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Reinaldo Azevedo

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Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura
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Cresce o nome de dom Odilo Scherer para papa. Ou: Por que as esquerdas não querem que isso aconteça? Ou ainda: O que pensa o “papável” brasileiro

Segundo os vaticanistas, é crescente a possibilidade de dom Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo, se sagrar papa. Se assim for, será uma grande notícia para os católicos brasileiros. Dom Odilo reúne as credenciais necessárias para o cargo, e o Brasil é o país com o maior número de católicos no mundo. O Itamaraty já […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 06h43 - Publicado em 8 mar 2013, 07h35
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Dom Odilo, no Vaticano, à espera do conclave: ele tem se mantido longe dos holofotes

Segundo os vaticanistas, é crescente a possibilidade de dom Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo, se sagrar papa. Se assim for, será uma grande notícia para os católicos brasileiros. Dom Odilo reúne as credenciais necessárias para o cargo, e o Brasil é o país com o maior número de católicos no mundo. O Itamaraty já andou vazando que torce por isso. Huuummm… Parece que o petismo, para todos os efeitos, já está tentando privatizar um papável… Torce, é? Sei não… Lula se quer o maior brasileiro de todos os tempos. Quando Barack Obama foi eleito presidente dos EUA, ele menosprezou: “Quero ver é os EUA elegerem um operário”. Sutil como sempre. Alguma dúvida de que o Apedeuta se considera mais preparado para a tarefa? Pode não saber muita coisa sobre a Bíblia, mas isso não é problema. Ele inventa. Se Marilena Chaui já o comparou à deusa Métis, por que não poderia chamá-lo de um novo Santo Agostinho, não é mesmo?

A verdade é que a rede petralha, financiada por estatais, não gosta de dom Odilo e permite que seus “comentaristas” o transformem em saco de pancada. Tratam-no como um “reacionário”. Caso dom Odilo Scherer venha mesmo a se tornar papa, a petezada vai é ficar infeliz. E o vocês-sabem-quem, destinado a ser múmia e estátua, se pergunta: “Por que não eu?”

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Dom Odilo é um homem de opiniões serenas, firmes e claras. Não faz concessões. Isso explica por que andou sendo malhado na esgotosfera e por que a “Escatologia da Libertação” não gostaria de vê-lo à frente do Vaticano. Pegue-se o caso recente da PUC-SP. A universidade realiza eleições diretas para reitor — ou melhor: procede a uma consulta junto a alunos, professores e funcionários. Desse processo, sai uma lista tríplice com os três mais votados, que é enviada ao bispo, também chanceler da instituição. Atenção! Ele pode escolher qualquer um desses três nomes ou nenhum deles. Os estatutos lhe facultam o direito de indicar quem bem entender — desde que reúna as credenciais para o cargo. No caso, dom Odilo nomeou Anna Cintra, que figurava em terceiro lugar na lista. Foi o que bastou para que tentassem transformá-lo num ditador. Não se abalou. Manteve a sua decisão.

Abaixo, segue uma seleção das opiniões de dom Odilo Scherer sobre os mais variados temas. Eu as colhi em entrevistas, artigos, carta a sacerdotes etc.

Aborto
“A legalização do aborto não é a promoção da saúde pública, mas a legalização da morte de seres humanos. Se está na contramão de outras decisões? É possível, mas a Igreja não pode estar na contramão dos princípios básicos da dignidade humana, proclamados pelas nações, pela Constituição brasileira, pela ONU. Nem que todos os países aprovassem a legalização do aborto, a Igreja não poderia aprová-la.”

Aborto de anencéfalos aprovado pelo STF
“A aprovação não muda a posição da Igreja em relação à questão, que é de respeito pleno à vida daquele ser humano – ainda que seja muito breve. Se isso foi tornado legal, não significa que se tornou moral. Fique claro que não foi a Igreja que perdeu, nem os cristãos, mas a sociedade brasileira. A humanidade perdeu em sensibilidade, em respeito à pessoa e ficou mais endurecida em relação às fragilidades e aos defeitos humanos.”

