CPMI DA PETROBRAS – Nada como o eleitor para levar um político a descobrir a diferença entre a verdade e a farsa
Pois é… Que bem a democracia e a liberdade de informação fazem à verdade e até à reputação dos petistas, não é mesmo? Chega a ser comovente a rapidez e a determinação com que o deputado Marco Maia (PT-RS) mudou de ideia sobre o relatório da CPMI da Petrobras. Ele não iria pedir o indiciamento […]
Pois é… Que bem a democracia e a liberdade de informação fazem à verdade e até à reputação dos petistas, não é mesmo? Chega a ser comovente a rapidez e a determinação com que o deputado Marco Maia (PT-RS) mudou de ideia sobre o relatório da CPMI da Petrobras. Ele não iria pedir o indiciamento de ninguém: agora, vai pedir de 52. Ele até havia reconhecido corrupção na compra da refinaria de Pasadena, mas considerou que a operação estava adequada aos valores de mercado. Agora, não mais: admite um prejuízo de US$ 561,5 milhões — aproximadamente, R$ 1,5 bilhão. Ainda é inferior aos US$ 792 milhões apontados pelo TCU, mas já é uma montanha de dinheiro para quem achava não haver nada de muito errado até anteontem.
Entre aqueles que o relator acha que devem ser indiciados estão Renato Duque, o ex-diretor de Serviços indicado pelo PT; Paulo Roberto Costa, o ex-diretor de Abastecimento indicado pelo PP; Nestor Cerveró, o ex-diretor da área Internacional indicado pelo PMDB, e Pedro Barusco, ex-gerente de Serviços, braço-direito do petista Duque. Sim, Maia, inicialmente, não queria pedir o indiciamento nem de Barusco, embora este tenha aceitado devolver nada menos de US$ 97 milhões aos cofres públicos. O relator pede ainda que 20 empresas sejam investigadas, incluindo todas as empreiteiras que aparecem na Operação Lava Jato. Entre os crimes apontados por ele, estão formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, corrupção ativa, corrupção passiva, crime contra a ordem tributária e destruição de provas judiciais.
O que levou Maia a mudar de ideia? O medo das urnas. Ele percebeu que o assunto “Petrobras”, desta feita, não vai morrer logo. A empresa pode morrer primeiro. E o seu relatório restaria para a história como um símbolo da indignidade. Imaginem o Congresso Nacional, pelas suas mãos, a referendar as ações da quadrilha que tomou conta da empresa. E, vocês sabem, quem tem eleitor tem medo.
O parlamentar pernambucano Ricardo Fiuza, que já morreu, dizia que não há nada mais importante para fazer um político mudar de ideia do que o “fato novo”, tenha ou não esse fato conexão com a mudança. Maia precisava de uma desculpa para justificar a nova postura. E achou: até a auditoria da Controladoria-Geral da União aponta os descalabros. Ele só precisava de uma desculpa. E encontrou.
Muito bem: mesmo assim, a oposição decidiu apresentar um relatório paralelo, em que pede também o indiciamento de Graça Foster e aponta a proximidade de Dilma Rousseff com Paulo Roberto Costa. Como negar? O homem chegou a ser convidado para ser… ministro das Cidades!
Ainda que o relatório aprovado seja o do governista Maia, o Congresso se livra de um novo vexame. Só para lembrar: uma CPI foi instalada em 2009 para investigar irregularidades na Petrobras foi esmagada pela base governista. Eram tempos em que José Sérgio Gabrielli posava de ditador da Petrobras e recebia prêmios internacionais. De lá pra cá, a empresa perdeu R$ 602 bilhões em valor de mercado — 25 anos de Bolsa Família. Desta feita, os fatos se impuseram à determinação de nada investigar.