direita” na Europa, nos EUA e até no Chile, aqui bem perto. Estão em todos os partidos — até no PT. Se a gente fosse botar as coisas na ponta do lápis, Antonio Palocci, como gestor público, certamente tomou mais medidas “de direita” — ou “conservadoras” — do que o tucano José Serra, que continua a ser, no entanto, alvo dos furiosos do PT. A salada partidária no Brasil é grande. E a indefinição ideológica também. Em artigo publicado sobre os 25 anos da Constituição, na Folha, Serra, aquele que os petistas dizem ser “de direita”, mas que sempre esteve mais à esquerda, escreveu algo interessante ao se referir aos confrontos ideológicos na Constituinte:
“Não por acaso, os dois “lados” – esquerda e direita –, com a cumplicidade de sucessivos governos, foram e continuam sendo integrantes ativos do mais consolidado de todos os partidos brasileiros: a Fuce – Frente Única Contra o Erário e a favor das corporações de interesses especiais. Ninguém é mais falsamente de esquerda do que ela. Ninguém é mais falsamente de direita do que ela. Ninguém, a exemplo dela, é tão objetivamente contra os interesses do Brasil e dos brasileiros. Aliás, não é esse o partido mais consolidado e hegemônico do Congresso, 25 anos depois?”

Encerro
No que concerne aos valores, com efeito, a maioria dos brasileiros é, sim, conservadora. O que infelizmente não temos por aqui é uma direita efetivamente liberal. Os nossos conservadores ainda gostam muito das tetas do estado, não? Vejam o caso das passagens aéreas para os cônjuges dos parlamentares. Eduardo Cunha recuou da decisão de oferecer a mamata quando percebeu que estava queimando a reputação entre aqueles que o têm como um adversário do esquerdismo chulé do PT.

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A propósito: petistas não hesitariam, e já não hesitaram, em chamar Joaquim Levy de “direitista”, de “conservador”. Não obstante, a sua sede em avançar no bolso do contribuinte poderia fazer dele um esquerdista exemplar, né?

 

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