Defendi aqui, e alguns ficaram um tanto decepcionados, que o controle do tráfego aéreo continue subordinado à Aeronáutica, ainda que se pense uma forma – deve ser possível achar alguma – de elevar a remuneração de mão-de-obra tão especializada. Mas o ministro Waldir Pires (Defesa) quer, vejam só, “desmilitarizar” o setor porque, diz ele, assim é no resto do mundo. Bem, meus caros: leiam a entrevista que ele concede a Eliane Cantanhêde na
Folha deste domingo. Eu não tenho dúvida de que Pires está ajudando a jogar gasolina no incêndio. E também não tenho dúvida de que a “desmilitarização” do controle de vôo implicará a sua “cutização”. A partir daí, podem contar com ao menos uma crise por ano. Reproduzo a abertura da entrevista. Surgiu o epicentro da crise: o ministro da Defesa. “
Um novo órgão responsável pela área, como um departamento ou uma superintendência, ficaria sob o comando da Defesa, avisa o ministro. Mas ele confessa que não tem idéia de como seria o formato e quais mudanças exigiria. Um dos pontos cruciais desta mudança é a divisão do setor em dois sistemas, um de defesa aérea e outro de controle de tráfego aéreo, mas o ministro disse não considerar importante se isso será ou não oneroso. “Até que ponto dos rigores do financismo nós chegaremos, esquecendo a vida?” Apesar das reações irritadas da Aeronáutica com o formato sindical que Pires imprimiu às negociações com os controladores militares de vôo, cuja operação-padrão iniciada no dia 27 de outubro causou muitos atrasos e cancelamentos nos aeroportos do país, ele diz que convive muito bem com as Forças Armadas e nega haja uma crise em curso. “Não tem nenhum tipo de tensão, nem de constrangimento. Temos um relacionamento cordial. Eu sei o que eles pensam, e eles sabem o que eu penso.”
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