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Reinaldo Azevedo

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Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura

Comissão da OAB quer censurar um quadro em nome da suposta defesa dos negros. É uma afronta à Constituição!

É espantoso o que leio numa reportagem da Folha. Eis a evidência mais escancarada de que o chamado pensamento politicamente correto é, na verdade, uma forma de censura. Qual é o caso? No Fórum Criminal da Barra Funda, em São Paulo, há um quadro, de autor desconhecido, em que um negro aparece açoitando outro, no […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 04h14 - Publicado em 17 mar 2014, 22h53

É espantoso o que leio numa reportagem da Folha. Eis a evidência mais escancarada de que o chamado pensamento politicamente correto é, na verdade, uma forma de censura. Qual é o caso?

No Fórum Criminal da Barra Funda, em São Paulo, há um quadro, de autor desconhecido, em que um negro aparece açoitando outro, no tronco, com uma multidão à volta. Pois não é que a Comissão de Igualdade Racial da Ordem dos Advogados do Brasil encaminhou um ofício cobrando que a obra seja retirada da galeria?

quadro censurado

Segundo a presidente do grupo, Carmen Dora de Freitas Ferreira, o quadro reforça “o estereótipo e o preconceito enrustidos em muitas pessoas, que ainda nos dias atuais, têm a ousadia de se referir ao negro ou à negra afirmando ‘vou te colocar no tronco’”.

Não, dona Dora! A senhora está errada! Está estupidamente errada! Aquela obra de arte que está lá retrata uma parte da história brasileira. O que a senhora quer? Esconder o que houve no Brasil, por mais dramático que tenha sido? O que incomoda tanto? O fato de que um negro está a açoitar o outro? Pois saiba que isso era comum.

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O trabalho de capitães do mato, por exemplo, que perseguiam escravos fugidos, era exercido por ex-cativos, que haviam obtido ou comprado a alforria. Muitas vezes, os senhores obrigavam, sim, negros a açoitar negros.

A galeria em que fica o quadro é mantida pela Acrimesp (Associação dos Advogados Criminalistas do Estado de São Paulo), que classificou o pedido de censura, mas se comprometeu a substituir o quadro. Ora, se é assim, então a Acrimesp vai compactuar com a… censura.

Vejam o quadro “Retirantes”, de Cândido Portinari.

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retirantes

Eis a expressão da fome, da miséria, da tristeza, da falta de perspectiva e de futuro. Será que os nordestinos deveriam se sentir ofendidos? Do mesmo autor, “Lavrador de Café”, em que se dá destaque a um negro forte, sim, mas com os pés descalços — e não com a altivez que pede o discurso militante.

Lavrador de Café

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O discurso estético não deve ser tomado como manifesto político e tem de ser visto à luz do tempo em que foi produzido. Ou será que, agora, o negro na obra de arte terá de se parecer sempre com o “Django”, de Tarantino? Vamos mandar para a fogueira, deixem-me ver, Machado de Assis — além claro, de Monteiro Lobato?

Segundo a OAB, o pedido da comissão “não representa posicionamento da entidade, uma vez não houve deliberação da diretoria ou do Conselho Seccional da OAB-SP nesse sentido”.

O presidente da OAB-SP, Marcos da Costa, classificou, no entanto, a preocupação de “compreensível”. Depende. O que é compreensível? O combate ao racismo é, entre outras coisas, uma obrigação moral. Patrulhar uma obra de arte em nome de uma causa é não apenas incompreensível como é inaceitável. Isso é censura, o que é repudiado pela Constituição Brasileira. E o mínimo que eu espero da OAB é que defenda a Carta Magna do país. 

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