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Teologia da Libertação
“Foi um momento da história da teologia. Ela perdeu suas motivações próprias, por causa da ideologia marxista de fundo – materialismo ateu, luta de classes, uso da violência para conquistar objetivos -, que não casa com a teologia cristã. Isso foi percebido pouco a pouco. Talvez tenha tido méritos, por ajudar a recobrar a consciência de questões como justiça social, justiça internacional e a libertação dos povos oprimidos. Mas estes sempre foram temas constantes do ensino da Igreja. E vão continuar a ser.”

Homossexualidade
“A Igreja Católica entende a homossexualidade como um fato. Mas, entende que a natureza não errou ao fazer dois sexos e é sábio quem respeita o feito dela”.

Casamento gay
“(…) é contrário à natureza e também, objetivamente, contrário à Lei de Deus e, por isso, a Igreja nunca poderia dar a sua aprovação. A diferenciação sexual tem um sentido e revela um desígnio de Deus, que nós devemos acolher e respeitar. A união de duas pessoas do mesmo sexo quebra esse sentido. Pode-se dar o nome que se queira, mas isso nunca será verdadeiro “casamento”. Usando o mesmo nome e conceito que se emprega para o casamento entre um homem e uma mulher, acaba sendo introduzida uma confusão antropológica, jurídica e ética muito grande.

Direito ao patrimônio de parceiros gays
“O direito ao patrimônio, constituído pelo esforço comum, já está assegurado pela legislação corrente; da mesma forma, o direito de se associar, para partilhar patrimônio e herança, também está assegurado. Não é preciso recorrer ao “casamento gay” para alcançar esses objetivos”.

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Uso de preservativos
“Quem está dizendo que a Igreja mudou está dizendo uma mentira. O Papa não mudou a posição moral da Igreja com relação ao uso de preservativo. A posição da Igreja é pela valorização da sexualidade e pela humanização da sexualidade. Por isso, a posição da Igreja é contrária à banalização da sexualidade.”

Os preservativos e a AIDS
“Não se pode resolver o problema com a distribuição dos profiláticos. É preciso fazer muito mais. É preciso estar próximo às pessoas, ajudá-las antes que fiquem doentes. Concentrar-se apenas sobre o profilático quer dizer banalizar a sexualidade. Essa é a razão perigosa pela qual tantas e tantas pessoas não veem mais na sexualidade a expressão do seu amor, mas uma espécie de droga”.

Uso de embriões humanos em pesquisa
“O ponto nodal do problema está na afirmação de que o embrião já é um ser humano vivo; fora desta referência, a discussão fica desfocada. Para a ciência, parece difícil negar que o embrião já seja um organismo com vida própria e identidade diversa daquela da mãe. E nisso não há diferença entre embrião presente no útero da mulher ou produzido e conservado em laboratório. Esta convicção de muitos cientistas, antropólogos e juristas também é compartilhada pela Igreja Católica; por isso ela defende a inviolabilidade da vida do ser humano desde a fecundação. A discussão sobre o uso de embriões humanos em pesquisa evidenciou a importância da qualidade ética dos métodos em qualquer atividade humana. Não basta que os objetivos sejam bons, é preciso que também os meios para alcançá-los o sejam. Os fins não justificam os meios. Vantagem e utilidade, eleitas como critérios supremos para a ação, tornam-se uma ameaça para os direitos alheios.”

A ciência, Galileu e os embriões
“Penso não errar se afirmo que os progressos da ciência levam muito mais a confirmar do que a negar que os embriões já são seres humanos vivos. Nesta questão a Igreja leva a sério os dados da ciência. Galileu, certamente, não se sentiria desconfortável com a posição da Igreja Católica sobre o respeito devido ao ser humano desde o início de sua vida.
Conta-se que, ao sair do tribunal da Inquisição e olhando para o céu, ele teria exclamado: “E pur si muove!” – “Mesmo assim, a Terra se move!” Diante da afirmação que os embriões ainda não são seres humanos vivos, talvez nosso sábio hoje exclamasse: ‘E pur vivono!’ – ‘Mesmo assim, eles vivem!’”

