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Complexo do Alemão 1 — Conversas mostram bandidos falando de boca-de-fumo e moradores em clima de terror. Como antes. Como sempre. Algum leitor deste blog está surpreso?

Caros leitores, Só eu sei o quanto apanhei a cada vez que escrevi textos críticos aos supostos milagres perpetrados por Sérgio Cabral e José Mariano Beltrame nos morros do Rio. Leiam esta reportagem do jornal Extra. Escreverei daqui a pouco um post analisando a questão. Por Paulo Carvalho: Pela primeira vez desde que as forças […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 11h59 - Publicado em 16 Maio 2011, 19h29

Caros leitores,

Só eu sei o quanto apanhei a cada vez que escrevi textos críticos aos supostos milagres perpetrados por Sérgio Cabral e José Mariano Beltrame nos morros do Rio. Leiam esta reportagem do jornal Extra. Escreverei daqui a pouco um post analisando a questão.

Por Paulo Carvalho:
Pela primeira vez desde que as forças de segurança tomaram o Complexo do Alemão, há quase seis meses, uma família de trabalhadores abandonou o morro com medo de traficantes. A história que resultou na fuga de sete parentes do eletricista Wallace Moreira Amorim, de 31 anos, parece se passar no Alemão de antes da ocupação. Mas não é. Ela começou no início deste mês. Eram cerca de 21h30m do dia 4 de maio quando Wallace foi executado por dois traficantes na frente de um bar no Alemão. Motivo? Ele discutia com traficantes e viciados. Dois dias depois, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, esteve no complexo. Durante a visita, comunicações por rádio dos traficantes, ouvidas pelo EXTRA, mostraram que os bandidos monitoravam cada passo do ministro.

Nos dias seguintes, repórteres do EXTRA voltaram ao complexo, desta vez para gravar as trocas de mensagens. Nos diálogos, os traficantes falavam em bocas-de-fumo. É uma supresa, porque as autoridades garantem que a pacificação teria reduzido o comércio livre de drogas ao tráfico de formiguinhas. Neste caso, os bandidos passam drogas discretamente de mão em mão, como em qualquer lugar do mundo, mas não têm a audácia de montar um ponto fixo de vendas e, acintosamente, se comunicar por rádio.

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Fuzil desaparecido
Na sexta-feira, outra surpresa, que contradiz o discurso oficial de que o tráfico está desarmado: um fuzil do Exército sumiu e pode ter ido parar nas mãos dos bandidos, segundo admitem os próprios militares. Venda de drogas, presença de bocas-de-fumo, autoridades sendo vigiadas, execução. Parece o Alemão de antigamente.

Quando Jobim chegava ao Alemão, começavam a pipocar mensagens vindas por rádios comunicadores. “Atento, Fazenda”, “atividade na Canitar”. Era o tráfico monitorando o ministro. Nos dias seguintes, em conversas captadas pelos rádios, foi possível perceber ameaças do tráfico quando eles dizem “palmear” um carro da polícia. No jargão, isso significa atirar.

No dia da visita de Jobim, a tropa do Exército prendeu Róbson Pereira da Silva com R$ 6 mil e cadernos de contabilidade. O próprio comando da Força de Pacificação admitiu que aquele era o referente a venda de drogas numa boca-de-fumo na comunidade. As “formiguinhas”, pelo jeito, estão reorganizando o formigueiro.

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“Dizem que vão matar mais gente”
A violência e as ameaças dos traficantes obrigaram uma família inteira a se mudar. O eletricista Wallace Moreira #foi morto com 13 tiros quando bebia cerveja num bar, na Rua Idalgo. Ele estava acompanhado do irmão Cristiano, que sobreviveu. O crime, segundo testemunhas, foi cometido pelos traficantes Jota e Geleia. Os dois já estão sendo investigados pela Divisão de Homicídios. Fora da favela, a família continua recebendo ameaças de morte.

Os recados são passados por amigos que ainda moram na Nova Brasília. A casa onde Wallace praticamente nasceu e foi e criado já está à venda. No dia do ataque, Cristiano disse que chegou a pedir ajuda a soldados do Exército, mas não foi atendido. O mesmo descaso a família continua recebendo até hoje. Hellen, irmã das vítimas, disse que até agora nenhum representante dos militares os procurou para prestar assistência ou solidariedade. Isso acabou aumentando a insegurança da família, que decidiu se mudar: “Continuamos com muito medo. Eles dizem que vão matar mais gente da família. Como vamos voltar para nossa casa? A vontade de Wallace era sair de lá, mas não deu tempo”.

“Importante é que tiramos as armas”
Na posse de troca de comando da Força de Pacificação ocorrida na última quinta-feira, o governador Sérgio Cabral chegou a admitir que a venda de drogas ainda existe dentro do Alemão. Mas preferiu usar o mesmo discurso de outras autoridades, o de que o comércio está apenas varejista, no estilo “formiguinha”. “Nós temos venda de drogas no Alemão, em Ipanema e em qualquer lugar do Rio. O importante é que retiramos as armas lá de dentro e demos tranqüilidade à população”, argumentou Cabral. O Comando Militar do Leste (CML) foi procurado durante toda a semana para falar sobre o fato, mas não retornou os pedidos.

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Com relação à morte do eletricista, o CML se limitou a informar que uma sindicância havia sido aberta e que a Força de apoio da Divisão de Homicídios, estava investigando o caso. Ontem, os rádios de comunicação estiveram mudos na comunidade. A presença maciça do Exército, por causa da corrida, parece ter forçado uma trégua. Até quando, é difícil dizer.

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