Relâmpago: Digital Completo a partir R$ 5,99
Imagem Blog

Reinaldo Azevedo

Por Blog Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura

COVARDIA E OPORTUNISMO

(Leiam primeiro o post abaixo) No meio dessa barafunda toda, o único que fala coisa com coisa é Ronaldo Fonseca, presidente do Conselho Político da Convenção Geral das Assembléias de Deus no Brasil: “O governo está se envolvendo em polêmicas desnecessárias (…). Não existe guerra santa aqui, e não é inteligente o Estado se preocupar […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 16h03 - Publicado em 21 jan 2010, 17h06

(Leiam primeiro o post abaixo)
No meio dessa barafunda toda, o único que fala coisa com coisa é Ronaldo Fonseca, presidente do Conselho Político da Convenção Geral das Assembléias de Deus no Brasil: “O governo está se envolvendo em polêmicas desnecessárias (…). Não existe guerra santa aqui, e não é inteligente o Estado se preocupar com símbolos religiosos, tombamentos e união de homossexuais. Isso é coisa de marxista.”

É o único que tem razão, mas, por óbvio, será visto como o dinossauro da turma pela boçalidade politicamente correta.  Se tenho algum reparo a fazer à sua fala é um só: a polêmica é, sim, NECESSÁRIA… para os petistas!!! Ela é desnecessária para o Brasil. Para eleS, jogar brasileiros contra brasileiros e manter mobilizadas minorias para fazer barulho é parte do jogo, do proselitismo político. É da natureza do partido. Onde há conflito, eles extremam — vejam o caso das manifestações das vítimas das enchentes, que agora resolveram partir para o confronto. Onde não há, eles inventam.  E há um outro aspecto interessante nessa história toda.

Eliminar os crucifixos das repartições públicas, por exemplo — e ninguém está cobrando que se coloque o símbolo nesses prédios; isso seria coisa bem diferente!!! —, seria um sinal da laicidade do estado. Mas e a regularização de áreas públicas tomadas por terreiros e mesmo o tombamento de alguns? Estamos ou não diante de uma interferência no estado na questão religiosa? Ou será que a “independência”, no caso dos crucifixos, deve se manifestar por meio da hostilidade, mas, no caso dos terreiros, pela proteção especial?

Aí dizem o esquerdista do calcanhar sujo ou o tonto que se quer, sei lá, um pensador pós-ideologias: “Ah, mas os terreiros são um sinal da religião do oprimido”. É? E o que isso tem a ver, hoje em dia, com a questão da propriedade ou com o tombamento, o que significa que o estado terá de dispensar recursos para manter aquele aparelho religioso? Se a religião é independente do estado, e é,  o estado não tem de socorrer ninguém com especial proteção.

“Mas, afinal, Reinaldo, o que você quer? O que você defende?”

Continua após a publicidade

Eu defendo que a presença CULTURAL de religiões no Brasil não seja ignorada. O Terreiro do Gantois, na Bahia, é tombado. Isso significa que recursos públicos são mobilizados para mantê-lo. Não estou pedindo o fim desse, vá lá, privilégio. Reconheço a importância daquele ente na cultura local. Como reconheço a importância do cristianismo — ou, como querem alguns, do catolicismo — na cultura nacional. Nos dois casos, não vejo ameaça à laicidade do estado.

Ocorre que está em curso uma prática que tem eixo político. E ela consiste, como se tornou comum neste governo e como é próprio do petismo, em subtrair direitos das chamadas maiorias para doá-los às minorias. Em vez do caráter universal da lei, os petistas estão sempre ocupados em transformá-las em instrumentos de supostas correções de injustiças. Escrevo “supostas” porque essa prática 1) não corrige coisa nenhuma; 2) serve apenas como instrumento para o partido fazer política. Ou me digam qual é a lógica: será que as religiões de origem africana, por serem uma minoria extrema no Brasil — e isso é inegável — devem ter direitos que serão vedados à maioria?

Covardia e oportunismo
Covardes e oportunistas, como se vê, eles são. Tudo obedece ao calendário eleitoral. Agora, Dilma não quer mexer no assunto. Ora, se estão realmente afinados com o sentimento do povo, por que não avançam?

Continua após a publicidade

Volto ao pastor Fonesca. Um dos traços que caracterizam a moderna sociedade brasileira é a tolerância religiosa. Do mesmo modo, o fato de haver mais de 40% de mestiços no Brasil evidencia a tolerância — à falta de expressão mais adequada — racial. Injustiças certamente remanescem, mas vinham sendo, são e serão corrigidas sem estimular o confronto, o ódio e a chamada “discriminação positiva”.

Dilma só recuou na questão dos terreiros porque a proposta expõe o caráter francamente discriminatório do suposto Programa Nacional de Direitos Humanos: para uns, perseguição; para outros, privilégios.

PS – O texto fala numa certa Pastoral Afro-Brasileira. Não me perguntem o que é porque não tenho a menor idéia. Vai ver o cristianismo passa a ser outra coisa quanto muda a cor da pele do crente… “Ah, você não reconhece que os negros, cristãos ou não, ainda não atingiram a mesma condição dos brancos?” Mais ou menos: reconheço que a esmagadora maioria dos negros não tem as mesmas condições da minoria dos brancos e partilham as mesmas dificuldades da maioria destes. Aliás, a maioria dos negros têm muito menos recursos do que uma minoria de negros. O mesmo se diga dos mestiços… Entenderam? A questão é primariamente social, não racial. E a resposta a essa equação não está na religião.

Quando a Igreja Católica faz uma Pastoral da Criança, não há dúvida de que exerce o amor cristão. Uma Pastoral Afro-Brasileira é só a evidência de uma igreja contaminada pelo discurso do confronto, que pretende jogar brasileiros contra brasileiros.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas 5,99/mês
DIA DAS MÃES

Revista em Casa + Digital Completo

Receba 4 revistas de Veja no mês, além de todos os benefícios do plano Digital Completo (cada revista sai por menos de R$ 9)
A partir de 35,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a R$ 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.