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Celibato sacerdotal
“(…) O sacerdote, de fato, é chamado a exercer o seu ministério, não como uma função que pudesse ser desempenhada de forma desvinculada da vida e da atitude do padre. Assim, o celibato sacerdotal é anúncio e testemunho do reino de Deus; Jesus não casou e, por sua vida, além das palavras e exemplos, anunciava o reino escatológico de Deus, que na sua pessoa já se fazia presente entre os homens. O contexto cultural hodierno leva as pessoas a viverem sob a ditadura do presente, do provisório, do fragmentário, daquilo que se pode fruir agora… E assim elas perdem a dimensão da esperança e ficam desorientadas na busca da plenitude escatológica.
No entanto, a fé cristã anuncia a irrupção do futuro escatológico, do definitivo de Deus, já na história e na realidade presente. Não estamos mais presos aos limites estreitos do mundo e do tempo; caminhamos com os olhos voltados para o definitivo que Deus preparou para os homens. Desde agora, possuímos as primícias dos bens futuros (cf Rm 8,23). Neste sentido, o celibato sacerdotal e a virgindade consagrada são valores proféticos, que falam do reino de Deus já presente e que se realizará, um dia, em plenitude quando, então, não haverá mais casamento, mas todos viverão como os anjos a plenitude do amor de Deus. “Deus será tudo em todos”.
Certamente, o celibato sacerdotal é motivo de escândalo para quem está inteiramente voltado para o presente e, por isso, não consegue compreender que se possa renunciar, honestamente, a coisas boas da vida; escândalo”, mas também questionamento e atração, quando se vê alguém capaz de vivê-lo com fé, simplicidade e alegria, por amor ao reino de Deus. E, como Jesus já advertia: “entenda quem for capaz de entender” (cf 19,10-12). Longe, portanto, de ser apenas uma norma disciplinar da Igreja, o celibato faz parte do chamado a servir à Igreja e à humanidade “in persona Christi”.

Pedofilia
“O mundo tem razão de esperar da Igreja notícias melhores: dos padres, religiosos e de todos os cristãos, conforme a recomendação de Jesus a seus discípulos: “Brilhe a vossa luz diante dos homens, para que eles, vendo vossas boas obras, glorifiquem o Pai que está nos céus!” Inútil divagar com teorias doutas sobre as influências da mentalidade moral permissiva sobre os comportamentos individuais, até em ambientes eclesiásticos. Talvez conseguiríamos compreender melhor por que as coisas acontecem, mas ainda nada teríamos mudado.
Há quem logo tenha a solução, sempre pronta, à espera de aplicação: “É só acabar com o celibato dos padres que tudo se resolve!” Ora, será que o problema tem que ver somente com celibatários? E ficaria bem jogar nos braços da mulher um homem com taras desenfreadas, que também para os casados fazem desonra? Mulher nenhuma merece isso! E ninguém creia que esse seja um problema somente de padres: a maioria absoluta dos abusos sexuais de crianças acontece debaixo do teto familiar e no círculo do parentesco. O problema é bem mais amplo.
Ouso recordar algo que pode escandalizar alguns até mais que a própria pedofilia: É preciso valorizar novamente os mandamentos da Lei de Deus, que recomendam atitudes e comportamentos castos, de acordo com o próprio estado de vida. Não me refiro a tabus ou repressões “castradoras”, mas apenas a comportamentos dignos e respeitosos em relação à sexualidade. Tanto em relação aos outros como a si próprio. Que outra solução teríamos? Talvez o vale-tudo e o ‘libera geral’, aceitando e até recomendando como ‘normais’ comportamentos aberrantes e inomináveis, como esses que agora se condenam?
As notícias tristes desses dias ajudarão a Igreja a se purificar e a ficar muito mais atenta à formação do seu clero. Essa orientação foi dada há mais tempo pelo papa Bento XVI, quando ainda era prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé. Por isso mesmo, considero inaceitável e injusto que se pretenda agora responsabilizar pessoalmente o papa pelo que acontece. Além de ser ridículo e fora da realidade, é uma forma oportunista de jogar no descrédito toda a Igreja Católica. Deve responder pelos seus atos perante Deus e a sociedade quem os praticou. Como disse São Paulo: Examine-se cada um a si mesmo. E quem estiver de pé, cuide para não cair.”

Post publicado originalmente às 5h19
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